Pré-Mercado: Finalmente, a guerra reverberou nos demais mercados do mundo
Oportunidades do dia
A commodity de 1 trilhão de dólares
Uma improvável commodity tornou-se a protagonista de uma corrida envolvendo as maiores potências e empresas do mundo e estabelecendo um mercado de, pelo menos, 1 trilhão de dólares. Confira o relatório especial liberado hoje.
Proteção (e até rentabilidade) em tempos de guerra
A invasão da Rússia à Ucrânia é um conflito que já abalou a estabilidade política mundial e uma commodity em especial reúne 2 qualidades interessantes para o investidor: a proteção de patrimônio e a possibilidade de lucros extraordinários.
Bom dia, pessoal!
No Dia Internacional das Mulheres, os mercados europeus procuram se recuperar da perda de ontem (7), entregando resultados positivos nesta manhã. O mesmo não pôde ser dito do mercado asiático, que fechou a terça-feira (8) em queda quase generalizada, reverberando o péssimo dia de ontem no Ocidente. Os futuros americanos também buscam se recuperar, mas de maneira bastante modesta.
De ontem à noite para a manhã de hoje, porém, os mercados começaram a operar mais calmos, em menor volatilidade, diante da nova tentativa de cessar-fogo para a retirada de civis de Kiev, Chernigov, Sumy e Mariupol, por meio de corredores humanitários — nas duas últimas tentativas, os russos bombardearam o corredor enquanto os civis passavam, em mais um claro fracasso diplomático.
Ainda há grande dificuldade em se precificar as sanções à Rússia, já que a economia do país entrou em colapso com a transformação de seus ativos em ilíquidos. Os mercados financeiros sentem as sanções primeiro, com o impacto econômico real evidente apenas em um segundo momento. De pano de fundo, continuamos acompanhando a possibilidade de sanções ao mercado de energia.
A ver…
Nem nós nos salvamos
Começamos a semana acompanhando o movimento de aversão ao risco global, sentindo pela primeira vez de maneira mais enfática os efeitos da guerra na Ucrânia — a ficha pode finalmente ter caído no sentido de inflação de atividade.
O pior de tudo é a derivada pelos preços de energia, diante da possibilidade de um embargo ao petróleo russo, que jogaria o preço do barril ainda mais para cima, pressionando o preço dos combustíveis. Ontem, a possibilidade de ingerência política na Petrobras para segurar os preços gerou repercussão bem negativa no mercado.
Sobre este tema, acompanhamos as discussões no Congresso sobre subsídios e também a reunião dos ministros Paulo Guedes (Economia), Ciro Nogueira (Casa Civil) e Bento Albuquerque (Minas e Energia), que pode decidir medidas para aliviar o impacto da disparada do petróleo.
É necessário que o governo reforce, assim como fez ontem à noite, que não há estudo sobre um possível congelamento dos combustíveis (que teria de ser aprovado pelo conselho da estatal, o que o torna um movimento bastante difícil).
Ainda sobre os impactos da guerra no Brasil, membros da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) debatem hoje o cenário dos fertilizantes no Brasil e soluções para o Plano Safra 2022. Evitar impactos nos preços ao produtor e posterior contaminação nos preços dos alimentos é fundamental para a estabilidade da inflação e dos juros.
Suspender ou não suspender, eis a questão
Hoje, nos EUA, a Câmara deve votar a legislação que suspende a compra de energia da Rússia; ou seja, Washington está realmente considerando cortar as importações de petróleo da Rússia em retaliação por sua guerra com a Ucrânia.
Naturalmente, como os preços dos combustíveis fósseis continuam a subir, os investidores estão preocupados sobre como isso será sentido nas carteiras dos consumidores em meio a leituras de inflação já altas.
Se confirmada a proposta, provavelmente o alívio de preços não chegará tão cedo, e o Federal Reserve pode ficar ainda mais para trás na curva. O pior cenário é o banco central precisando aumentar as taxas de juros mais rapidamente para combater a inflação acelerada, apesar de uma economia em desaceleração — se a inflação sobe, há menos renda disponível para outros gastos com bens e serviços.
O enfraquecimento dos estímulos pós-pandêmicos, os preços altos para o consumidor e o crescimento negativo dos salários reais impulsionaram uma tendência negativa para as projeções de PIB americano para 2022. Agora, com um aperto de energia sendo introduzido sobre tais fatores, poderemos ter uma dinâmica que prejudicará ainda mais desproporcionalmente o consumidor, em especial o de baixa renda.
Bear market alemão
Apesar de subirem nesta manhã, as ações alemãs negociaram ontem (7) oficialmente em terreno de mercado baixista, à medida que as preocupações dos investidores sobre o impacto econômico da guerra na Ucrânia se aceleraram. Ou seja, ao longo do pregão de segunda-feira, o índice DAX caiu mais de 4% no início do pregão, o que o empurrou mais de 20% abaixo de seu pico recente em janeiro.
Um bear market indica pressão de venda extrema, uma vez que investidores ansiosos vendem suas ações em um ritmo bastante acelerado. O nervosismo deriva em grande parte do fato de que a Alemanha recebe metade de seu suprimento de gás natural da Rússia, estando particularmente exposta aos efeitos do conflito.
Caso haja paralisação das entregas de petróleo e gás russos para a Alemanha, a inflação pode chegar a 7%, fazendo com que a economia do país fique estagnada este ano. Naturalmente, ao passo que os preços do petróleo e do gás disparam, mais os investidores se preocupam com os efeitos sobre o crescimento global.
Anote aí!
Lá fora, teremos hoje o PIB preliminar para o quarto trimestre da Zona do Euro. Nos EUA, a Federação Nacional de Negócios Independentes divulga seu índice de otimismo para pequenas empresas para fevereiro, enquanto também esperamos pelos dados da balança comercial e dos estoques no atacado de janeiro.
No Brasil, a diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deve definir o valor do empréstimo ao setor elétrico para fazer frente aos custos das medidas adotadas ao longo da crise hídrica. Na agenda de dados, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulga seus indicadores industriais e a Anfavea divulga a produção e venda de veículos em fevereiro.
Muda o que na minha vida?
Durante o final de semana, mesmo antes dos comentários do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, o petróleo produzido na Rússia estava sendo negociado com um grande desconto, já que os comerciantes temiam que as sanções à Rússia que inicialmente excluíam o setor de energia inevitavelmente se estendessem ao segmento.
As sanções contra a Rússia evitaram em grande parte empresas que vendem petróleo, gás e outras commodities. Contudo, agora, aliados dos EUA e da Europa já discutem ativamente a proibição das importações de petróleo russo, equilibrando a necessidade de garantir que haja oferta suficiente disponível, à medida que as nações ocidentais intensificam a pressão sobre a Rússia para parar de atacar a Ucrânia.
Segundo a Agência Internacional de Energia, a Rússia é o terceiro maior produtor de petróleo do mundo e respondeu por 45% das importações de gás da União Europeia no ano passado. Sem a Rússia, o país natural a quem recorrer em tempos de problemas de produção, a Arábia Saudita, não está com disposição para ajudar agora, não com o Ocidente negociando um novo acordo nuclear com seu rival Irã. Por outro lado, um novo acordo nuclear com Teerã poderia desbloquear algumas exportações de petróleo iranianas, aliviando o preço.
É verdade que poderia haver uma reorganização das cadeias de suprimento — a China e a Índia poderiam comprar mais petróleo russo, deixando o petróleo saudita e outros para o Ocidente. Mas os custos de transporte, entre outros fatores, dificultam isso, e existe a possibilidade de que as sanções ocidentais ao petróleo também possam atrapalhar. Em caso de estresse extremo, não seria impossível voltarmos a ver o recorde de 2008, a US$ 145 por barril.
Chegamos a um nível, porém, em que não há mais escapatória da inflação e da desaceleração da atividade econômica. Resta entender agora por quanto tempo teremos petróleo acima de US$ 125 por barril, de modo a mensurarmos os estragos.
Um abraço,
Jojo Wachsmann