Colunista Vitreo

Pré-Mercado: Algumas tensões estão no ar nesta segunda-feira

07 fev 2022, 9:04 - atualizado em 07 fev 2022, 9:04
Commodities: em meio a tantas turbulências, uma ilha de esperança / The House (2022)

Oportunidade do dia

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Bom dia, pessoal!

Lá fora, as ações asiáticas tiveram uma segunda-feira (7) mista, embora o índice de referência de Xangai tenha subido com a reabertura dos mercados após o feriado do Ano Novo Lunar (havia um catch-up a ser realizado).

O ruído deriva do aumento das infecções por Covid-19 na região por causa da variante ômicron — grande parte do Japão, por exemplo, está funcionando sob um pedido do governo para que restaurantes e bares fechem mais cedo para retardar o crescimento explosivo de casos e hospitalizações.

Apesar de Moscou ter intensificado a mobilização militar na fronteira com a Ucrânia, reforçando as apostas de petróleo perto de US$ 100 (já estamos acima de US$ 90), os mercados europeus abrem a semana em alta.

O mesmo não pode ser dito unilateralmente sobre os futuros americanos, que se dividem entre altas e baixas.

Por ali, os investidores ainda digerem os dados de emprego da semana passada, enquanto aguardam a leitura do índice de inflação nesta semana.

A ver…

Notícias corporativas de vento em popa

Para a semana, por aqui, o noticiário corporativo ganha corpo, sendo influenciado em grande parte pelos relatórios de produção de Vale e Petrobras, além dos resultados de quarto trimestre da Usiminas, do Bradesco e do Itaú — como commodities e bancos perfazem aproximadamente 50% do Ibovespa, as movimentações acabam ganhando um cunho sistêmico bastante relevante para o mercado local.

Mas não para por aqui. Amanhã (8), o Congresso se reúne para analisar os vetos presidenciais, enquanto o relator da reforma tributária, Roberto Rocha, pode apresentar seu parecer na CCJ do Senado — há pouca expectativa para a aprovação de qualquer reforma em 2022.

Fora isso, a questão dos combustíveis continua atraindo atenção dos Poderes. Investidores acompanham Brasília, na esteira do aguardo da ata do Copom e do IPCA de janeiro.

Sobre o primeiro ponto, pode gerar volatilidade caso a PEC apelidada de “kamikaze” (por conta do impacto fiscal) ganhe relevância no debate.

No aguardo dos dados de inflação

Na semana passada, o relatório de emprego dos EUA nos lembrou que ainda estamos enfrentando problemas com a projeção dos dados.

A economia americana adicionou 467 mil empregos em janeiro, superando as expectativas de cerca de 150 mil e surpreendendo os investidores que estavam preocupados com os impactos da variante ômicron sobre o mercado de trabalho.

Os dados tinham mais a ver com a redução de demissões do que com aumento de contratações.

Ainda assim, de modo geral, os números foram fortes, embora a taxa de desemprego tenha ficado em 4%.

Sabemos que este relatório pode ter impactos nas próximas decisões a serem tomadas pelo Fed.

Para agregar ainda mais à tomada de decisão, teremos na quarta-feira (9) o índice de preços ao consumidor de janeiro — espera-se um aumento de 7,3% na comparação anual, a maior taxa de inflação desde 1981.

Já passamos do pico da temporada de resultados do quarto trimestre, mas ainda há muitas empresas notáveis para relatar. Cerca de 75 componentes do S&P 500 estão programados para a semana.

Teremos nos próximos dias os números da Pfizer, Coca-Cola e Disney, entre outros nomes.

O relatório da Peloton Interactive e o primeiro dia do investidor da Uber Technologies desde que abriu o capital chamam a atenção.

Tensões eurasianas

A União Europeia está se preparando para administrar as consequências econômicas de qualquer conflito na Ucrânia, incluindo subsídios à energia.

O presidente francês, Emmanuel Macron, deve realizar negociações em Moscou nesta segunda-feira, em uma tentativa de ajudar a diminuir a situação tensa em torno da Ucrânia.

A concentração de cerca de 100 mil soldados russos perto da Ucrânia alimentou as preocupações ocidentais de que isso prenuncia uma possível ofensiva.

A Rússia negou quaisquer planos de atacar seu vizinho, mas está pedindo aos EUA e seus aliados que impeçam a Ucrânia e outras nações ex-soviéticas de ingressarem na Otan, interrompam os envios de armas lá e retirem as tropas da Europa Oriental.

Há uma tensão aqui.

Se o conflito provocar disrupção energética, os preços mais altos da energia prejudicam desproporcionalmente os grupos de baixa renda, impactando o poder de compra da população.

Ainda sobre energia, alguns ruídos sugerem que o parlamento europeu planeja se opor às regras sobre investimentos verdes por falta de acordo sobre quais são os investimentos ESG.

A semana promete ser de volatilidade para as commodities energéticas.

Anote aí!

A Europa digere a produção industrial alemã para dezembro, que foi mais fraca do que o esperado, com números de construção muito fracos. Apesar do número, os mercados sustentam uma alta nesta manhã.

A agenda está um pouco esvaziada.

No Brasil, contamos com os dados do setor automobilístico, bem como esperamos a divulgação de duas pesquisas sobre sucessão presidencial nos próximos dias. Boletim Focus semanal e o IGP-DI de janeiro também estão no cronograma.

Muda o que na minha vida?

O prefeito da capital do Canadá, Ottawa, declarou estado de emergência no domingo depois que os manifestantes que se opõem às restrições contra a Covid-19 continuam paralisando o centro da cidade.

O estado de emergência daria à capital poderes adicionais em relação às compras e como ela fornece serviços, o que pode ajudar a comprar equipamentos necessários para trabalhadores da linha de frente e socorristas.

Milhares de manifestantes voltaram a Ottawa no fim de semana e disseram que não sairão até que todos os mandatos e restrições contra a Covid-19 terminem.

Eles também estão pedindo a remoção do governo de Justin Trudeau — o primeiro-ministro até foi responsável por algumas das medidas, mas a maioria foi implementada pelos governos provinciais (além disso, visto que o governo acabou de ser reeleito, muito dificilmente esta pauta será apoiada).

As movimentações no Canadá são um lembrete de que a pandemia ainda não acabou e que propostas de conscientização e educação podem ter um efeito melhor a longo prazo, evitando ruídos e aglomerações.

Adicionalmente, trata-se mais um exemplo do motivo pelo qual a doença não será expurgada, mas, sim, transformada em endemia.

O ano de 2022 será importante para consolidarmos essa ideia, mas não podemos deixar de nos planejar para as próximas etapas de vacinação. Caso contrário, a pandemia poderá voltar a fazer preço sobre os mercados.

Um abraço,

Jojo Wachsmann

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