Colunista Vitreo

Pré-Mercado: Chegou a vez de a política monetária brasileira ficar sob os holofotes

31 jan 2022, 9:23 - atualizado em 31 jan 2022, 9:23
Prontos para o jogo da semana? King Richard: Criando Campeãs (2021)

Oportunidades do dia

[Está no ar] O episódio final da série O Clube dos 100 milhões

No último e mais importante vídeo, foi revelado o veículo criado exclusivamente para encurtar o caminho entre você e o que podem ser as maiores valorizações da Bolsa dos últimos 20 anos.

[QUERO ASSISTIR]

Bom dia, pessoal!

Lá fora, as ações asiáticas seguiram nesta segunda-feira (31) a alta que Wall Street teve no final da semana passada, apesar de toda a volatilidade verificada no mundo desenvolvido nos últimos dias.

Entretanto, o resultado de hoje está um pouco contaminado pela falta de liquidez dos mercados, uma vez que a China, a Coreia do Sul e o Sudeste Asiático estão fechados para o feriado do Ano Novo Lunar.

Os mercados europeus entregam uma alta nesta manhã, depois de as eleições italianas apresentarem um resultado de maior estabilidade e as eleições portuguesas concederem uma maioria absoluta à coalizão governante, que havia tido problemas recentemente com a aprovação do orçamento.

Os futuros americanos acompanham o bom humor.

O Brasil por sua vez, ainda que tenha espaço para seguir o ritmo bem humorado, tem suas próprias questões a resolver, em especial com a reunião de política monetária, a ser concluída na quarta-feira.

A ver…

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

É semana de Copom

Em semana na qual o Congresso Nacional retoma suas atividades, ainda que sem previsão de votação relevante no curto prazo, os investidores focam suas atenções na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em 2022.

Janeiro chega ao fim com expectativas de uma alta de 150 pontos-base prevista para a taxa Selic, levando-a para 10,75% ao ano — voltamos aos dois dígitos depois de quatro anos e meio.

A grande questão está no tom da autoridade monetária, que poderá optar por seguir o Fed e adotar continuidade da postura contracionista, pelo menos até março.

Por enquanto, o Brasil tem desfrutado de uma alta proporcionada pelo fluxo estrangeiro, que nesta semana terá que se preocupar também com decisão de política monetária não só no Brasil, mas na Europa, pelo BCE, e na Inglaterra, pelo BoE, ambos na quinta-feira.

Se a tendência de entrada de recursos continuar, podemos ter mais um mês positivo, descolado da performance internacional.

Paralelamente, os investidores também se atentam hoje ao Ministério do Trabalho, que divulga os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de dezembro e de 2021.

Depois de um janeiro difícil, a temporada de resultados é destaque

O índice S&P 500 caiu 8% em relação à máxima histórica e recuou 7% no mês de janeiro em um mercado cheio de volatilidade — os investidores não gostam disso, uma vez que um janeiro fraco, historicamente, significou um ano devagar para os retornos no mercado de ações.

Nos últimos 50 anos, um retorno negativo do S&P 500 em janeiro foi seguido por um retorno médio para os próximos 11 meses de 6,7% versus o retorno médio do resto do ano de 14% quando janeiro teve um ganho.

Enquanto isso, o Nasdaq caiu 16% nos últimos dois meses, sendo que abaixo do índice consolidado o dano é consideravelmente pior.

Isso porque, entre as ações da Nasdaq com valor de mercado acima de US$ 1 bilhão, um quarto caiu 30% ou mais desde meados de novembro. Mais de 60 ações da Nasdaq caíram mais de 50%.

Tudo isso por conta do aperto monetário nos EUA, que pressiona teses de crescimento.

Como o Federal Reserve deixou claro na semana passada que os aumentos das taxas estão chegando, provavelmente em março, existe pouco espaço para aprimoramento dos patamares de preço no curto prazo.

Resta, portanto, seguir acompanhando a temporada de resultados, de modo a esperar que o crescimento dos lucros consiga sustentar os múltiplos criados nos últimos 10 anos.

Para a semana, contamos com os números de Alphabet (dona do Google), Amazon, Ford Motors e Starbucks.

Volatilidade no mercado de energia

No mercado de energia, a reunião da Opep+ será observada de perto, com os fatores de oferta e demanda em destaque. Segundo a agência de energia dos EUA, estima-se que a Opep aumentará a produção de petróleo em quase 2,7 milhões de barris por dia em 2022, o maior aumento ano a ano desde 2004.

A previsão de produção de petróleo bruto é amplamente baseada na interpretação da reunião da Opep+ de janeiro de 2022, quando os participantes reafirmaram sua decisão de continuar aumentando a produção em 0,4 milhão barris por dia a cada mês até que todos os cortes de produção sejam revertidos.

Novidades na reunião desta semana poderiam alterar as projeções de produção e, consequentemente, movimentar o preço do petróleo, que já está próximo de US$ 90 por barril.

Preços de barril elevados costumam ser positivos para países exportadores, como o Brasil, apesar de, por outro lado, pressionarem a inflação.

Anote aí!

A semana será agitada, não só pelo acúmulo de reuniões de política monetária ao redor do mundo, mas também pelo calendário corporativo, no Brasil e lá fora.

Por aqui, teremos o início da temporada de resultados, enquanto aguardamos pela decisão do nosso BC, que sairá na tarde de quarta-feira (2), depois do mercado.

Há também duas novas pesquisas de intenção de voto para presidente para serem divulgadas.

Hoje, especificamente, podemos contar com dados do setor público consolidado, que deverá apresentar superávit de R$ 13,75 bilhões em dezembro.

Dados de Caged e Boletim Focus e o julgamento da venda da Oi pela Anatel também estão no radar.

Lá fora, os dados do PIB do quarto trimestre da área do euro estão sob o escrutínio do mercado. Paralelamente, nos EUA, enquanto aguardamos pelo payroll de sexta-feira (4), podemos acompanhar as falas de presidentes regionais do Fed, bem como a continuidade da temporada de resultados.

Muda o que na minha vida?

Como comentamos acima, os últimos meses têm sido difíceis para investidores em tecnologia, com destaque para um janeiro especialmente ruim.

O fundo ARK Innovation, de Cathie Wood, grande acionista de Tesla, Zoom e Roku, caiu quase 30% no ano, sendo que perdeu mais de 50% de sua máxima.

No mercado financeiro, personalidades passam de heróis a vilões muito rápido.

O fundo de Wood tinha sido referência no ano da pandemia, por mais que dobrar em 12 meses. Agora, a gestora devolve todos os seus ganhos, ficando lado a lado com o megainvestidor tradicional Warren Buffett, da Berkshire Hathaway.

Isso porque bancos, empresas de energia e outras ações relacionadas às teses de valor (descontadas, com relação preço-lucro mais baixas) subiram este ano, o que é uma ótima notícia para Buffett, já que o conglomerado de investidores investe em muitas dessas empresas.

Consequentemente, as ações da Berkshire Hathaway subiram cerca de 2% este ano e estão perto de uma alta histórica, enquanto todas as FAANGs (Facebook, Apple, Amazon, Netflix e Google), Microsoft e Tesla estão no vermelho.

É muito cedo para dizer se as tendências atuais do mercado se manterão. Mas os investidores de valor que tiveram paciência estão muito bem até agora em 2022.

Um abraço,

Jojo Wachsmann