Pré-Mercado: Mais do mesmo… inflação, política monetária e guerra na Ucrânia
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Bom dia, pessoal!
Lá fora, algumas leituras cruciais sobre a China chegarão nesta semana para os investidores digerirem, com atualizações sobre as tendências de oferta e demanda da economia global — hoje (21), os mercados asiáticos encerraram o pregão sem grande animação, com os principais nomes sem uma direção única.
Na Europa, o tom é predominantemente positivo, enquanto os futuros americanos, por sua vez, enveredam por uma tímida queda nesta manhã. A semana reserva o evento anual da Nvidia, relevante para o setor de tecnologia, bem como a atualização da vacina da Moderna, marcada para o final da semana.
Caso consigamos eliminar os ruídos que tanto poluíram a semana passada, poderemos voltar a flertar aqui no Brasil com um descolamento positivo dos ativos internacionais, bastante estressados pelo contexto de inflação, política monetária e guerra na Ucrânia. Em sendo o caso, novos períodos como janeiro seriam possíveis.
A ver…
Na espera da ata do Copom (amanhã, apenas)
Voltaremos a nos preocupar nesta semana com a inflação brasileira. Os próximos dias são marcados por eventos importantes relacionados a ela, em especial a ata do Copom da semana passada, marcada para amanhã (22), que poderá nos revelar mais sobre os bastidores do encontro do BC responsável por um comunicado tão confuso.
Não só isso. Também contaremos com o Relatório Trimestral de Inflação, na quinta-feira (24), e a inflação prévia oficial, o IPCA-15, na sexta-feira (25). A ideia é que, caso o petróleo se acomode nos próximos meses ao redor de US$ 100 por barril, apesar dos estresses, o preço dos combustíveis poderá ficar mais estável.
O movimento seria ideal para o plano do BC de ancorar as expectativas de inflação, que ficaram bastante instáveis nas últimas semanas, ao passo que a guerra na Ucrânia escalava e as pressões nos preços internacionais ficavam mais evidentes. Os investidores, porém, não podem se enganar: a saída para o Brasil não é trivial.
Os desencontros dos banqueiros centrais com suas respectivas equipes
Nota-se um claro descompasso entre os membros no interior das autoridades monetárias ao redor do mundo. Tomemos os EUA como exemplo. Diferentemente do que Powell quer nos passar, neste momento, alguns Fed boys já cogitam a chance de um aperto mais agressivo do juro — será importante conferir os comentários de Powell, que participa de evento hoje e volta a falar na quarta-feira (23).
O Fed tem sido ambíguo no equilíbrio entre inflação de preços e queda de crescimento. Por isso, o mercado sente que uma retórica forte é necessária para conter as expectativas salariais, instáveis nas últimas semanas; para que isso funcione, pressupõe que os membros do Fed passem a agir mais compassadamente.
As falas das autoridades nos próximos dias serão muito importantes, alinhando as expectativas depois dos encontros das últimas semanas na Europa e nos EUA. Hoje, por exemplo, há vários oradores dos bancos centrais, incluindo a presidente do BCE, Christine Lagarde — os europeus têm sido os mais permissivos com a inflação.
Guerra é paz?
As últimas notícias dão sinais de esperança para encerrar o conflito com a Ucrânia, mas isso já acontece desde que a guerra começou, então ninguém mais dá muita bola para “sinalizações positivas”, uma vez que elas são sempre desmentidas por um dos lados — as tentativas frustradas anteriores de diálogo dão pouca segurança.
No final de semana, a Turquia parecia otimista sobre as negociações de paz, mas a luta continua e o governo ucraniano recusou as exigências da Rússia de que o porto de Mariupol fosse entregue — não adianta falar que houve progresso e depois indicar chance de terceira guerra mundial em entrevista, como fez o presidente ucraniano.
Atualmente, a desaceleração do crescimento continua a ser o resultado mais provável da guerra, ao mesmo tempo que gera pressão de preços — os preços mais altos das commodities farão com que os consumidores reduzam a demanda de outros produtos e serviços. O flerte com o cenário estagflacionário é negativo para o mercado.
Anote aí!
Lá fora, investidores europeus digerem a inflação de preços ao produtor alemão de fevereiro, que foi ligeiramente inferior ao consenso, mas que ainda não refletiu os impactos da guerra. Na Suíça, o diretor-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, participa do Fórum Global de Cadeias de Suprimentos, podendo dar perspectivas da instituição para esta questão nos próximos anos. No Brasil, temos o tradicional Boletim Focus agora de manhã e a Balança Comercial semanal, sem falar de mais divulgação de pesquisa sobre sucessão presidencial.
Muda o que na minha vida?
A invasão da Ucrânia por Vladimir Putin enviou um alerta para os países europeus que deixaram seus militares definharem nas últimas três décadas, desde a queda do muro de Berlim e a expansão da OTAN. Agora, depois da guerra, a história parece diferente.
A Alemanha, por exemplo, que deixou sucateadas suas forças armadas nos últimos anos, voltou a prestar atenção nisso. O governo disse que comprará 35 caças F-35 e 15 Eurofighters para substituir sua frota de jatos. É o primeiro grande acordo do país desde o anúncio dos investimentos nas forças armadas, no valor de US$ 112 bilhões.
Mais de 20% do armamento principal da Alemanha não está pronto para o combate e apenas 40% de seus helicópteros estão disponíveis para implantação, o que prova a tese do sucateamento — a Alemanha não cumpria a promessa à OTAN de gastar 2% do PIB em defesa. Putin mudou tudo isso.
Outros países europeus estão fazendo o mesmo. A Suécia (não OTAN) disse que aumentaria os gastos militares para 2% do PIB o mais rápido possível. A Dinamarca pretende atingir 2% do PIB em gastos com defesa até 2033. E os EUA, que planejavam reduzir seus gastos militares, voltaram a expandi-los.
É uma nova corrida armamentista que se inicia, com potenciais desdobramentos para o universo tecnológico, neste caso. Não nos surpreenderia ver uma evolução nos investimentos em segurança cibernética também, o que tornará mais robusta a segurança das redes nos próximos anos.
Um abraço,
Jojo Wachsmann