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Pré-Mercado: Já pensando no feriado? Pode parar, pois a agenda está lotada

14 abr 2022, 8:30 - atualizado em 14 abr 2022, 8:30
Não pare de pedalar! Mesmo na véspera do feriado, ainda temos muito a fazer… | E.T. O Extraterrestre (1982)

Bom dia, pessoal!

Hoje, na véspera do feriado de Sexta-Feira Santa, que fecha os mercados por aqui, nos EUA e na Europa, a agenda está carregada de eventos e indicadores, em especial no contexto internacional. Por enquanto, as Bolsas europeias operam próximas da estabilidade, na expectativa pela reunião do Banco Central Europeu. A incerteza também pode ser verificada nesta manhã sobre os futuros americanos, que aguardam pacientemente a continuidade da temporada de resultados.

Na Ásia, as ações sustentaram predominantemente alta, diante das novas insinuações de que a China afrouxaria ainda mais a política monetária. Espera-se que o Banco Popular da China reduza a taxa de juros na sexta-feira, a segunda vez que o faria em 2022 (o banco central também pode reduzir a taxa de compulsório em breve, já que os lockdowns para conter o mais recente surto de Covid-19 do país afetaram a economia).

A ver…

Cabe no Orçamento?

No Brasil, depois de quarta-feira (13) marcar a primeira alta do Ibovespa desde 7 de abril, investidores se debruçam sobre a apresentação pelo Ministério da Economia do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2023 (PLDO/2023), que já deve desenhar um pouco mais as expectativas para o quadro fiscal depois de um ano estagflacionário como o de 2022 (poderemos ter novidades, como o reajuste de 5% para todos os servidores federais a partir do mês de julho) — haverá efeito disso sobre a curva de juros.

Sem agenda local de indicadores, contamos com o leilão do Tesouro para animar o dia. Ainda hoje, a Aneel inicia consulta pública sobre reajuste nos valores das bandeiras tarifárias (propõe aumento de 56% às bandeiras amarela e vermelha 1, a partir de junho deste ano) — vale lembrar que a partir do dia 16 voltamos à bandeira tarifária verde pelo menos até o final de 2022, reduzindo a conta de luz e gerando efeito desinflacionário. Fora isso, ainda acompanhamos as movimentações sobre a greve dos servidores públicos em Brasília por reajuste salarial (mais pressão fiscal).

Depois da inflação, temos as vendas no varejo

Nos EUA, ontem, os dados de inflação não deixaram de surpreender. O índice de preços ao produtor subiu 1,4% em março, para um ganho colossal de 11,2% na comparação anual, bem acima da mediana das expectativas (10,5%) e o maior da série histórica — o indicador núcleo, que exclui itens mais voláteis, subiu 9,2% em 12 meses e 1% contra fevereiro de 2022 (também acima do esperado). Os efeitos da guerra na Ucrânia, sentidos pelos preços mais altos das commodities, são evidentes.

Agora, porém, investidores devem focar seus esforços na apresentação das vendas no varejo americano em março. As expectativas são de alta de 0,6% em relação ao mês anterior, ante alta de 0,3% em fevereiro (excluindo automóveis, os gastos devem crescer 1,0%, ante 0,2% no período anterior) — o estoque de poupança pandêmica de muitas famílias de baixa renda foi gasto, o que significa que a demanda se normalizou. 

Prontos para a decisão do BCE?

Na Zona do Euro, espera-se que o Banco Central Europeu (BCE), o mais flexível dos bancos centrais das nações desenvolvidas, confirme o fim da política quantitativa (compra de ativos na economia, injetando liquidez na veia) — a tradicional coletiva da presidente do BC, Christine Lagarde, também é aguardada. 

O motivo? A guerra na Ucrânia não aumentou a demanda por liquidez, podendo, na verdade, de fato, tê-la reduzido na medida em que os níveis de poupança diminuem (o que também reduz a necessidade de oferta de liquidez por parte do BC). A decisão do BCE, porém, não é trivial, sendo que deverá escolher entre crescimento e inflação (atualmente, os preços já afetam o crescimento ao reduzir a disponibilidade de renda). 

Sobre a guerra, a União Europeia alertou seus estados membros que a exigência do presidente russo, Vladimir Putin, de que “países hostis” paguem pelo gás russo em rublos violaria as sanções (a demanda dos russos dificilmente será acatada). Sem o pagamento em rublos, Putin ameaçou interromper o fornecimento de gás aos compradores, o que prejudicaria enormemente a Europa, gerando falta de energia e mais inflação de preços.

Anote aí!

Nos EUA, fora os números de varejo, contamos com os dados e preços de exportação e importação para março, bem como falas de autoridades monetárias, como o presidente regional do Fed, John Williams. Há também a pesquisa de opinião do consumidor para abril, mas esta é menos relevante.

Enquanto a temporada de resultados pega fogo em solo americano e o mercado de trabalho reporta pedidos de auxílio-desemprego, a Zona do Euro acompanha a decisão do BCE (seu vizinho, a Turquia, anuncia taxa de juros hoje). Por aqui, sem muita coisa para acompanharmos, os investidores ficam atentos a alguns eventos ao longo do dia com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Muda o que na minha vida?

Nos EUA, em sua temporada de resultados, depois de JPMorgan ontem, contamos hoje com nomes como Citigroup, Goldman Sachs, Morgan Stanley, State Street, Taiwan Semiconductor Manufacturing, UnitedHealth Group, U.S. Bancorp e Wells Fargo.

O JPMorgan Chase foi destaque negativo ontem: o maior banco dos EUA reportou lucros mais fracos do que o esperado (o lucro líquido caiu 42% na comparação anual, para US$ 8,3 bilhões) no primeiro trimestre e alertou os investidores para esperarem muita volatilidade do mercado nos próximos meses. O presidente do banco ainda se mostrou otimista com o curto prazo, mas não negou temer os desafios geopolíticos e monetários. 

Agora, os investidores acompanham os demais bancos americanos, de modo a saber se o que aconteceu com o JPMorgan vai acontecer com mais nomes (início fraco de temporada de resultados não costuma ser prenúncio de coisa boa); afinal, o aperto da política do Federal Reserve tende a ser um empecilho para os lucros e o crescimento para a maioria das empresas.

Os bancos, por outro lado, estão entre as poucas empresas que poderiam se beneficiar (não necessariamente) de taxas de juros mais altas, uma vez que ganha dinheiro cobrando juros. Contudo, se houver recessão, ninguém toma crédito no final do dia, então mais juros não seriam tão bons assim.

Um abraço,

Jojo Wachsmann

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