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Pré-Mercado: Dia de encontro entre os líderes mundiais

24 mar 2022, 9:09 - atualizado em 24 mar 2022, 9:10
O mercado, sob tensão, querendo receber com alegria o encontro da OTAN | No Ritmo do Coração (2021)

Oportunidade do dia

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Bom dia, pessoal!

Lá fora, as ações asiáticas seguiram predominantemente o dia de ontem (23) em Wall Street, em baixa à medida que os preços do petróleo sobem novamente para acima de US$ 120 por barril. Tóquio, Hong Kong e Xangai caíram. Na Oceania, a Bolsa de Sydney subiu, ainda que timidamente (de maneira similar ao Brasil, a Austrália também tem sensibilidade positiva para a alta das commodities).

Com isso, após o rali da semana passada, os mercados foram presenteados com uma semana bem volátil, com os investidores avaliando as preocupações com o aumento da inflação e o crescimento econômico mais lento. Na Europa, pelo menos por enquanto, os mercados amanhecem em tímida alta (não todos, mas uma parte dos mercados relevantes), seguidos pelos futuros americanos, que também sobem nesta manhã.

Os investidores querem ver o resultado das reuniões da OTAN e da cúpula de líderes europeus nesta quinta-feira, em que o presidente Joe Biden se reunirá com os principais aliados para discutir a imposição de novas sanções punitivas à Rússia, além de lidar com a extraordinária crise humanitária devido à invasão da Ucrânia, trabalhando em um consenso sobre como responder caso os russos se valham de um ataque cibernético generalizado e organizado, químico ou mesmo nuclear.

A ver…

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Na expectativa pelo RTI

Ontem (23), enquanto os mercados internacionais sofriam com a alta do petróleo, que saltou 5% e superou US$ 120 por barril, o mercado brasileiro engatou sua sexta alta seguida, acompanhada de mais uma desvalorização do dólar, hoje cotado em seu menor patamar desde 13 de março de 2020, aos R$ 4,8442.

Trata-se do mesmo humor, descolado da realidade global, que vem impulsionando os ativos brasileiros desde janeiro, haja vista nossa antecipação ao aperto monetário e o desconto de nossos ativos relativamente aos investimentos internacionais (moeda e ações baratas).

Ainda assim, a alta do petróleo e a pressão de preços sobre alimentos colocam o Comitê de Política Monetária (Copom) em uma sinuca de bico para defender um suposto “cenário alternativo”, ilustrado no comunicado da semana passada e reforçado na ata de terça-feira (22), de inflação ancorada na meta em 2023.

Não é tão trivial assim.

Dessa forma, para entender melhor os desdobramentos inflacionários, os investidores estarão de olho hoje na entrega do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que poderá dar mais entendimento do BC sobre o processo inflacionário, na véspera do IPCA-15.

Desaceleração de ganhos

A performance ruim em 2022 é um anticlímax para as Bolsas americanas, que estavam desfrutando um bull market (mercado de alta) nos últimos dois anos. Na verdade, na história, foi o rali mais forte em dois anos para o S&P 500 desde 1937, com uma alta de quase 100% a partir do fundo durante a pandemia. Entretanto, diferentemente do que vimos até dezembro do ano passado, 2022 tem sido difícil.

Aliás, historicamente, o terceiro ano dos mercados em alta tende a ser um pouco menos pujante e potencialmente mais volátil, como vimos até aqui. Se avaliarmos, inclusive, os 11 bull markets americanos desde a Segunda Guerra Mundial, três deles se encerraram na entrada do terceiro ano, no qual aqueles que não terminaram tiveram um ganho médio de apenas 5,2%.

Agora, porém, os investidores continuam preocupados com a inflação, com o aperto do banco central para controlar a disparada dos preços, com as repercussões energéticas da crise atual e com o choque sobre a cadeia de suprimentos provocado pela invasão da Ucrânia pela Rússia — tal combinação pode jogar os EUA em recessão. Ainda há espaço para que o pior cenário não se materialize, mas não será tão simples.

Dia de encontro entre os líderes mundiais

Hoje, o presidente dos EUA, Joe Biden, e seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) estarão em Bruxelas para discutir novas estratégias para isolar Moscou economicamente, reduzir a dependência da Europa das fontes de energia russas e reforçar o alerta sobre de que lado a China está — teremos reunião da OTAN, do G7 e do Conselho da União Europeia.

A expectativa é que mais sanções sejam impostas sobre a Rússia, principalmente depois de o governo americano ter acusado oficialmente a Rússia de ter cometido crimes de guerra na Ucrânia.

Com agenda geopolítica lotada, o mercado projeta certa cautela na alta desta manhã. Sabe-se que o governo Biden está preparando sanções a mais de 300 membros da Duma Estatal da Rússia, a Câmara baixa do parlamento, sendo que tais sanções serão anunciadas junto com a União Europeia e membros do G-7.

Enquanto isso, a UE está incentivando seus membros a estocarem pílulas de iodo, roupas de proteção e outros medicamentos em caso de acidente químico, biológico ou nuclear na Ucrânia.

Outro problema vem da Rússia, onde o presidente Putin está exigindo que os Estados considerados hostis paguem em rublos pela energia russa, em uma estratégia muito parecida com a do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein.

Contudo, os mercados de energia permanecem denominados em dólares americanos. As tensões entre os países só se elevam e quem paga o preço é o consumidor de energia e combustíveis.

Anote aí!

A agenda está repleta de coisas hoje.

No Brasil, além da continuidade da temporada de resultados, contamos com a divulgação do RTI pelo BC, com o IPC-S Capitais da 3ª quadrissemana de março, com a reunião mensal do Conselho Monetário Nacional (CMN) e com a fala de algumas autoridades, como Roberto Campos Neto e Paulo Guedes.

Mas é lá fora que o bicho pega.

Em território europeu, os olhos estão atentos para a Reunião ministerial da Agência Internacional de Energia (AIE), na França, para a reunião do Conselho Europeu com presença do presidente dos EUA, para a reunião da Otan e para o encontro de líderes no âmbito do G7, os três últimos na Bélgica. Dados sobre PMI de vários países também são esperados por lá.

Por fim, nos EUA, contamos com as falas de algumas autoridades monetárias do Federal Reserve, com dois suplentes do Comitê Federal de Mercado Aberto (Charles Evans, presidente do Federal Reserve de Chicago, e Neel Kashkari, presidente do Federal Reserve de Minneapolis) se pronunciando em eventos públicos. Fora isso, dados de bens duráveis são destaque no campo econômico, além dos tradicionais pedidos de auxílio-desemprego.

Muda o que na minha vida?

À medida que a versão BA.2, altamente infecciosa, da variante ômicron se espalha pelo mundo (sim, ainda estamos em meio a uma pandemia), chamando a atenção de autoridades na China e na Europa, os reguladores e as autoridades de saúde continuam a debater se é necessária uma quarta dose de vacina.

Até agora, a subvariante da ômicron representou cerca de 34% dos casos nos EUA na última semana, acima dos 23% e 13% nas semanas anteriores. Sentindo os mesmos efeitos da subvariante, alguns países já aprovaram novos reforços (a quarta dose), como Israel, Alemanha, Espanha e Suécia, mas os EUA ainda estão debatendo seu avanço. No Brasil, com aproximadamente 75% da população totalmente vacinada e com 35% tendo recebido a dose de reforço, as lideranças não parecem preocupadas.

Ainda assim, os dados mostraram que as taxas de infecções confirmadas foram 2 vezes menores e as taxas de doenças graves foram 4 vezes menores entre os indivíduos que receberam uma dose de reforço adicional (duas doses + reforço + reforço adicional), em comparação com os indivíduos que receberam apenas um reforço inicial.

Contudo, não é unanimidade.

Repetir as imunizações com intervalos muito curtos pode começar a induzir tolerância, a última coisa que queremos. A ideia agora tenderia a ser de uma organização social para a nossa imunização mais gradual e sutil, em vez de simplesmente dar uma quarta dose às pessoas.

Um abraço,

Jojo Wachsmann