Pré-Mercado: Guerra ou paz?
Oportunidades do dia
Para investir no Metaverso
Está aberta a oportunidade para se expor aos potenciais lucros das empresas envolvidas no metaverso e, de quebra, ainda ganhar 2 presentes exclusivos.
Bom dia, pessoal!
Lá fora, os mercados tentam se recuperar depois do susto de ontem (14). As Bolsas asiáticas conseguiram sustentar uma alta, antes mesmo da divulgação de notícias envolvendo um possível recuo russo. A Europa e os EUA amanhecem em forte alta, não apenas em um tradicional rebound após a correção, mas também repercutindo um relatório que informava a retirada de algumas tropas russas de volta para a base.
Ainda é muito cedo para dizer se de fato se configura alguma amenização dos ares, uma vez que nem a Casa Branca tem certeza de que a Rússia vai invadir a Ucrânia ou não. Além disso, pegou muito mal a aparente tentativa de piada do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky (ex-comediante), que ironizou um suposto início de guerra na quarta-feira (16). As palavras do líder ucraniano deixaram os mercados na defensiva.
A ver…
Bolsonaro turistando em Moscou
Nesta terça-feira (15), dia em que o presidente Jair Bolsonaro chegou a Moscou para o encontro que terá com o presidente russo Vladimir Putin amanhã, o Tribunal de Contas da União (TCU) voltará a discutir a privatização da Eletrobras, que deve gerar volatilidade sobre os papéis hoje. O dia tem espaço para ser positivo, não só pelo contexto internacional menos impeditivo, mas também pela assimilação do bom resultado do Banco do Brasil, divulgado ontem à noite e que será digerido hoje.
Enquanto representantes do MDB, do União Brasil e do PSDB se reúnem para tratar de uma possível união entre os três partidos, de modo a fazer frente à federação de esquerda planejada pelo PT, os servidores do Judiciário se reúnem com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, para discutir reajuste salarial — o tema é relevante e deverá ganhar espaço no Congresso depois de solucionada a questão dos combustíveis. Na agenda, a Confederação Nacional da Indústria divulga sondagem industrial de janeiro e a FGV divulga monitor do PIB de dezembro.
Volatilidade americana
Ontem, os principais índices de ações dos EUA apresentaram forte volatilidade depois que os EUA fecharam sua embaixada em Kiev, e Washington e seus aliados alertaram que uma invasão russa da Ucrânia pode ocorrer ainda esta semana. Ainda assim, embora angustiantes e potencialmente trágicos do ponto de vista humanitário, os choques geopolíticos tendem a ser golpes de curto prazo no mercado.
Por isso, o que continua a ser mais importante para as perspectivas de ações e títulos em 2022 é a política monetária do Federal Reserve. Para isso, vale prestar atenção hoje na inflação dos preços ao produtor dos EUA em janeiro, que acabam sendo a melhor representação do poder de precificação das empresas. A estimativa de consenso é de um salto de 9,3% ano a ano, após um aumento de 9,7% em dezembro.
O conflito no Leste Europeu
O status da Rússia como um importante fornecedor de gás natural e petróleo para a Europa significa que o já apertado fornecimento global de energia corre o risco de mais interrupções. Como temos dito, um dos principais problemas acompanhados pelo mercado é o choque no mercado de energia que o conflito com a Ucrânia pode gerar.
Os estoques de petróleo e gás ainda estão baixos. Além disso, a produção não voltou aos níveis pré-pandemia, sendo que a demanda continua a aumentar à medida que a economia global se recupera. Isoladamente, o mercado já indicaria alta dos preços. Agora, porém, com choques geopolíticos exógenos, estamos acelerando o processo.
O resultado tem sido os preços do petróleo bruto subindo constantemente rumo aos US$ 100 o barril muito em breve, provavelmente. Ontem, o Brent, a referência internacional de petróleo, estava sendo negociado a quase US$ 97 o barril, seu maior patamar em mais de sete anos. Os preços do gás natural não são diferentes.
Dois desdobramentos problemáticos: i) a guerra na Ucrânia, que interrompe o fluxo de combustível pela região, significará preços ainda mais altos de petróleo e gás, o que mais cedo ou mais tarde aumentará a pressão ascendente sobre a inflação; e ii) a China está vendo que pode se atrever a avançar mais sobre Taiwan, da mesma maneira como a Rússia tem avançado sobre a Ucrânia, sem temer represálias graves.
Anote aí!
O Brasil digere hoje o resultado do Banco do Brasil, enquanto também aguarda os números de outras empresas, como PetroRio, Banrisul e Carrefour. Em Brasília, destaque para a votação da PEC que aumenta de 65 para 70 anos a idade máxima para nomeação de juízes e ministros dos tribunais superiores, bem como o projeto de lei que estabelece medidas sobre o trabalho de gestantes durante a pandemia. Lá fora, os investidores digerem os dados econômicos da Zona do Euro, com PIB preliminar da região no quarto trimestre, balanço comercial de dezembro e índice de expectativas econômicas. Nos EUA, vale acompanhar as nomeações de Jerome Powell, Lael Brainard, Lisa Cook, Philip Jefferson e Sarah Bloom Raskin ao Fed.
Muda o que na minha vida?
Ontem, a presidente do BCE, Christine Lagarde, continuou a amenizar os ânimos instaurados desde a última reunião de política monetária da autoridade da Zona do Euro. Segundo a presidente, os aumentos das taxas não são iminentes e o aperto da política seria gradual. Ainda assim, assumiu que a inflação deverá seguir elevada por mais tempo do que o previsto (não perderá força em 2022).
Os principais vetores de inflação no mundo hoje são: i) a continuidade da falta de normalização completa das cadeias de suprimentos; e ii) os custos de energia. Sobre o segundo ponto, a tensão Rússia-Ucrânia, como comentamos acima, deverá servir de catalisador para mais alta dos preços. Nos EUA, em resposta, temos visto um engrossar de tom por parte dos presidentes regionais do Fed.
Com isso, eleva-se a chance de um aumento emergencial de taxa em 2022, diante da falta de controle das expectativas de inflação. Apesar de pouco provável, não é impossível. De fato, a última vez que o Fed elevou as taxas entre as reuniões foi em abril de 1994, quando o banco central iniciou um ciclo de aperto devido a temores sobre a inflação.
De todo modo, com ou sem alta extraordinária, a próxima reunião do Fed já deverá marcar um aumento de 50 pontos-base dos juros. Os futuros nos EUA também estão precificando a chance de a taxa de juros subir 1 p.p. em três reuniões. Até o final do ano, a taxa de referência pode chegar a 1,75% ou mais.
Estamos apenas no começo do ciclo, ainda há muito mais volatilidade para absorvermos.
Um abraço,
Jojo Wachsmann