Colunista Vitreo

Pré-Mercado: Inflação — o inimigo a ser vencido

02 fev 2022, 9:08 - atualizado em 02 fev 2022, 9:08
Não podemos comemorar vitória antes da hora / Munique – No Limite da Guerra (2021)

Oportunidades do dia

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Bom dia, pessoal!

Depois de muita expectativa, finalmente chegamos à quarta-feira que contará com a conclusão do Comitê de Política Monetária (Copom).

Os investidores locais devem se preparar para o comunicado, que se dará após o fechamento de mercado, enquanto continuam acompanhando a temporada de resultados.

A agenda doméstica, portanto, é bastante relevante, o que não tira peso do contexto internacional.

Lá fora, os mercados asiáticos seguem com menor liquidez devido ao feriado. Entre as Bolsas que estavam abertas hoje, nota-se uma predominância de tom positivo.

A Europa persegue certo otimismo nesta manhã, bem como os futuros americanos, em especial do Nasdaq, que reage aos bons resultados de ontem após o mercado.

O desempenho positivo até aqui é animador.

A ver…

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Qual será o tom do Bacen?

Na manhã da quarta-feira (2), antes do Copom anunciar sua decisão, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deverá apresentar os dados da produção industrial referentes ao mês de dezembro, sendo que as previsões apontam para um crescimento de 1,7% em relação a novembro.

Ainda assim, o grande destaque do dia será a conclusão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que anunciará a taxa básica de juros (Selic) depois do fechamento de mercado.

A autoridade monetária deverá confirmar as expectativas e elevar a Selic em 150 pontos-base, para 10,75% ao ano — voltamos aos dois dígitos depois de quatro anos e meio.

O grande dilema fica por conta do comunicado que acompanha a decisão, que poderá ser mais ou menos duro, a depender de como o BC encara a inflação prospectiva para 2022, 2023 e 2024.

Por enquanto, o comunicado tende a ser neutro para hawkish, mas dificilmente ele contratará mais uma alta de mesma magnitude.

Fora isso, investidores também acompanham a retomada de atividade do Congresso Nacional, que tem como suas pautas iniciais para o ano a questão dos combustíveis e do reajuste salarial, bem como seguem avaliando a temporada de resultados, iniciada ontem.

Hoje, contamos com o balanço do Santander, inaugurando a temporada para os grandes bancos, o que deve provocar volatilidade a depender da qualidade dos números.

Tentando esquecer do aperto monetário americano

Nos últimos dias, a mudança repentina no sentimento pode ter derivado de algum conforto nos comentários de membros do Federal Reserve que rejeitaram a ideia de um aumento de meio ponto na reunião de março do Fed.

A chance de um aumento de 50 pontos-base aumentou para 10% nos últimos dias, acima de quase nenhuma chance há um mês — ainda assim, os juros futuros indicam uma probabilidade de 90% de um aumento da taxa de 25 pontos-base em março.

Adicionalmente, após a correção de janeiro, os investidores podem começar a apreciar os números ainda saudáveis da temporada de resultados do quarto trimestre.

Para os próximos 12 meses, as margens de lucro esperadas para o S&P 500 atingiram um recorde de 13,3% (mediana das expectativas), o que é um sinal de que os problemas da cadeia de suprimentos não estão deprimindo os lucros ou a atividade comercial.

Repercutindo tal otimismo com os resultados, o salto das ações da Alphabet (dona do Google) no after market é a primeira boa notícia do dia, que já vem testando uma reação nesta manhã.

Hoje, teremos os números de outros grandes nomes como Marathon Petroleum, Meta Platforms (Facebook), MetLife, Novartis, Qualcomm, Sony Group e T-Mobile.

A Opep+ vem aí

A Opep+ se reúne hoje para definir seu aumento de produção.

Provavelmente, o cartel manterá o aumento de produção anteriormente contratado de 400 mil barris por dia adicionais ao mês.

Ao redor do mundo, em especial nos países desenvolvidos, as lideranças querem um aumento mais ambicioso na produção, uma vez que os preços mais altos do petróleo geram um impacto econômico global complexo — transferem dinheiro dos consumidores de petróleo para os produtores de petróleo.

Dois desdobramentos se destacam. O primeiro é a inflação. Grupos de baixa renda são vulneráveis ​​a custos de energia mais altos, como de combustíveis fósseis.

Consequentemente, a gasolina tem se tornado um gasto desproporcional para esses grupos.

Os preços mais altos do petróleo podem estimular um aperto monetário mais duro por parte do Fed, que teme uma desancoragem das expectativas.

O segundo é a performance do setor de energia listado nas Bolsas ao redor do mundo.

Nos EUA, por exemplo, o setor de energia superou os outros 10 setores do S&P 500 por uma margem espetacular em janeiro (+18,97%).

Historicamente, os dados nos indicam que o setor petrolífero pode continuar ampliando seus ganhos, o que pode ser uma boa notícia para investidores que buscam ações cíclicas e descontadas.

O Brasil acaba se beneficiando de tal dinâmica.

Anote aí!

Lá fora, destaque para a inflação do consumidor da Zona do Euro, que deve cair no mês — como vários dados regionais já foram apresentados, o número consolida as expectativas, mas não é muito vetor de preço.

Há também a reunião da Opep+ na Áustria, que será relevante para o mercado de energia global.

Enquanto isso, os EUA acompanham o relatório nacional de emprego para janeiro, que deverá mostrar um aumento do emprego no setor privado da ordem de 215 mil.

Por aqui, a temporada de resultados e a reunião do Copom são os destaques.

Além disso, teremos duas divulgações de pesquisas de intenção de voto (PoderData e Paraná Pesquisas/BCG).

Na agenda econômica, a produção industrial é o destaque.

Muda o que na minha vida?

Apesar do feriado em vários países asiáticos, muitos investidores estão de olho nos números industriais da China nos últimos meses como um indicador importante do que esperar da cadeia de suprimentos global.

Um número mais fraco pode sugerir que os problemas continuarão a persistir, enquanto um número mais forte pode sinalizar o contrário. Um problema adicional no país tem sido a política severa de “zero Covid”, que ainda vem sendo implementada no país.

De dezembro a janeiro, o ressurgimento do vírus em várias regiões, incluindo Xi’an e Pequim, forçou os governos locais a reforçar as medidas de controle que restringiam a produção, o transporte e as vendas de produtos manufaturados.

Tornou-se mais evidente que a economia da China está sofrendo com as pressões de contração da demanda, choques de oferta e expectativas enfraquecidas, o que é problemático para o crescimento do mundo nos próximos anos.

Infelizmente, as coisas não parecem melhores no futuro próximo. As fábricas provavelmente verão uma queda na produção em fevereiro, muito por conta do feriado do Ano Novo Lunar.

A atividade industrial também foi impactada pela decisão do governo de reduzir a capacidade de produção da siderúrgica de modo a minimizar a poluição do ar antes dos Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim. Consequentemente, já começam a reduzir a expectativa de crescimento para o país em 2022.

Notadamente, um crescimento mais fraco na China pode indicar um crescimento mais fraco não só do mundo, mas especialmente do Brasil, que tem uma sensibilidade maior a uma eventual desaceleração do parceiro asiático.

Precisaremos avaliar com atenção os desdobramentos de crescimento nos próximos meses, de modo a nos antecipar de eventuais problemas estruturais que possam nascer de uma desaceleração chinesa.

Um abraço,

Jojo Wachsmann