Colunista Vitreo

Pré-mercado: Cheiro de comida boa no ar

15 jul 2021, 8:59 - atualizado em 15 jul 2021, 8:59
Qual será a próxima parada do trem de crescimento chinês / A Viagem de Chihiro (2001)

Bom dia, pessoal!

Conforme esperado, a economia chinesa entregou uma desaceleração de seu crescimento nos dados de PIB apresentados ontem (14) – comentaremos mais abaixo.

Os mercados internacionais, em especial os emergentes, devem reagir à entrega ao longo do pregão de hoje.

Em território americano, o presidente do Fed, Jerome Powell, voltará a falar hoje aos congressistas dos EUA, desta vez no Senado – a expectativa é que ele repita o discurso realizado na Câmara, que descartou a antecipação do “tapering” (processo de aperto monetário, especificamente sobre a redução do nível de compra mensal de ativos).

No Brasil, os holofotes ainda estão sobre Brasília, com votação importante no Congresso perto do recesso.

A ver…

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Acompanhando a reforma tributária

O presidente Jair Bolsonaro cancelou o encontro entre os três Poderes por motivo de saúde, estando em São Paulo para fazer mais exames diante da possibilidade de realização de uma cirurgia emergencial – o presidente passou mal por conta de uma obstrução intestinal.

Hoje é o prazo final para que o Executivo sancione o projeto para que estruturas industriais destinadas à fabricação de vacinas de uso veterinário sejam utilizadas na produção de vacinas contra a Covid-19 no Brasil – a medida é lida por muitos como importante para acelerar o ritmo de vacinação no território nacional.

Ainda em Brasília, a Comissão Mista de Orçamento vota o parecer do deputado Juscelino Filho (DEM-MA) que trata da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Assim, o Congresso vota a LDO/2022 para entrar em recesso, deixando para agosto a reforma do Imposto de Renda – o aparente consenso parece mais distante do que o imaginado anteriormente, mas ainda há espaço para aprovação.

Por fim, em São Paulo é realizado o leilão de 22 aeroportos com previsão de investimentos de R$ 447 milhões. Em termos estruturais, a notícia é positiva e dá fôlego para o mercado paulista.

Falou ontem e falará novamente hoje

Nos EUA, o testemunho de Powell, presidente do Fed, à Câmara aconteceu, mas nada de novo foi dito. Ele volta hoje ao Senado e continuará acrescentando pouco.

Lá, a autoridade deverá manter sua postura fria e calma, mesmo depois de números inesperadamente altos de inflação.

O debate sobre a inflação vai se intensificar mesmo que Powell e o Fed continuem a argumentar que grande parte da força dos preços está ligada à reabertura da economia.

Em sua apresentação perante o Congresso, que deverá ser repetida no Senado hoje, ele afastou as preocupações de que a recente aceleração da inflação refletisse qualquer coisa além de pressões temporárias.

O Fed manterá suas políticas atuais, observando que seu padrão de progresso adicional na economia estava ainda um pouco distante.

Disse também que as medidas das expectativas de inflação de longo prazo subiram de suas mínimas e estão em uma faixa que é amplamente consistente com a meta de inflação de longo prazo do Fomc.

O trem de crescimento chinês

A China relatou um crescimento do PIB no segundo trimestre ligeiramente abaixo das expectativas, enquanto as vendas no varejo e a produção industrial cresceram mais rápido do que o previsto – conforme a economia mundial passa a migrar para serviços, outros países gastarão mais em serviços domésticos, o que provavelmente diminuirá o crescimento das exportações da China.

O produto interno bruto do país aumentou 7,9% no segundo trimestre em relação ao ano anterior, aquém da estimativa de crescimento de 8,1% para o período entre abril e junho.

As vendas no varejo aumentaram 12,1% em junho em relação ao ano anterior, mais do que o nível esperado de 11%. A produção industrial, por sua vez, cresceu 8,3%, acima da estimativa de 7,8%.

Apesar de números mistos, de maneira geral, o tom negativo prevaleceu sobre ativos asiáticos, muito por conta da ação dos EUA em Hong Kong e de um acordo comercial digital proposto – o Senado dos EUA aprovou um projeto de lei que proíbe as importações de Xinjiang.

O ruído pode chamar mais atenção para a crise da cadeia de suprimentos global.

Anote aí!

No exterior, seguimos acompanhando a temporada de resultados nos EUA, que contará hoje com nomes de peso como Bank of New York Mellon, Morgan Stanley e Taiwan Semiconductor Manufacturing.

Ainda na agenda externa, poderemos observar os dados da produção industrial nos EUA e o relatório da Opep, que movimenta o mercado de petróleo.

No Brasil, vale acompanhar novidades em Brasília, tanto da CPI da Covid como da votação na Câmara da LDO para 2022 – o Senado também tem sessão para a LDO, mas na parte da tarde.

Muda o que na minha vida?

Não é de hoje que o Legislativo americano vem pressionando suas relações com a China. Recentemente, a Câmara aprovou a Lei de Inovação e Competição dos EUA, um pacote de US$ 250 bilhões que visa desafiar as ambições tecnológicas da China.

A medida é uma das maiores intervenções governamentais na política industrial em décadas, que derrotou as diferenças partidárias tradicionais em relação à política econômica.

Cerca de US$ 190 bilhões seriam direcionados à tecnologia e pesquisa dos EUA para melhor competir globalmente, incluindo dinheiro para ciência de ponta e inteligência artificial.

Outros US$ 54 bilhões aumentariam a produção e pesquisa em semicondutores e equipamentos de telecomunicações, bem como iniciativas de design e fabricação.

O Departamento de Comércio também receberá US$ 10 bilhões em financiamento para criar centros regionais de tecnologia para pesquisa e desenvolvimento (P&D), podendo combinar incentivos oferecidos por estados e governos locais aos fabricantes de chips que expandem ou constroem novas fábricas.

O movimento é relevante porque, de acordo com algumas estimativas, os gastos federais com P&D nos últimos anos totalizaram menos de 1% do PIB dos EUA, bem como menos de 3% dos gastos totais do governo, o nível mais baixo desde a corrida espacial na década de 1960.

Com relação à fabricação de semicondutores, foi ainda pior – a participação dos EUA na capacidade global de fabricação de chips caiu de 37% em 1990 para 12% atualmente.

Agora, o ritmo de investimentos nos EUA deve mudar, gerando ainda mais atrito entre os eixos globais – Ocidente x Oriente.

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Um abraço,

Equipe Vitreo