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Pré-Mercado: A digestão da reta final da temporada de resultados

17 maio 2022, 8:18 - atualizado em 17 maio 2022, 8:18
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Será que há espaço para risadas nesta terça-feira? | Sonatine (1993)

Bom dia, pessoal!

Os mercados internacionais amanhecem bem nesta terça-feira (17), com expectativas relativas aos dados europeus, como o PIB do primeiro trimestre da Zona do Euro, e à continuidade da temporada de resultados corporativos. Lá fora, as ações asiáticas subiram hoje, apesar dos dados que reforçam os temores dos investidores de que a recuperação econômica global pode ser mais frágil do que o esperado.

Ao mesmo tempo, os temores quanto ao ritmo de crescimento das duas maiores economias do mundo ressurgiram após fracos números de vendas no varejo e de produção fabril na China e dados decepcionantes de manufatura nos EUA — será importante acompanharmos hoje as perspectivas econômicas da presidente do BCE, Christine Lagarde, e do presidente do Fed, Jerome Powell, que falam à tarde para o mercado.

Adicionalmente, os investidores também estão avaliando o impacto inflacionário global dos lockdowns na China para combater o coronavírus, que interromperam a produção fabril em áreas de todo o país. Ainda assim, as Bolsas europeias, assim como as asiáticas, sobem nesta manhã, impulsionando certo otimismo para o dia. O bom humor é acompanhado pelos futuros americanos e poderá ser seguido pelo Ibovespa.

A ver…

Um horizonte politizado

No Brasil, na falta de dados econômicos muito relevantes na agenda do dia, os investidores acompanham a continuidade da temporada de resultados, que hoje poderá gerar volatilidade sobre o índice, e o radar de Brasília. Na capital federal, vários são os temas em discussão hoje, a começar pelo encontro entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, e o presidente da Eletrobras, Rodrigo Limp, para tratar da privatização da estatal.

Ainda no Planalto Central, a Comissão de Infraestrutura do Senado realiza audiência pública sobre a utilização dos créditos tributários obtidos pelas distribuidoras para efeitos de redução da tarifa de energia elétrica, enquanto a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara discute os impactos da privatização da Eletrobras — eventuais novidades podem gerar volatilidade nas ações da companhia.

Paralelamente, haverá hoje a reunião da Comissão Executiva Ampliada do PSDB para discutir a carta de João Doria ao presidente do partido, Bruno Araújo, na qual o ex-governador afirma ser alvo de “tentativas de golpe” — as rupturas no PSDB, depois do desembarque do União Brasil da discussão em torno da terceira via, poderão sedimentar ainda mais o favoritismo de um segundo turno entre Lula e Bolsonaro.

Entre fatos positivos e negativos

Depois de um bom desempenho na sexta-feira (13), as ações americanas não conseguiram manter seu ímpeto no pregão de ontem (16). Entre os mais recentes motivos de preocupação estava uma nova pesquisa sobre o segmento de manufatura, que mostrou que a atividade empresarial no estado de Nova York diminuiu no início de maio — as remessas caíram no ritmo mais rápido desde o início da pandemia.

Acontece que o relatório contribui com o temor de que uma recessão nos EUA estaria mais próxima, tema discutido por muitos investidores há algum tempo nesta altura do campeonato. Ainda assim, essa não parece ser a única preocupação, uma vez que o tema da inflação ainda está quente — na reta final da temporada de resultados, levantamentos apontam que 85% das empresas falaram sobre inflação.

De maneira geral, a leitura é que as empresas estão conseguindo repassar os custos mais altos, dado que as estimativas de margem de lucro não mudaram muito desde o início da temporada de resultados. A estimativa média de margem de lucro líquido para as empresas do S&P 500 este ano agora é de 12,5%, um pouco abaixo dos 12,7% em março. Ainda que isso seja bom para os resultados, não é bom para os consumidores.

Proibir recompra de ações volta ao radar dos investidores

Nos EUA, caminhando para o final da temporada de resultados do primeiro trimestre de 2022, os investidores voltam a acompanhar mais de perto a agenda do presidente Joe Biden para tentar alavancar seu partido para as eleições de meio de mandato (mid terms). Com isso, muitos voltaram a atentar aos projetos de Biden associados ao orçamento.

O orçamento federal de US$ 5,8 trilhões proposto por Biden para o ano fiscal de 2023 exigiria que os executivos detivessem ações de suas empresas por vários anos depois de recebê-las, proibindo a venda dessas ações por um período após a companhia recomprá-las — no ano passado, as empresas do S&P 500 gastaram US$ 882 bilhões em recompras.

O objetivo é fazer com que as companhias usem seu lucro não para comprar suas próprias ações e pagar executivos, mas para investir em projetos de crescimento de longo prazo. Isso provocaria uma resposta firme das empresas, que parecem dispostas a recomprar mais ações em 2022.

Anote aí!

Na temporada de resultados, destaque para o balanço de Walmart, que poderá dar mais pistas sobre a inflação e o humor do consumidor. Ainda nos EUA, contamos com o índice do mercado imobiliário para maio e os dados de vendas no varejo para abril, além das falas de autoridades monetárias, que podem cumprir atuação vocal sobre os mercados. Na Europa, destaque para o PIB da Zona do Euro no primeiro trimestre.

No Brasil, os servidores especialistas em políticas públicas e gestão, além da carreira de planejamento e orçamento, fazem paralisação por reajuste salarial. Além deles, os servidores do Tesouro Nacional fazem assembleia para decidir sobre greve. Enquanto isso, digerimos o IGP-10 de maio, que pode registrar boa desaceleração na margem, e o IPC-S Capitais da segunda quadrissemana de maio. 

Muda o que na minha vida?

Afinal, quanto tempo vai durar a inflação? Agora que sabemos que de transitória e temporária a inflação atual não tem nada, os investidores começam a se perguntar quanto tempo levará para que os índices de preços, hoje estressados no mundo inteiro, voltem aos seus patamares normalizados.

O objetivo do Fed neste momento é fazer com que não haja uma contaminação inflacionária muito profunda na economia. Ainda assim, a autoridade monetária deu muito pouca orientação em geral sobre quanto tempo eles preveem que levará para que seus aumentos de juros reduzam a inflação.

Não há nada que os investidores odeiem mais do que a incerteza e, à medida que as taxas crescentes atingem os mercados dos EUA, o mercado anseia por mais orientação. Diferentemente de outros momentos no passado, porém, a economia americana está forte e os dados de desemprego não se parecem em nada com os da década de 1970. Se, como muitos acreditam, já tivermos atingido um pico inflacionário, os números estão começando a se achatar.

Ainda assim, à medida que o crescimento desacelera e os mercados caem, os dois temas da vez – estagflação e inflação permanente – são lançados nas discussões. Provavelmente teremos algo no meio do caminho: nem estagflação nem retorno a patamares tão baixos de inflação. Assim, os preços devem começar a cair até 2023.

Um abraço,

Jojo Wachsmann

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