Colunista Vitreo

Pré-Mercado: Na expectativa para o importante documento americano

01 jun 2022, 8:58 - atualizado em 01 jun 2022, 8:58
Todo mundo de olho no Livro Bege do Fed | A Rede Social (2010)

Bom dia, pessoal!

Lá fora os dados enfraquecidos de PMI de manufatura da Ásia e do Pacífico, combinados com um fechamento em queda de Wall Street ontem (31), fazem com que a maioria dos mercados asiáticos negociem hoje (1º) no vermelho (ignorando a alta nos futuros de índices americanos nesta manhã). Os mercados europeus, por sua vez, tentam sustentar o otimismo moderado, ainda que timidamente, depois de dados estagflacionários e com a Rússia cortando o fornecimento de gás natural para Dinamarca, Holanda e um pequeno importador na Alemanha.

De pano de fundo, os investidores lidam com as vendas no varejo da Alemanha mais fracas do que o esperado em abril, o corte de impostos por parte dos EUA sobre o aço do Reino Unido e a expectativa para as falas de autoridades monetárias ao redor do mundo. Bem como a divulgação do Livro Bege do Fed contendo as perspectivas sobre as condições econômicas que conduzirão a próxima reunião de política monetária, marcada para 14 e 15 de junho. O Brasil pode inaugurar o mês se descolando da realidade internacional, como fez ontem.

A ver…

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E Brasília insiste em permanecer no radar

Sem se importar muito com a possibilidade de desestatização ou fatiamento da Petrobras, o mercado brasileiro segue atento às discussões fiscais e inflacionárias dentro do Congresso. Hoje, por exemplo, a Comissão Mista de Orçamento (CMO) vai se reunir para definir a pauta de votações e os relatores setoriais da Lei Orçamentária Anual de 2023 — a LOA estima a receita e fixa a despesa do exercício financeiro e precisa ser enviada ao Congresso até o dia 31 de agosto.

Enquanto isso, a Câmara também aprovou urgência em dois requerimentos: i) o projeto de lei que direciona para uma conta temporária o valor que as distribuidoras de energias precisam repassar aos consumidores por terem cobrado tarifas indevidamente com o ICMS na base do PIS/Cofins (de modo a diminuir as tarifas por cinco anos); e ii) o projeto que determina a divulgação da composição dos preços praticados pela Petrobras de derivados de petróleo.

Sobre este segundo ponto, a companhia terá que divulgar mensalmente os custos internos de extração (lifting cost), de refino, da realização da Petrobras (custos de produção mais markup), dos tributos incidentes e quaisquer outras informações que influenciam diretamente o preço dos derivados de petróleo. A expectativa é que, com a urgência, a lei possa ser votada ainda nesta semana, a depender do humor da Câmara, uma vez que o tema é delicado.

Um mercado volátil

Os índices de ações caíram para encerrar um mês de maio bastante volátil. O S&P 500 encerrou o mês com alta de 0,01%, o Dow Jones Industrial Average com alta de 0,04% e o Nasdaq com queda 2,1%. A estabilidade no S&P e no Dow escondem bem os altos e baixos do mês. O problema é que, enquanto a discussão monetária continuar nos EUA, a volatilidade não deve cessar.

Por isso, hoje, será importante acompanharmos a divulgação pelo Federal Reserve de seu Livro Bege, que contém as perspectivas econômicas por parte do Fed. Naturalmente, parte do documento deve ser cuidadosamente encenada de modo a apresentar certa imagem. Mais importante talvez seja a noção argumentada sobre o mercado de trabalho e da consequente espiral de salário, que pressiona a inflação.

De olho no preço do petróleo na véspera da reunião da Opep+

Ontem, tivemos quedas nos preços do petróleo depois que o barril saltou para um valor acima de US$ 120, repercutindo as notícias de que a União Europeia imporia um embargo de petróleo à Rússia — a medida proibirá a grande maioria das importações de petróleo da Rússia até o final deste ano, excluindo o petróleo que chega por oleoduto.

Mesmo com a queda de ontem, a alta de maio traz os preços do petróleo de volta aos níveis vistos no início de março, logo após a invasão da Ucrânia pela Rússia. O petróleo West Texas Intermediate (WTI) negocia por volta de US$ 116 o barril, enquanto o Brent atinge novamente US$ 117. Os contratos subiram mais de 10% em maio, acumulando mais de 50% de alta no ano.

A notícia é boa para as empresas produtoras de petróleo, mas não para o resto da economia. Os preços mais altos do petróleo alimentam a inflação, por meio dos custos de produção e transporte de mercadorias. O pico mais recente pode prejudicar as recentes esperanças de que tenhamos atingido um pico de inflação nos EUA — os consumidores gastando mais com menos coisas, destruindo a demanda.

Anote aí!

Na Zona do Euro, contamos com a taxa de desemprego de abril e a fala do economista-chefe do BCE, Philip Lane, bem como da presidente do BCE, Christine Lagarde, que faz parte de um painel global de banqueiros centrais sobre sustentabilidade. Nos EUA, contamos com a pesquisa de vagas de emprego e rotatividade de trabalho — os números mais importantes estão marcados para sexta-feira (3). Há também o Índice de Gerentes de Compras de Fabricação para maio. No Brasil, esperamos as falas do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Muda o que na minha vida?

Estaria a inflação ancorada no passado? Basicamente, haveria duas maneiras pelas quais a inflação de preços ao consumidor é influenciada pelo passado e não pelo presente. Isso porque a taxa de inflação anual diz tanto sobre os preços de um ano atrás quanto sobre os preços de hoje.

Por exemplo, a inflação de hoje está comparando os níveis de preços em uma economia fechada com uma economia normalizada. Isso é um problema, pois os preços em uma economia em lockdown eram baixos e o cálculo dependia muito de suposições em alguns setores. Além disso, a cesta de preços ao consumidor de bens é criada usando hábitos de consumo passados. A pandemia e o choque nos preços da energia levaram a mudanças dramáticas no que compramos. 

A natureza retrospectiva da inflação significa que, embora os preços obviamente tenham subido, o poder de compra do consumidor pode ser um pouco mais forte do que a inflação de preços ao consumidor sugere. Justamente por isso o Fed prefere o PCE, que captura melhor eventuais mudanças no padrão de consumo. Segundo o último dado, de fato estamos flertando com o pico da inflação.

Um abraço,

Jojo Wachsmann.

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