Pré-Mercado: Investidores estão aliviados com Powell no Fed por mais 4 anos
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Bom dia, pessoal!
No exterior, os mercados asiáticos tiveram uma terça-feira (23) mista, encerrando o pregão sem uma única direção, após correção dos índices americanos em Wall Street no dia de ontem (22).
Ainda assim, ao que tudo indica, os participantes do mercado parecem aliviados ao saber que o presidente Joe Biden nomeará Jerome Powell para um segundo mandato de quatro anos no comando do Federal Reserve.
A inflação, porém, não é só um problema dos EUA, mas, sim, de diferentes partes do mundo.
No Brasil, por exemplo, muitos investidores já enxergam uma inflação de 10% ao final deste ano, bem como algo próximo ou acima do teto da meta para 2022, o que seria bastante negativo.
Além disso, o noticiário político segue no radar, com risco de novas mudanças na PEC do Precatórios.
A ver…
Ninguém sabe para onde vai
A chance de um Auxílio permanente de R$ 400, em vez de um temporário, e a elevação do espaço fiscal da PEC para R$ 106 bilhões, pressionaram a curva de juros e a Bolsa brasileira, que já está há alguns dias em território técnico de “bear market” (queda de 20% da última máxima).
As atenções estão sobre a proposta que trata dos precatórios, a qual deverá ter sua versão final do parecer do relator apresentada amanhã (24) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
Ela deverá ser votada na comissão na quinta-feira (25) e em plenário na semana que vem.
Hoje (23), destaque para o comparecimento do presidente da Petrobras a uma audiência do Senado para explicar a política de preços da companhia, bem como a participação de Guedes em audiência da Câmara para falar de suas contas no exterior (mais ruído do que sinal).
Nesta terça-feira, também temos a votação do novo marco legal do mercado de câmbio, que abre espaço para instituições financeiras brasileiras investirem no exterior recursos captados no País ou no exterior, além de facilitar o uso do real em transações internacionais.
I’ve got the Powell!
Ontem (22), só se falava sobre uma coisa nos mercados estrangeiros. Após meses de espera, o presidente Joe Biden fez sua escolha para o cargo de presidente do Federal Reserve.
O status quo venceu e Jerome Powell recebeu o aceno da Casa Branca para um segundo mandato de quatro anos. Lael Brainard, a outra economista cotada para a vaga, deverá assumir a função de vice-presidente da autoridade.
A renomeação de Powell significa que o Fed tem um caminho claro para seu aperto monetário.
O mercado futuro agora precifica uma chance de 77% de pelo menos um aumento nas taxas até a reunião de junho de 2022 e os investidores veem até 22% de chance de quatro aumentos nas taxas até o final do ano que vem.
Nosso entendimento, entretanto, ainda é de apenas redução do patamar de compra até metade do ano que vem, com chance de alta dos juros somente no segundo semestre.
Para acertar tal expectativa, no entanto, vale prestar atenção na ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), a ser divulgada nesta semana.
O aviso de Biden se deu na semana do Dia de Ações de Graças, tradicionalmente com menor volume do que a média.
Historicamente, a semana da Black Friday teve em média uma alta de 0,60% para o S&P 500, com os melhores retornos chegando na quarta-feira e na Black Friday.
Pandemia no radar
A pandemia está recebendo atenção diante do número de casos crescente nos EUA antes do feriado de Ação de Graças.
O medo do vírus é substancialmente menor do que no ano passado, mas as restrições prejudicam as perspectivas de crescimento econômico.
A Áustria e a Alemanha passaram a fazer parte do grupo de países que voltaram com restrições.
Nesta rodada, porém, formas adaptadas para lidarmos com a pandemia devem ser mais adotadas.
O modelo de trabalho híbrido é um exemplo disso, uma vez que faz o uso mais eficiente do estoque de capital, imóveis e infraestrutura de transporte.
Se conseguirmos nos proteger do vírus enquanto ainda aumentamos o tamanho e a produtividade da força de trabalho, teremos atingido uma situação de ganha-ganha.
Anote aí!
O calendário de dados digere hoje (23) os índices de atividade nos EUA, Zona do Euro, Alemanha e Reino Unido.
Fala de autoridade monetária na Inglaterra poderá dar mais detalhes sobre a atuação do BC frente a inflação dos países desenvolvidos.
Nos EUA, os índices dos gerentes de compras de manufatura e serviços de novembro também são esperados – ambos não estão em seus picos de 2021, mas ainda estão mais elevados do que os níveis de um ano atrás.
No Brasil, na falta de uma agenda econômica relevante, atenção para o IPC-S da 3ª quadrissemana de novembro, ao passo em que nos aproximamos de mais uma reunião do nosso Banco Central, marcada para o início de dezembro.
A programação de Brasília é relevante, com as audiências do ministro da Economia e do presidente da Petrobras como dois dos destaques.
Muda o que na minha vida?
Agora que o pacote de infraestrutura foi aprovado pelo Congresso, as atenções estão se voltando para outras prioridades, como o teto da dívida.
A secretária do Tesouro, Janet Yellen, está alertando que o governo poderá ficar com recursos insuficientes para continuar financiando suas atividades após 15 de dezembro, enquanto uma paralisação já pode ocorrer a partir de 3 de dezembro.
Recentemente, o Congresso aprovou uma extensão do limite da dívida do país e, desde então, o Tesouro tem usado as chamadas medidas extraordinárias para ajudar a financiar o governo.
No entanto, o novo projeto de infraestrutura aprovado nos últimos dias exigirá novas obrigações de pagamento do Tesouro.
Com isso, é fundamental que o Congresso aumente ou suspenda o limite da dívida o mais rápido possível.
É relevante porque a dívida soberana (de aproximadamente US$ 21 trilhões) dos EUA é geralmente considerada a mais segura e mais líquida de se possuir no mundo, e todos os tipos de instrumentos e processos do mercado financeiro foram atrelados a esse entendimento.
Se isso fosse interrompido, a credibilidade dos EUA poderia ser danificada em todo o mundo, provocando efeitos catastróficos como uma crise financeira
Um abraço,
Jojo Wachsmann