Pré-Mercado: Entre a reunião da Opep+ e a guerra na Ucrânia
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Convite: live hoje às 19h
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Bom dia, pessoal!
Nesta quinta-feira (31), as ações europeias amanheceram predominantemente de mau humor, caminhando para a maior queda trimestral desde o início de 2020, enquanto os preços do petróleo caem no mercado internacional e o leste da Ucrânia se mantém alerta para novos ataques russos.
Na Ásia, o movimento também não foi positivo, refletindo em grande parte a queda do petróleo, que sentiu a notícia de que os Estados Unidos estavam considerando liberar até 180 milhões de barris de sua reserva estratégica de petróleo para reduzir os preços dos combustíveis.
Como você pode perceber, petróleo é o tema do dia. Isso porque hoje teremos a reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+), que deve confirmar o incremento mensal de 400 mil barris de petróleo por dia (bpd) na produção, o que já está precificado e conforme tem feito nos últimos meses.
Os futuros americanos, por sua vez, amanhecem mais próximos de um tom positivo, ainda que flertando com a estabilidade. O Brasil tem espaço para continuar a se descolar positivamente do exterior, apesar de o dia de hoje ser mais difícil por conta da queda do petróleo e da volatilidade das commodities de maneira geral.
A ver…
Dados fiscais arrefecidos
É estranho começar a ver alguns dados piores do que o esperado depois de uma bateria de meses superando para cima as expectativas. Ontem (30), por exemplo, o Governo Central apresentou déficit primário de R$ 20,6 bilhões no mês de fevereiro, abaixo da mediana das expectativas. Enquanto isso, a dívida pública também subiu, prejudicando, ao menos na margem, a percepção fiscal.
Para hoje (31), teremos mais dados fiscais, com o Banco Central divulgando o resultado das contas do setor público consolidado de fevereiro. Não é o único fato da agenda, porém. O IBGE também entrega a pesquisa de emprego e desemprego (Pnad Contínua) do último trimestre, encerrado em fevereiro, com a taxa de desemprego — se vier em linha com o Caged, temos chance de superar as expectativas.
Enquanto isso, em Brasília, teremos a desincompatibilização dos ministros de Bolsonaro que pretendem concorrer a algum cargo eletivo ao final do ano. Para tal, está marcada uma solenidade de despedida dos ministros, bem como a sequência de posse dos novos nomes que ocuparão as pastas. Fora isso, movimentos fiscais mais escusos são movimentos de volatilidade para o mercado, afetando a curva de juros.
Entendendo um pouco mais da inversão da curva
Como antecipamos ontem, não se falou sobre outra coisa a não ser a breve inversão da curva de juros nos EUA (rendimento do título de 2 anos pagando mais do que o de 10 anos), que seria um indicativo de uma recessão em um futuro próximo (12 a 24 meses). A ideia é que os investidores estariam receosos sobre o curto prazo.
Na verdade, a curva de juros de 2 e 10 anos se inverteu sete vezes desde 1977. Isso é ruim para as ações? Não necessariamente. Para ilustrar, nesse espaço de tempo, 12 meses depois das inversões, o S&P 500 estava em média 11,8% mais alto – caindo apenas uma vez, após a inversão de fevereiro de 2000.
A última vez que a curva se inverteu foi em agosto de 2019. De fato, uma recessão veio no ano seguinte, mas apenas por causa da pandemia de Covid-19, o que polui um pouco a análise (ninguém poderia prever a pandemia e seus efeitos sobre a economia mundial). Ainda assim, uma inversão da curva de juros precedeu todas as recessões desde 1955, produzindo um “falso positivo” apenas uma vez.
Por isso, falando em medir atividade, será importante que acompanhemos os indicadores econômicos americanos, como o PIB do quarto trimestre revisado ontem. Dando sequência, os investidores estarão atentos ao indicador de inflação nos EUA, o PCE de fevereiro, o favorito do Fed para a sua tomada de decisão e que pode dar força às expectativas de um banco central mais agressivo nos próximos meses.
E essa reunião da Opep+?
Ao que tudo indica, o presidente Joe Biden está prestes a liberar milhões de barris de petróleo por dia da reserva estratégica de petróleo do país. Esse movimento pode ocorrer hoje, visando combater os preços mais altos do gás e para ajudar a combater a perda de petróleo russo no mercado.
Sobre este tema, os preços do petróleo apresentam volatilidade antes da reunião da Opep+ de hoje. O sobe e desce do preço do barril tem sido derivado dos lockdowns da China, da expectativa de crescimento global, da guerra na Ucrânia e da liberação dos países ocidentais de suas reservas estratégicas.
Hoje, contudo, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados deve optar por manter o nível de expansão da produção em 400 mil barris por dia no mês de maio, em linha com o que tem feito nos últimos meses, sem mudar os planos apesar do conflito no leste europeu e das sanções ocidentais sobre a Rússia.
Anote aí!
Na Europa, destaque para a inflação dos preços ao consumidor na França e na Itália, principalmente depois dos números da Espanha e da Alemanha terem assustado investidores ontem. Enquanto isso, no Reino Unido, assim como nos EUA, teremos a revisão do PIB do quarto trimestre.
Por falar nos americanos, hoje eles apresentam dados pessoais de renda e gastos de fevereiro, incluindo a medida de inflação preferida do Federal Reserve, o índice de gastos de consumo pessoal ou PCE. No Brasil, além da continuidade da temporada de resultados, contamos com a taxa de desemprego e dados fiscais por parte do Banco Central.
Muda o que na minha vida?
Ao que tudo indica, a magnitude das ações da Rússia se estenderá nas próximas décadas e marcará um ponto de virada na ordem mundial da geopolítica, tendências macroeconômicas e mercados de capitais. Muitas autoridades nas últimas semanas têm se mostrado apreensivas sobre os rumos da economia global a partir de agora.
O principal temor é de que o evento na Ucrânia encerre de vez o ciclo de grande globalização que testemunhamos nas últimas três décadas, desde a queda do Muro de Berlim. Já víamos sinais desse processo aos poucos, diante da ascensão de governos populistas no Ocidente, da Guerra Comercial EUA x China e, mais recentemente, com os lockdowns por conta da pandemia de Covid-19.
Na verdade, essa desconexão entre pessoas, nações e empresas ganhou vantagem a partir de dois anos de pandemia, uma vez que deixou muitas comunidades isoladas e olhando para dentro de si em detrimento de para fora. Tal movimento exacerbou a polarização e o comportamento extremista que estamos vendo na sociedade hoje.
Agora, a agressão da Rússia contra seu vizinho e a dissociação da economia global levará empresas e governos em todo o mundo a reavaliar suas dependências e analisar suas participações de fabricação e montagem de bens, algo que a pandemia já estimulou muitos a começar a fazer. Tal regionalização das produções pode beneficiar países emergentes, como o México e o Brasil, e regiões inteiras, como o Sudeste Asiático.
Um abraço,
Jojo Wachsmann