Colunista Vitreo

Pré-Mercado: Dia de reflexão para os mercados globais

21 fev 2022, 8:40 - atualizado em 21 fev 2022, 8:40
Não coloque um espantalho na mesa de negociações | Spencer (2021)

Oportunidades do dia

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Bom dia, pessoal!

No exterior, as ações asiáticas caíram nesta segunda-feira (21), enquanto os investidores observavam os acontecimentos na Ucrânia depois que a Rússia abriu mão das promessas anteriores de retirar dezenas de milhares de integrantes de suas tropas da fronteira norte da Ucrânia. Tóquio, Seul, Hong Kong e Xangai caíram.

Como pano de fundo, a ameaça de guerra na Ucrânia segue como o maior risco para os mercados globais e deve manter os investidores na defensiva. Putin e Biden aceitaram realizar uma cúpula conjunta em um esforço diplomático para impedir uma guerra. Tais desdobramentos aumentam a ansiedade dos investidores sobre o ritmo e o impacto dos aumentos das taxas de juros.

O início da semana reserva um feriado nos Estados Unidos, que fecha hoje todos os mercados por lá, dando tempo para os investidores respirarem e formarem as devidas expectativas para o PCE de janeiro (sexta-feira), o dado de inflação preferido pelo Fed.

A ver…

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Semana também terá menor liquidez no Brasil

Por aqui, a semana também é menos líquida pelos preparativos para o feriado de Carnaval, que começa na sexta-feira. Ainda assim, isso não significa que a semana será menos emocionante, com expectativa para resultados de peso, como o da Petrobras (quarta-feira) e o da Vale (quinta-feira), bem como para a prévia da inflação — IPCA-15 para fevereiro esperado para quarta-feira.

O ambiente de Brasília volta a provocar as expectativas fiscais, a começar com as várias tentativas do Senado para votar nesta semana os projetos relacionados aos combustíveis. Na CCJ do Senado, o relator da reforma tributária, Roberto Rocha (PSDB-MA), deverá apresentar seu parecer. Não somente isso, mas os resultados fiscais de janeiro também são amplamente aguardados.

Sem mercado para recobrar as energias

Os mercados financeiros dos EUA estarão fechados nesta segunda-feira em observância ao Dia dos Presidentes (ou Aniversário de Washington). Assim, o feriado pode dar aos investidores algum tempo para refletir em meio à turbulência nos mercados financeiros. Ontem (20), os futuros dos índices de ações dos EUA caíram, em meio a alertas ainda mais urgentes de autoridades dos EUA de que uma invasão russa da Ucrânia poderia ocorrer em breve.

Não seria novidade; afinal, as ações americanas caíram por duas semanas consecutivas com temores de uma guerra terrestre na Europa combinada com o aumento da inflação e a probabilidade de vários aumentos nas taxas de juros. Na última sexta-feira, o Wall Street Journal informou que autoridades, incluindo o presidente do Fed de Nova York, John Williams, estão sinalizando que o banco central está inclinado a um aumento de 50 pontos-base na taxa.

Entre Irã e Ucrânia

O mercado de petróleo também estará no centro das atenções nesta semana, à medida que os desenvolvimentos na relação entre a Rússia e a Ucrânia se desenrolam e a perspectiva de maior produção do Irã é ponderada.

Sobre este segundo ponto, no Irã, diplomatas americanos e europeus parecem ter feito progressos em chegar a um novo acordo nuclear, que permitiria ao Irã retomar as exportações de petróleo para grande parte do mundo em troca de garantias de que o país não construiria armas nucleares.

Estima-se que o Irã poderia adicionar cerca de um milhão de barris de petróleo ao suprimento global diário, um aumento de cerca de 1%. Isso pode não parecer muito, mas mudanças relativamente pequenas na margem podem ter grandes impactos nos preços. Sem um acordo com o Irã, é provável que o petróleo retome sua alta.

Anote aí!

No Brasil, o governo deve anunciar o nome do novo líder do governo no Senado, cargo vago desde dezembro. A temporada de resultados segue aquecida, com digestão hoje do resultado da Cosan e na expectativa para os números de Assaí e Movida. Para as eleições, contamos com a divulgação de pesquisa CNT/MDA sobre avaliação do governo e sucessão presidencial.

Lá fora, nos EUA, para a semana, além do deflator PCE, espera-se que a segunda estimativa do PIB do 4º trimestre seja revisada para cima. Atualizações sobre novas vendas de casas e pedidos de bens duráveis também estão a caminho.

Muda o que na minha vida?

Já se foram os dias em que bitcoin e outras criptomoedas podiam ser consideradas um nicho de mercado financeiro. Hoje, tal segmento do mercado acabou se tornando quase que mainstream, sendo influenciado, inclusive, por dados econômicos, tal qual outros ativos do mercado financeiro. Isso pode ser verificado com a elevação da correlação entre as criptos e os índices tradicionais, como o S&P 500.

Segundo um novo estudo do Financial Stability Board (órgão internacional que reúne reguladores de 24 países), o mercado de criptomoedas e sua rápida evolução pode chegar a um ponto em que se torna uma ameaça potencial à estabilidade financeira global devido ao seu tamanho, grau de volatilidade, vulnerabilidades estruturais e laços crescentes com o sistema financeiro tradicional. Apesar de ser um manifesto em defesa de maior intervenção por parte dos BCs, o relatório chamou a atenção.

Ao longo dos últimos anos, bancos relevantes e outras instituições financeiras se tornaram cada vez mais dispostos a realizar atividades e obter exposições a tal mercado. Consequência disso foi que, em 2021, o mercado de criptoativos mais que triplicou para US$ 2,6 trilhões. O número, ainda assim, é pequeno. Os mercados de ações globais, por exemplo, foram avaliados em mais de US$ 120 trilhões.

Contudo, se a atual trajetória de crescimento em escala e interconectividade de criptoativos para essas instituições continuar, isso pode ter implicações para a estabilidade financeira global. Um crescimento descontrolado (sem regulação) do mercado de criptos pode ter consequências ruins para os mercados de maneira geral.

Um abraço,

Jojo Wachsmann