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Pré-Mercado: E o Fed volta a fazer preço

19 jan 2022, 9:57 - atualizado em 20 jan 2022, 9:42
Acelerando o passo: mercado começa a precificar um aperto monetário mais rápido | Lawrence da Arábia (1962)

Bom dia, pessoal!

No exterior, os mercados asiáticos tiveram uma quarta-feira (19) difícil, com queda na maioria dos nomes mais relevantes, sendo que Hong Kong experimentou uma alta tímida, próxima da estabilidade. Os mercados ainda repercutem o entendimento difundido ontem (18) de que o aperto monetário nos EUA pode vir mais rápido do que pensávamos. Além disso, números iniciais da temporada de resultados frustram um pouco o mercado, que esperava mais para o quarto trimestre.

Os mercados europeus operam em tom misto nesta manhã, seguindo assustados com a escalada dos juros de 10 anos nos EUA e também de olho nos números de casos relatados de ômicron, que permanecem altos — a França relatou mais de 400 mil casos em 24 horas. Sobre isso, o medo do vírus e sua letalidade parecem continuar diminuindo. Enquanto tal movimento ocorrer, o mercado deverá ficar mais despreocupado quanto a este tema.

A ver…

Repercutindo a paralisação

Após a paralisação realizada na terça-feira (18), as lideranças da mobilização reafirmaram a intenção de realizar uma greve por tempo indeterminado em fevereiro. A decisão deverá ser tomada após a reunião marcada para o fim de janeiro com o presidente do BC, Roberto Campos Neto. Em caso de mais um fracasso nas negociações, poderemos caminhar para problemas na oferta de serviços públicos ainda no primeiro trimestre.

Bolsonaro tem até sexta-feira (21) para sancionar a lei orçamentária de 2022 que contém o aumento do funcionalismo prometido aos policiais em R$ 1,7 bilhão. Se quiser reajustar a inflação para os demais, a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado alerta que cada 1 ponto percentual de reajuste linear para os servidores federais custaria entre R$ 3 e R$ 4 bilhões para o governo. A conta é grande, mas o governo parece acreditar que a mobilização não deve ter grande repercussão.

Reflexões sobre os preços dos combustíveis e a entrada de gringos no país

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), confirmou que deve dar andamento em fevereiro ao projeto de lei que propõe a criação de um fundo de estabilização de preços para os combustíveis, em linha com a antiga proposta de Henrique Meirelles, atual secretário da Fazenda de São Paulo.

A expectativa é que a peça legislativa seja submetida à avaliação do Colégio de Líderes no início de fevereiro já com a intenção de pautá-la. O senador Jean Paul Prates será o relator e está se dedicando muito ao tema, que poderá ter desdobramentos sobre a inflação e sobre o mercado.

Enquanto isso, investidores locais começam a notar o recente fluxo estrangeiro para a renda fixa e para a Bolsa brasileira, apesar da cautela com o cenário doméstico. Em movimentos como esse, os nomes favoritos costumam ser os de commodities e bancos, a começar pelas blue chips (grande capitalização de mercado). Em um segundo momento, os recursos se espraiam para outros segmentos do mercado.

Fed, o protagonista do ano no mundo

Em meio aos temores geopolíticos derivados das negociações americanas com os russos em relação à Ucrânia, investidores continuam preocupados com o processo inflacionário nos EUA e a consequente resposta do Fed via aperto monetário.

Ontem, o sell-off de tecnologia se aprofundou, com o índice Nasdaq fechando abaixo de sua média móvel de 200 dias pela primeira vez desde abril de 2020, durante os primeiros momentos da recuperação do mercado. O indicador é calculado pela média dos últimos 200 preços de fechamento de uma ação ou índice e é frequentemente visto como uma área de suporte ou resistência.

Desde a última vez que isso aconteceu, a Nasdaq experimentou forte tendência de alta, com uma sequência de 439 dias sem romper a média, a terceira mais longa de sua história. O que pegou desta vez foram os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos, que alcançaram 1,87% ao ano, o maior nível desde 8 de janeiro de 2020. A alta dos juros se dá à medida que os investidores continuam ajustando suas expectativas para uma política mais agressiva do Federal Reserve em 2022.

Outra coisa que chama a atenção é o início fraco da temporada de resultados do quarto trimestre, que não está sendo tão bem avaliada quanto os números do trimestre anterior. Ontem, a queda de 13% no lucro do Goldman Sachs foi um dos gatilhos de queda para as Bolsas. Caso a temporada de resultado falhe em surpreender positivamente como as últimas fizeram, podemos ter problemas na sustentação dos múltiplos elevados americanos.

Anote aí!

A agenda está fraca hoje no Brasil, o que permite que os mercados se debrucem sobre as notícias políticas, sobre o coronavírus e sobre o panorama internacional. IPC-Fipe da segunda quadrissemana de janeiro e IGP-M da segunda prévia de janeiro aparecem como as únicas coisas mais relevantes no calendário local, uma vez que se trata de inflação, o tema do momento no mundo.

Lá fora, a Europa conta com a divulgação do relatório mensal sobre mercados de petróleo da Agência Internacional de Energia (AIE), na França. Paralelamente, no Reino Unido, enquanto o primeiro-ministro britânico luta para manter seu cargo, investidores prestam atenção na inflação dos preços ao consumidor em dezembro.

Nos EUA, por sua vez, os investidores acompanham a continuidade da temporada de resultados, que conta com Bank of America, Morgan Stanley, Procter & Gamble e United Airlines ao longo do dia. Além disso, fala de Janet Yellen, a secretária do Tesouro, e indicadores de construções de moradias iniciadas em dezembro chamam a atenção.

Muda o que na minha vida?

A AT&T e a Verizon devem implantar seu novo serviço 5G hoje (as licenças da T-Mobile só se tornam disponíveis no final de 2023). Embora os leilões tenham ocorrido em outubro do ano passado, as tensões entre as partes envolvidas estão chegando ao auge apenas agora.

Um dos dramas é a problemática colocada pelas empresas aéreas de que os sinais de 5G poderiam afetar os equipamentos de aeronaves (a questão já atrasou o lançamento mais recente do 5G duas vezes).

No centro do problema estão os altímetros, ou dispositivos que usam frequências de rádio para medir a distância entre uma aeronave e o solo de modo a ajudar os aviões a pousar com mau tempo. Autoridades de aviação temem que novas frequências de celular possam colocar em risco as aeronaves, prejudicando as leituras.

Em resposta, a AT&T e a Verizon já concordaram em criar zonas de amortecimento em torno de vários aeroportos para reduzir os riscos de interferência, bem como outras medidas para reduzir possíveis interferências. No entanto, as aéreas sentem que as medidas de precaução podem não apenas ser limitantes, mas também inutilizar alguns tipos de aeronaves.

Empresas de telecomunicações e do setor aéreo podem repercutir a dinâmica nos preços hoje, espraiando para o Brasil, ainda que em um segundo momento. A aplicação de novas tecnologias geralmente encontra desafios entre setores. Este deve ser apenas o começo de muitas discussões parecidas sobre o 5G.

Um abraço,
Jojo Wachsmann

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