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Pré-Mercado: Hora de voltar à realidade… resultados batendo na porta

26 abr 2022, 8:23 - atualizado em 26 abr 2022, 8:36
Elon Musk
Meios de pagamentos, carros elétricos e foguetes… Chegou a vez das redes sociais… | De Volta ao Espaço (2022)(Imagem: Reuters)

Bom dia, pessoal!

Hoje (26), os mercados internacionais devem aguardar ansiosamente os resultados de Microsoft e Alphabet, duas das famosas Big Techs, que divulgam seus balanços do primeiro trimestre de 2022 após o fechamento do mercado. Ontem (25), a notícia de que o Twitter havia aprovado a compra de Elon Musk por US$ 44 bilhões movimentou os mercados e evitou um dia ruim para as Bolsas americanas. Dessa forma, seguimos com as empresas de tecnologia dos EUA dominando o noticiário nesta terça-feira.

Os mercados asiáticos ainda operaram sem grande consistência, com os investidores lutando para se recuperar da queda do dia anterior, que repercutiu o temor em relação ao impacto dos lockdowns induzidos pela Covid-19 na China e ao plano do Federal Reserve de aumentar as taxas de juros rapidamente. Sobre o primeiro tema, a incerteza gira em torno do receio de que a recente testagem em grande quantidade em Pequim possa anteceder novos lockdowns em regiões ainda mais importantes.

A Europa amanhece em alta, acompanhando a recuperação americana de segunda-feira, que aconteceu enquanto os mercados europeus já estavam fechados. O movimento positivo, no entanto, não é verificado nos futuros americanos, que corrigem marginalmente nesta manhã, mas ainda flertam com certa estabilidade. As commodities também não têm um começo de dia tão fácil no Ocidente, o que pode piorar um pouco as condições do Brasil, que viu ontem seu sexto dia de queda seguido.

A ver…

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Debates fiscais e recesso do fluxo estrangeiro

A alta dos juros reais nos EUA, diante da possibilidade de uma aceleração no processo de aperto monetário, assim como a pressão sobre as commodities e o temor sobre a aceleração da economia chinesa, acaba impactando negativamente os ativos brasileiros, inclusive o real, que pode começar a deixar de receber tanta atenção como teve ao longo do primeiro trimestre de 2022, período de importante apreciação.

Na agenda, para distrair os investidores que acompanham a temporada de resultados domésticos e o noticiário internacional, abarrotado de ruídos, contamos com a possibilidade de a Câmara votar a Medida Provisória (MP) que trata do Auxílio Brasil de R$ 400. Enquanto isso, ainda no Congresso, o Senado pode votar o Projeto de Lei (PL) que regulamenta o mercado nacional de criptomoedas.

Outros itens de destaque do dia incluem: i) a divulgação pelo Instituto Aço Brasil dos números de produção, consumo aparente, vendas internas, exportações e importações do mês e do trimestre; ii) a discussão dos partidos da terceira via (PSDB, MDB, União Brasil e Cidadania) sobre os critérios para a definição do candidato que irá encabeçar a chapa do grupo; e iii) a divulgação do Índice de Confiança do Empresário Industrial.

Elon Musk é o nome do momento

Ontem, depois de cair durante toda a manhã, o mercado americano de ações entrou em território positivo por volta das 15h, depois das sinalizações de que Elon Musk compraria o Twitter por um prêmio de 38% sobre o fechamento de 1º de abril, data anterior ao anúncio de compra de fatia relevante (9,2%) da companhia por parte de Musk.

Em vez de pressionar por um preço mais alto, o conselho do Twitter acabou aceitando a oferta inicial de Musk de US$ 54,20 por ação, avaliando a empresa em US$ 44 bilhões. Apesar disso, o preço ainda está cerca de 30% abaixo da máxima histórica da ação, de US$ 77,06, atingida em fevereiro de 2021.

Saindo dessa esfera, o mercado volta a atentar aos resultados, com mais de um terço das empresas do S&P 500 reportando seus balanços nesta semana, liderados pelas Big Techs. Hoje, a Alphabet (dona do Google) e a Microsoft divulgam seus números, juntamente com 3M, General Electric, General Motors, Mondelez International, MSCI, PepsiCo, Raytheon Technologies, Texas Instruments e Visa.

O fortalecimento do dólar

Dado o contexto de desancoragem das expectativas de inflação, o mercado começou a precificar como mais certa uma subida mais agressiva dos juros por parte do BC americano, o grande fiel da balança em 2022. Neste sentido, seria natural verificarmos o que de fato aconteceu; isto é, o dólar se fortalecendo ao redor do mundo, inclusive contra o real (contra nossa moeda, o dólar subiu mais de 6% desde o começo do mês).

Partindo de uma perspectiva menos financista e mais econômica, o papel da divisa americana mudou no último meio século, tendo sido muito distorcido na última década com os grandes estímulos monetários dos bancos centrais dos países desenvolvidos. Querendo ou não, grande parte do comércio global é realizada dentro de empresas globais, tornando a dominância do dólar ainda uma regra em nossa sociedade.

Anote aí!

Nos EUA, acompanhamos a continuidade da temporada de resultados, enquanto esperamos os dados de bens duráveis de março (devem aumentar 1% na comparação mensal, para US$ 274 bilhões) e os dados de confiança do consumidor de abril (a estimativa de consenso é para uma leitura de 108, cerca de um ponto acima do valor de março).

Por aqui, no Brasil, aguardamos o resultado do Santander, antes da abertura do mercado, que deverá ter um grande efeito sobre o setor bancário, relevante para o Ibovespa. Entre os dados econômicos, destaque para o INCC-M de abril, a sondagem da Construção em abril e o IPC-S Capitais da terceira quadrissemana de abril. 

Muda o que na minha vida?

O compromisso inabalável da China de acabar com a Covid ao bloquear grandes cidades como Xangai ameaça causar um forte choque em sua vasta economia, colocar mais pressão nas cadeias de suprimentos globais e aumentar a inflação de combustíveis. Em outras palavras, as restrições rigorosas dissiparam quaisquer expectativas de que o país possa relaxar sua abordagem de tolerância zero à Covid-19.

Xangai pode responder por um décimo das exportações da China, mas o porto mais movimentado do mundo está praticamente parado. Tal percepção prejudica a economia chinesa e, consequentemente, do mundo inteiro. Os efeitos disso já começaram a ser sentidos. No mês passado, por exemplo, o varejo teve um revés, o desemprego atingiu o nível mais alto desde o início da pandemia e a produção industrial desacelerou.

Para evitar mais pessimismo com a economia do país por conta dos lockdowns recentes, o banco central da China prometeu apoio via política monetária para pequenas empresas. Ainda assim, as atuais restrições contra a Covid parecem ser mais uma questão fiscal do que de política monetária — como em 2020, as restrições significam que os governos estão efetivamente retirando renda das famílias e transferências fiscais seriam a única forma de mitigar danos. 

Economicamente, para a China, o processo atual pode ser pior que em 2020. Isso porque o mundo está confiando mais nos produtos chineses desde o início da pandemia. A participação do país nas exportações globais subiu para 15,4% no ano passado, a maior em uma década. Dessa forma, os novos lockdowns provavelmente terão um impacto ainda maior na inflação e no crescimento global.

Um abraço,

Jojo Wachsmann