Pré-Mercado: EUA dá início a mais uma temporada de resultados
Bom dia, pessoal!
A sexta-feira (14) começou amarga para os países asiáticos e da Oceania. Por lá, as ações caíram após a queda de ontem em Wall Street, que registrou correção da Nasdaq em 2,5%. Tóquio caiu quase 2%, enquanto Hong Kong, Xangai e Seul também caíram.
Apesar do ajuste, os investidores digeriram o aumento de 30% do superávit comercial da China em 2021, para US$ 676 bilhões.
As Bolsas europeias também não tiveram manhã fácil, com queda nos principais nomes da região.
O dia é de apreensão para o início da temporada de resultados nos EUA, que começa hoje com os tradicionais nomes de bancos, como JPMorgan, Citigroup e Wells Fargo, que abrem a temporada em Nova York (antes da abertura). BlackRock e First Republic Bank também divulgam lucros.
A ver…
No aguardo dos dados de varejo
Depois da surpresa com o setor de serviços no Brasil ontem (13), que entregou alta de 2,4% em novembro, frente a uma expectativa de +0,1% (no ano, a alta é de 10,9%), investidores aguardam o resultado das vendas no varejo do IBGE em novembro (expectativa de estabilidade, que também pode reservar surpresas boas, como na quinta-feira).
Repercute também o relatório da ONU, que indicou o Brasil com a terceira pior taxa de crescimento real do PIB no mundo em 2022, de apenas 0,5% no ano (1,7 p.p. menor que o último documento), na frente apenas de Guiné Equatorial e Mianmar.
Assim, apesar da continuidade da recuperação da economia global (média de 4% de crescimento para este ano), o país se coloca em frágil posição de estagnação.
Como se não bastasse termos que nos preocupar com isso, o fundo político não dá folga, com o movimento dos servidores federais, que articulam paralisação na próxima terça-feira (18) para exigir reajustes salariais, em linha com o que foi dado aos policiais no último Orçamento aprovado para 2022.
Assim como na tentativa do BC, a reunião dos funcionários da Receita com Guedes terminou ontem sem proposta efetiva.
Digerindo a inflação ao produtor
Ontem, os pedidos de auxílio-desemprego nos EUA aumentaram um pouco, tendo registrado 230 mil na primeira semana do ano (pior do que o esperado), fato que está sendo atribuído às perdas de empregos relacionadas à variante ômicron.
O dado vem na véspera do início da temporada de resultados, que conta hoje com os principais bancos (JPMorgan Chase, Wells Fargo e Citigroup).
Ainda assim, o principal tema para os investidores segue sendo a inflação. Na quinta-feira, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês), que mede o que as empresas pagam pelos bens, cresceu a uma taxa anual de 9,7%, o valor mais alto já registrado.
Apesar de alto, esperava-se um número um pouco pior, o que já começa a indicar os primeiros pontos de inflexão dos preços para baixo.
Outro ponto de atenção é o impacto da ômicron, que chegou aos EUA no final do quarto trimestre e já pode ter afetado, ainda que marginalmente, os resultados corporativos.
É isso que começaremos a acompanhar a partir de hoje.
Bancos vêm aí
JPMorgan Chase, Citi e Wells Fargo dirão aos investidores como se saíram durante o quarto trimestre e o que esperar em 2022, quando divulgarem os seus resultados hoje.
A BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, também divulgará seus números. Na semana que vem, Morgan Stanley, U.S. Bancorp e Bank of America divulgam seus lucros na quarta-feira (19). O Goldman Sachs deve divulgar seus resultados na terça-feira (18).
Os bancos se beneficiarão com o aumento das taxas, desde que não subam muito rapidamente e prejudiquem a demanda por seus produtos, como hipotecas, cartões de crédito e outros empréstimos.
Embora as taxas mais altas tornem os empréstimos mais lucrativos para os bancos, há um limite para o quão altas as taxas podem ficar antes que esfriem o mercado de crédito.
Adicionalmente, os investidores querem ouvir o que esses bancos têm a dizer sobre a variante ômicron, que se espalha rapidamente, e como isso pode afetar os mercados e a economia pelo resto do ano.
No momento, para a temporada como um todo, espera-se um crescimento geral dos lucros de 21,8% das empresas no S&P 500.
Se isso acontecer, seria o quarto trimestre consecutivo de mais de 20% de crescimento. Seria positivo para acalmar os ânimos dos investidores, que já estão pagando pelo crescimento de longo prazo.
Atualmente, o S&P 500 está sendo negociado a mais de 21 vezes as estimativas de lucros para os próximos 12 meses, acima da média de cinco anos de 18,5 e da média de dez anos de 16,7.
Para garantir a manutenção de tal patamar, os lucros deveriam crescer pelo menos uns 25%, de modo a superar a mediana das expectativas, o que não é impossível, apenas cada vez mais difícil.
Anote aí!
Além da temporada de resultados, a agenda do dia lá fora é relevante, com dados de vendas no varejo dos EUA em dezembro sendo esperados.
Economistas preveem um aumento de 0,3% mês a mês para os gastos do consumidor. Excluindo automóveis, os gastos também devem subir 0,3%.
Além disso, investidores ficam de olho no índice de sentimento do consumidor para janeiro, com expectativa de uma leitura em linha com o dado de dezembro (ainda cerca de 20% menor do que seu pico pós-pandemia em abril).
Na Europa, dados da balança comercial são digeridos, enquanto investidores acompanham a fala da presidente do BCE, Christine Lagarde. Depois de um começo de ano agitado, pode ser interessante avaliar o que a autoridade tem a nos dizer.
No Brasil, o destaque do dia fica para as vendas no varejo.
Dados de varejo restrito em novembro estão sendo projetados para entregar estabilidade na mediana das expectativas, enquanto o varejo ampliado mostra queda de 0,6% na margem.
Fora isso, está prevista a divulgação de pesquisa XP/Ipespe sobre sucessão presidencial.
Muda o que na minha vida?
Um amplo rali continua a tomar forma nos mercados de commodities, com o petróleo bruto WTI chegando a US$ 83 por barril e o Brent já acima de US$ 85, bem como com o comércio de cobre, acima de US$ 10.000 a tonelada pela primeira vez desde outubro.
Juntando-se ao rali estão o níquel e o lítio, já que a demanda por veículos elétricos atinge novos recordes. A expectativa do mercado é que o rali continue em 2022.
O ano pode ser ainda mais especial para o petróleo, que não deve ter grandes arrancadas na normalização da oferta por parte da Opep+ e continua com boas perspectivas para a demanda.
O temor de novembro, que provocou um ajuste nos preços do óleo, parece ter ficado para trás, e agora já se projeta um patamar de US$ 90 por barril para a commodity em 2022.
Se é bom para o preço do barril, imagine para quem o vende. Forma-se cada vez mais atratividade por empresas do setor de óleo e gás.
Patamares de preço convidativos ajudam, mas não são as únicas justificativas para o otimismo. A rotação setorial deveria beneficiar, em tese, setores tradicionais e descontados, como o de petróleo.
O nosso fundo, Vitreo Petróleo, já sobe mais de 34% desde o seu início, em março do ano passado, sendo que só em 2022 a alta é superior a 10%.
O movimento de alta deve continuar, abrindo uma janela de oportunidade para o Brasil em 2022 e 2023.
Um abraço,
Jojo Wachsmann