Colunista Vitreo

Pré-mercado: Como as autoridades monetárias querem ser chamadas?

23 mar 2021, 8:26 - atualizado em 23 mar 2021, 8:26
Please, call me mank/ Mank (2020)

Bom dia, pessoal!

Abrimos o dia em tom negativo na Europa, em grande parte devido à retomada das restrições em diversas regiões na Zona do Euro, em especial na Alemanha.

Investidores ainda temem a inflação no mundo desenvolvido, ainda que tenham dado uma trégua de ontem para hoje – uma recuperação ao longo do pregão de ontem por conta da acomodação dos juros americanos.

Hoje, por outro lado, futuros de Wall Street abrem a manhã em queda. A ver…

De olho na ata do Copom

Por aqui, vale ficar de olho na ata do Copom, que servirá para balizar melhor o mercado depois da alta de 75 pontos-base na semana passada.

Diante da deterioração do cenário interno, com problemas fiscal, crise sanitária e insalubridade política, um melhor norteamento da política monetária vai bem, obrigado. Os legisladores em todos os lugares enfrentam muitos problemas e o Brasil não é exceção.

O futuro pós-pandêmico não se encaixa nos modelos convencionais de recessão, principalmente diante das mudanças estruturais da quarta revolução industrial.

O auxílio emergencial, que não cobre sequer uma cesta básica, começa no mês que vem e há quem tema que não seja o suficiente – seria necessário, mas não há dinheiro. Desse jeito, nem conseguimos ficar animados com a arrecadação recorde de ontem.

Falar o que já foi falado

Hoje, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, e o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, falarão perante o Congresso (mais especificamente, a Câmara).

A inflação e os gastos do governo tornaram-se tópicos altamente politizados e acompanhados pelo mercado, de modo que o dia a dia se tornou temático.

Segundo o texto da fala, divulgado antes, será reforçada a mensagem dovish, garantindo os juros baixos por longo tempo – os juros de longos prazo nos EUA estão em 2,5%.

A economia dos EUA está a caminho de um boom, com o Federal Reserve esperando que o PIB se expanda 6,5% este ano. Isso marcaria o crescimento mais rápido desde 1984, quando Ronald Reagan estava em seu primeiro mandato como presidente.

Duas preocupações: i) a inflação; e ii) o quadro fiscal. A conta chega para todo mundo.

No radar dos investidores, um aumento nos impostos corporativos deverá ser verificado em diferentes partes do mundo, sendo guiados pelos EUA.

Estima-se que um eventual próximo pacote incluirá cerca de pelo menos US$ 750 bilhões para infraestrutura e US$ 1 trilhão para estender créditos tributários. Este programa deverá ser financiado em parte pelo aumento da alíquota do imposto corporativo de 21% para 28%.

Anote aí!

A ata do Copom rouba a cena no âmbito doméstico, mas ainda poderemos contar com sondagem do consumidor de março e mais uma prévia do IPC-S de março.

No exterior, fala de autoridades monetárias e fiscais nos EUA e Reino Unido ficam sob holofotes.

Nos EUA, vendas de moradias e estoques de petróleo são importantes, enquanto relatório de resiliência econômica da OCDE deverá brilhar os olhos dos investidores gringos.

Muda o que na minha vida?

Comentamos por aqui ontem, mas não custa reforçar. O caso da Turquia joga luz sobre a importância de um BC independente.

Os mercados emergentes estão em alerta depois que o presidente turco Erdogan demitiu outro presidente do banco central alguns dias depois de um aumento na taxa de juros maior do que o esperado – a taxa da Turquia está em 19%.

É a quarta vez que o presidente da Turquia demitiu o chefe do banco central do país desde que assumiu o cargo em 2014. Consequentemente, o país perde uma âncora de credibilidade institucional.

A independência do BC, aprovada recentemente por aqui, foi uma grande conquista estrutural de longo prazo, para evitar barbeiragens como esta – depois do episódio, a lira turca desvalorizou-se como poucas vezes na história.

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Esperamos que você tenha gostado da dica de hoje.
Um abraço,

Jojo Wachsmann

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