Colunista Vitreo

Pré-Mercado: Caminhoneiros, fiscal e clima: começando novembro daquele jeito

01 nov 2021, 8:33 - atualizado em 01 nov 2021, 8:33
Esperando para ver se de fato haverá greve dos caminhoneiros no Brasil (Hell or High Water, A Qualquer Custo, 2016)

Oportunidades do Dia

– Com base no sucesso da Semana da Renda Fixa na semana passada, decidimos que esse pré-feriado merecia um “puxadinho”. Traremos, às 10h, uma nova oportunidade para você.

Um título diferente de todos que ofertamos na semana passada.

Spoiler: pinga-pinga. Esteja atento ao seu email, aplicativo e aos canais oficiais da Vitreo às 10h

Bom dia, pessoal!

No primeiro dia útil do penúltimo mês do ano, os mercados asiáticos sobem, liderados pelo humor pós-eleitoral no Japão.

Por lá, as ações avançaram nesta segunda-feira (1º), com o índice de Tóquio subindo 2,2% depois que a coalizão do primeiro-ministro japonês Fumio Kishida manteve uma confortável maioria na eleição parlamentar de domingo, apesar de perder alguns assentos.

A atenção agora se voltará para as perspectivas de um pacote de estímulo fiscal, à medida que o Japão surfa sua recuperação econômica. Além disso, poderíamos citar as exportações sul-coreanas em recorde no mês de outubro como um fator adicional para as forças dos mercados asiáticos nesta semana.

Por aqui, a semana será mais curta com o feriado de Dia de Finados amanhã (2), que fechará os mercados. Sem mercado aqui, investidores acompanharão de longe uma agenda carregada.

O principal evento da semana será a conclusão da reunião de política monetária dos EUA, na quarta-feira (3), que deve anunciar o início do “tapering” (redução dos US$ 120 bilhões em compras mensais de ativos do banco central).

Na quinta-feira (4), teremos o Banco da Inglaterra também divulgando seu posicionamento, sem falar da reunião da Opep+ no mesmo dia, que está sob pressão para elevar a produção de petróleo.

A ver…

Avaliando a possibilidade de greve dos caminhoneiros

No Brasil, apesar do feriado de amanhã, seguimos com Brasília sendo nosso principal driver de mercado, enquanto acompanhamos uma temporada de resultados predominantemente positiva, ao menos até aqui.

Em semana importantíssima para o Auxílio Brasil, é esperada para quarta-feira a votação da PEC dos Precatórios, depois de postergada já várias vezes nos últimos dias – vale lembrar que, caso não consiga aprovar a questão dos precatórios junto ao Legislativo, o governo definirá um plano B, que deverá passar pelo retorno do auxílio emergencial.

Antes disso, porém, a possibilidade de greve dos caminhoneiros a partir de hoje deve gerar volatilidade.

Ao que tudo indica, as entidades mais representativas dos caminhoneiros não vão aderir à greve convocada para esta segunda-feira.

Um fator positivo é que o segmento dos tanqueiros estará fora da paralisação; ou seja, é baixo o risco de problemas no abastecimento de combustíveis.

O quadro atual difere de 2018 em alguns pontos:

i) a greve de 2018 não foi um movimento de caminhoneiros autônomos, mas um processo organizado pelas transportadoras e com o apoio do agro – de lá para cá, a participação do transportador autônomo caiu e hoje representa menos de um terço da movimentação de cargas;

ii) houve um aprimoramento na curva de aprendizado do governo em termos de monitoramento e inteligência por meio das forças de segurança envolvidas;

iii) o início do mês de novembro representa um aquecimento da produção e do escoamento de cargas (Black Friday, Natal e festas de fim de ano) – o caminhoneiro comum tende a aproveitar o momento;

iv) o atual governo ainda preserva um bom canal de comunicação com a categoria, principalmente depois do anúncio do auxílio de R$ 400.

Logo, a avaliação é que não haverá adesão expressiva, até mesmo porque não há pauta unificada no movimento.

O mais provável é que haja uma situação similar ao que aconteceu em 1º de fevereiro, quando estas mesmas lideranças tentaram uma paralisação – a estratégia do governo será a de desmobilizar qualquer tentativa de bloqueio com o apoio da Polícia Rodoviária Federal.

Pós-Big Techs

Os resultados corporativos das Big Techs agora ficaram no passado e os investidores parecem mais calmos. Tirando os resultados inexpressivos da Apple e da Amazon, que apontaram para problemas da cadeia de suprimentos, os demais números foram positivos.

A Microsoft agora tirou a coroa de empresa mais valiosa da Apple, com uma capitalização de mercado de US$ 2,49 trilhões. Exxon Mobil, Chevron e Merck também deram sustentação aos índices americanos.

Consequentemente, o S&P 500 e o Dow Jones Industrial Average encerraram em novos fechamentos recorde (o 59º e o 39º fechamentos recorde para o ano, respectivamente), enquanto o Nasdaq Composite terminou em seu 38º fechamento recorde para 2021.

Após um revés em setembro, pressionado com revisões monetárias e fiscais em Washington, o S&P 500 subiu 6,9% em outubro, no que foi seu melhor desempenho mensal desde novembro passado.

O Dow acumulou alta de 5,8% no mês, com o Nasdaq avançando 7,3%. Mais resultados virão nesta semana, mas os investidores voltarão a se preocupar com a inflação e com o que o Federal Reserve fará a seguir.

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Aperto monetário? Talvez você não precise se preocupar

Os membros do Federal Reserve (Fed) se reúnem nesta quarta-feira, quando todos devem anunciar o encerramento do programa de estímulo de emergência do banco central, reduzindo suas compras mensais de US$ 120 bilhões em títulos do Tesouro e títulos lastreados em hipotecas.

A posição do Fed sobre a inflação “transitória” também será crucial. No que diz respeito às taxas, os mercados de futuros de fundos federais estão efetivamente precificando pelo menos dois aumentos de 25 pontos-base na taxa-alvo até o final de 2022, em linha com o que foi anunciado de “tapering” até meados do ano que vem.

Apesar do senso comum, os ciclos de política monetária restritiva têm sido historicamente positivos para as ações. As exceções foram na década de 1970, quando a inflação era anticíclica e o Fed apertou apesar da desaceleração do crescimento.

Em ciclos regulares, o Fed aumenta as taxas apenas quando a economia e os resultados corporativos justificam uma postura política mais rígida.

Taxas mais altas tendem a levar à queda dos valuations, mas o crescimento dos lucros é normalmente forte o suficiente para compensar a redução.

Anote aí!

Na véspera do feriado de Finados, seguimos acompanhando a chance de uma paralisação dos caminhoneiros autônomos.

Fora isso, temos resultados corporativos e divulgação do Ministério da Economia sobre o resultado da balança comercial em outubro.

Nos EUA, a pesquisa de opinião sobre o sentimento empresarial do ISM será entregue.

Para a semana, ainda lá fora, destaque para os números de empregos de outubro na sexta-feira, que deverão relatar um ganho de 435 mil folhas de pagamento não agrícolas e uma taxa de desemprego inalterada de 4,8%.

Muda o que na minha vida?

Depois de um G20 mais fraco do que o esperado durante o fim de semana, os investidores devem estar atentos à COP26. Desde ontem, os líderes mundiais se reúnem em Glasgow, na Escócia, para a cúpula do clima.

Como temos visto, há uma preocupação com o fato de a crise climática poder desencadear o próximo colapso financeiro, principalmente depois da onda de “inflação verde” que temos verificado ao redor do mundo desde o terceiro trimestre.

A crise climática está se formando lentamente com desdobramentos potencialmente desastrosos.

Para ilustrar, no início do mês passado, o Conselho de Supervisão da Estabilidade Financeira dos EUA apontou pela primeira vez as mudanças climáticas como uma ameaça emergente e crescente à estabilidade financeira dos EUA.

Ou seja, os eventos climáticos extremos associados a temperaturas mais altas já estão impondo custos econômicos significativos, mas o problema tende a piorar nos próximos anos.

Para limitar o aquecimento a 1,5 grau Celsius e evitar os piores efeitos da crise climática, por exemplo, as Nações Unidas alertaram que o mundo precisa reduzir a produção de combustíveis fósseis – hoje, só em se tratando de óleo, contamos com uma demanda de quase 100 milhões de barris de petróleo por dia.

É um debate que temos atualmente, pois estamos sentindo na pele que uma transição mais rápida do que o planejado pode ser igualmente danosa para as economias mundiais, principalmente com a corrosão do poder de compra das populações – pressão nos preços de energia e na inflação.

Outro problema é a identificação da emissão de gases. Estima-se que mais de 70% de alguns dos principais emissores corporativos do mundo não divulgaram fidedignamente os efeitos do risco climático nas demonstrações financeiras de 2020.

Diante disso, os países estão convocando negociadores na COP26 para discutir uma maneira de modernizar as divulgações, de modo que as empresas possam trabalhar dentro de uma estrutura consistente de apresentação de seus dados, para controlar melhor as emissões.

Um abraço,

Jojo Wachsmann

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