Colunista Vitreo

Pré-Mercado: Já temos sinais de um rali de final de ano?

12 nov 2021, 9:52 - atualizado em 12 nov 2021, 9:52

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Bom dia, pessoal!

Nesta manhã, pelo menos por enquanto, os futuros de ações nos EUA apontam para ganhos modestos, liderados por ações de tecnologia, em processo de recuperação depois da correção de quarta-feira (10), quando os dados de inflação dispararam os rendimentos do Tesouro.

Na Ásia, nesta sexta-feira (12), os mercados de ações subiram acompanhando o desempenho de ontem dos índices de Wall Street.

Sinais de que o problemático grupo imobiliário chinês Evergrande voltou a evitar um calote seguem melhorando o sentimento em Wall Street.

Por falar em Ásia, na China, uma importante reunião do Partido Comunista terminou com uma resolução preparando o cenário para que o presidente Xi Jinping permaneça líder por toda a vida.

Os líderes do partido elogiaram o papel de Xi na ascensão do país como uma potência econômica e estratégica, colocando-o ao lado das figuras mais importantes do partido, como Mao Zedong.

A Europa abre o pregão sem um sentido uníssono, mas predominantemente em viés negativo. Nos últimos dias, o Brasil tem conseguido se descolar de um humor um pouco mais cauteloso no exterior e talvez hoje sigamos assim.

Há um cheiro de rali de final de ano no ar – preparem-se, os ativos brasileiros estão em liquidação e sendo cortejados pelos gringos novamente, tamanho o desconto criado.

A ver…

Expectativa de serviços está um pouco melhor do que de varejo

Se ontem (11) os dados do varejo frustraram bastante a expectativa dos investidores, mas sem atrapalhar a alta da Bolsa, hoje continuamos com a bateria de dados econômicos, desta vez do setor de serviços, que também testará o fôlego da inflação.

Sobre o varejo, o mês de setembro entregou queda de 5,5% na comparação anual, bem abaixo do piso das expectativas, que apontavam para 2% de contração.

Para esta sexta-feira, a mediana das estimativas indica alta de 13,5% dos serviços contra o mesmo período do ano passado.

Os dados de hoje poderão confirmar a tese já testada como fidedigna no exterior de que o consumidor esteja deslocando para esse setor as compras retraídas de bens.

Quanto mais forte for o número, maior será o temor de renovadas pressões inflacionárias para 2022, o que voltaria a pressionar a curva de juros, a qual vem se acomodando nos últimos dias – depois de estressar, voltamos ontem a projetar uma alta de 150 pontos-base na última reunião do Copom, marcada para dezembro.

Além disso, na agenda, o Supremo Tribunal Federal retoma julgamento sobre alíquotas diferenciadas de ICMS para energia e telecomunicações.

Enquanto isso, o presidente Jair Bolsonaro viaja para o Oriente Médio, onde participará, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, da Expo Dubai.

Voltando a apontar para cima

Após o susto de quarta-feira da inflação dos EUA, quando os preços ao consumidor mostraram uma alta de 6,2% na comparação anual, o patamar mais alto de crescimento dos preços em três décadas, voltamos a ver os índices de ações americanos subindo.

As ações de tecnologia, em particular, na ausência do mercado de títulos durante o feriado do Dia dos Veteranos de Guerra, encontravam-se entre as que estavam em melhor situação.

Isso porque o mercado assimilou que os temores de que o Federal Reserve pudesse ter que agir mais rápido e agressivamente para conter a inflação eram infundados.

Tal sentimento machucou em particular as ações de tecnologia, uma vez que apertos monetários são especialmente difíceis para empresas orientadas para o crescimento, que devem ganhar a maior parte de seus fluxos de caixa anos no futuro – uma taxa de desconto mais alta faz com que o valor presente desses lucros seja menor.

O tema da semana: a inflação no mundo

As preocupações com os preços descontrolados estão aumentando depois de o índice de preços ao consumidor ter subido 6,2% na comparação anual nos EUA e os preços ao produtor avançarem 13,5% contra o mesmo período do ano passado na China (a inflação mais alta desde 1995).

No Brasil, entregamos 10,67% de inflação nos últimos 12 meses, o que tem indicado fatores bem menos transitórios para o aumento de preços do que se pressupunha.

Com isso, os políticos notaram a inflação, mesmo que o eleitorado médio esteja menos preocupado estruturalmente com os patamares de preços do que estaria no passado – ainda assim, para as classes mais baixas, a inflação é um dragão indomável que prejudica a manutenção do padrão de vida.

A inflação não vai desaparecer das manchetes tão cedo, em meio à temporada de compras de fim de ano e com consumidores cheios de dinheiro e dispostos a gastar.

Anote aí!

Na temporada de resultados americana, a AstraZeneca divulga resultados trimestrais. Fora isso, ainda nos EUA, dois indicadores chamam atenção:

i) a Universidade de Michigan divulga seu índice de confiança do consumidor para outubro, com a estimativa de consenso apontando para uma leitura um pouco mais alta do que a de setembro; e

ii) a entrega da pesquisa de vagas de emprego e rotatividade de mão de obra amanhã – dados de emprego sempre são relevantes.

Enquanto isso, no Brasil, além dos dados do setor de serviços, destaque no dia de hoje, contamos também com o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) de novembro, da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Haverá debate entre os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), que disputam as prévias do PSDB, e também participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em seminário na capital de Portugal.

Muda o que na minha vida?

O presidente dos EUA, Joe Biden, parece estar levando a sério a possibilidade de encontrar alguém para substituir Jerome Powell como chefe do Federal Reserve – o mandato do atual presidente do banco central americano acaba em fevereiro do ano que vem.

De acordo com um relatório da Bloomberg, a diretora do Fed, Lael Brainard, foi entrevistada para o cargo quando visitou a Casa Branca na semana passada. Devemos ter a decisão do presidente americano já nas próximas semanas.

Brainard é a única democrata no conselho de diretores do Fed e o único membro não nomeado por Trump, tendo se oposto a Powell em várias ocasiões, inclusive em questões de supervisão e regulamentação de grandes bancos.

Adicionalmente, a economista encontrou um caminho para lidar com a mudança climática por meio da missão de estabilidade financeira do Fed e defendeu tornar o sistema financeiro mais inclusivo, sendo também vista como uma aposta segura que daria continuidade à política de taxas de juros de Powell.

Mesmo que ela não seja indicada como presidente, há uma boa chance de Brainard ser apontada como vice-presidente de supervisão, o que daria maior influência sobre o sistema bancário do país e teria uma quantidade razoável de autonomia para atuar.

O mercado financeiro global foi totalmente norteado nos últimos 20 meses pelos estímulos e políticas do Fed; logo, a troca de comando da autoridade monetária é fundamental para entendermos para onde caminharemos nos próximos anos.

Um abraço,

Jojo Wachsmann

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