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Pré-Mercado: Falsos sinais de trégua movem os mercados

30 mar 2022, 9:11 - atualizado em 30 mar 2022, 9:11
O Casamento Vermelho e a Trégua do Kremlin: tome cuidado com promessas de paz | Game of Thrones (2011 – 2019)

Oportunidades do dia

Encontro marcado às 19h!

Hoje, na Semana de Fundos da Vitreo, teremos o Painel Multimercardos que vai reunir Bruno Cordeiro (Kapitalo) e Felipe Guerra (Legacy) para falar sobre os fundos multimercado. Fique ligado no seu e-mail que enviaremos a você o link da transmissão.

Bom dia, pessoal!

Os mercados asiáticos assimilaram o bom dia de ontem (29) no Ocidente com os rumores de progresso nas negociações para o fim da guerra. Entretanto, nem tudo são flores. Se durante a terça-feira as notícias de uma possível redução da escalada russa na Ucrânia apoiaram os mercados, hoje é a possibilidade de tais avanços não se confirmarem na realidade que faz preço sobre os ativos. Em suma, podemos estar lidando não com um verdadeiro cessar-fogo, mas com um movimento tático russo.

Assim como os EUA, que não acreditam na intenção de Putin de um acordo de paz, Zelensky também alertou que a Rússia “não é confiável”. Em resposta, as Bolsas europeias caem nesta manhã, acompanhadas por um ajuste nos futuros de Wall Street, com os investidores avaliando o potencial progresso entre os negociadores russos e ucranianos e aguardando os dados da folha de pagamento do setor privado que serão divulgados hoje mais tarde.

A ver…

A retomada das pautas econômicas é viável em ano eleitoral?

Hoje, paralelamente à divulgação do resultado das contas do governo central de fevereiro pelo Tesouro Nacional, o Congresso pode flertar com a retomada das pautas econômicas. Isso porque, com o fim do período para fechar acordos políticos, mudar de legenda partidária e realizar desincompatibilizações, os legisladores teriam a chance de dar andamento a algumas matérias. Entre os temas possíveis, destacam-se:

  1. i) A PEC 110, que trata sobre uma ampla reforma tributária (chance pequena de avançar), e as discussões envolvendo reforma administrativa e privatizações;
  2. ii) A medida provisória que trata do fim do Reiq, benefício tributário concedido à indústria química, que está prestes a completar dois meses; e

iii) Os projetos sobre o novo Refis, do mercado de carbono, e sobre o Sistema Eletrônico dos Registros Públicos.

Não será trivial, mas uma ou outra coisa pode passar, em especial as menos indigestas e de menor complexidade. Mas tudo tem tempo. Quanto mais perto das eleições estivermos, mais difícil será caminhar com qualquer pauta. Por isso, alguns parlamentares avaliam que a próxima janela de oportunidades para votar matérias mais complicadas pode se abrir somente após as eleições.

Quem tem medo da recessão?

Ontem, os ativos americanos compraram a narrativa de progresso nas negociações entre ucranianos e russos, que não têm nova data para prosseguirem. Apesar do entusiasmo, a curva de juros dá sinais de que parte do mercado já aposta em recessão, uma vez que os rendimentos observados de perto dos títulos do Tesouro de dois e de dez anos se inverteram brevemente; isto é, os títulos de curto prazo estavam pagando juros mais altos para empréstimos do que os mais longos.

Não deveria ser assim, o que sugere preocupação com a economia no curto prazo — a inversão dos juros de dois e de dez anos costuma ser considerada um preditor de recessão, mas está longe de ser perfeita (foi originalmente identificada pelo professor da Duke University, Campbell Harvey, em 1986). Além disso, também é dito que a curva precisa permanecer invertida por um período — semanas ou meses, dependendo de a quem você perguntar — antes de ser um indicador confiável.

De todo modo, o mercado entende que, apesar de possível para 2023 ou 2024, uma recessão não é um fator de risco iminente, principalmente em resposta à inversão da curva de juros — geralmente leva de 12 a 24 meses para a economia se contrair. Sobre este tema, será importante acompanharmos hoje os dados de PIB do quarto trimestre dos EUA, que estão sendo revisados (estimativa de que a economia tenha crescido a uma taxa anual ajustada sazonalmente de 7%), e de mercado de trabalho.

Cuidado com em quem você confia

Nesta manhã, os mercados corrigem em meio ao ceticismo sobre os relatos de progresso na negociação pela paz diante da guerra brutal na Ucrânia. Isso porque a promessa da Rússia de reduzir “drasticamente” as operações perto da capital da Ucrânia e de uma cidade do norte parece estar um pouco distante da realidade. Como lembrou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, os sinais positivos das negociações não silenciam as explosões russas.

O porta-voz do Pentágono, inclusive, disse que os Estados Unidos detectaram um pequeno número de forças terrestres russas se afastando de Kiev, mas em vez de uma “retirada real”, parecia que as forças estavam simplesmente se reposicionando, tanto que os ataques aéreos contra Kiev continuam.

Além disso, depois de tanta tragédia, seria ingênuo pensar que, em caso de um cessar-fogo, as sanções sobre a Rússia seriam suspensas imediatamente e as relações econômicas continuariam de onde pararam (o dano não pode ser desfeito em um único dia).

Anote aí!

Na agenda de hoje (30), em solo europeu, os dados de inflação de preços ao consumidor de março da Alemanha e da Espanha são destaques, enquanto o mercado monitora a fala de Christine Lagarde, a presidente do BCE, e o índice de sentimento econômico de março. Nos EUA, acompanhamos o PIB americano e os dados de emprego no setor privado — a estimativa consensual é de um ganho de 400 mil empregos no setor privado.

Por aqui, investidores acompanham o IGP-M de março e o resultado do governo central, que pode anunciar déficit em fevereiro. Há também a divulgação de pesquisas presidenciais, a privatização da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), que administra os Portos Organizados de Vitória e Barra do Riacho, e falas de Paulo Guedes e Roberto Campos Neto.

Muda o que na minha vida?

O trabalho do Fed tem ficado cada vez mais difícil. O banco central dos EUA vai tentar aumentar as taxas de juros sem empurrar a maior economia do mundo para uma recessão, sendo que a guerra da Rússia na Ucrânia tornará seu ato de equilíbrio mais difícil. Isso porque, com a inflação próxima de 8%, o Federal Reserve não pode esperar mais para começar a aumentar mais rapidamente suas taxas.

Por isso, aumentar as taxas enquanto garante que a economia continue a se expandir é o mais recente desafio para as autoridades, que passaram os últimos dois anos navegando em um mar de estímulos monetários e fiscais nunca antes vistos. Agora, para garantir um funcionamento equilibrado da economia, seria importante normalizar as taxas de juros.

Agora, quase todos os investidores esperam que o Fed aumente as taxas em 0,50 ponto percentual em sua próxima reunião. Contudo, isso é mais fácil dizer do que fazer. Ainda assim, da mesma forma que o BC brasileiro realizou o ajuste, os BCs do mundo desenvolvido também terão que realizá-lo.

Um abraço,

Jojo Wachsmann

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