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Pré-Market: Sobram notícias no pré-carnaval

08 fev 2018, 8:08 - atualizado em 08 fev 2018, 8:08

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado

Se os mercados financeiros vinham buscando razões para explicar a recente volatilidade nos negócios, hoje sobram motivos para intensificar o vaivém no pregão local – sem falar no exterior, onde Estados Unidos e China dominam as atenções. Por aqui, o noticiário do dia começa com a sinalização do Banco Central ontem, de que o 11º corte consecutivo na taxa básica de juros pode ter sido o último. Mas a autoridade monetária não hesitou em deixar a porta aberta para uma nova queda da Selic em março, se as condições permitirem.

Essa possibilidade de extensão do ciclo de cortes na Selic tende a ser calibrada pelos números da inflação brasileira no primeiro mês de 2018, a serem conhecidos nesta quinta-feira (9h). A expectativa é de que o índice oficial de preços ao consumidor (IPCA) tenha mantido o ritmo de alta observado ao final do ano passado e avançado 0,42% em janeiro frente a dezembro. Com isso, o resultado acumulado em 12 meses deve seguir levemente abaixo do limite inferior tolerado pelo BC, de 3%, com taxa de 2,98%.

Ou seja, mesmo com a inflação ganhando força nos últimos meses, os preços ao consumidor continuam comportados, conforme apontam os índices, o que favorece a continuidade dos cortes nos juros básicos. Para o Comitê de Política Monetária (Copom), a inflação tem evoluído, em boa medida, dentro do esperado, mas o cenário básico envolve fatores de risco em ambas as direções, podendo permitir ou não uma flexibilização adicional na Selic em março.

Porém, a autoridade monetária também citou, no comunicado que acompanhou a decisão de cortar a Selic em 0,25 ponto, outros fatores no balanço de risco, que justificam a interrupção do ciclo de cortes. Segundo o BC, uma frustração com o avanço das reformas pode afetar o comportamento dos ativos de risco no Brasil, ainda mais em meio à volatilidade recente das condições financeiras nas economias avançadas. Além disso, o nível baixo da taxa de juros, que ontem renovou o piso histórico, a 6,75% ao ano, abre espaço para especular quando a Selic deve voltar a subir.

As diferentes possibilidades traçadas pelo Copom ampliam a relevância da ata da reunião de ontem, que será conhecida apenas após a pausa do carnaval, na quinta-feira da semana que vem, com a publicação voltando à data original de divulgação, antes da mudança promovida pela gestão Ilan. O horário de divulgação, contudo, segue o mesmo (8h). No documento, o BC tende a apontar dois cenários, dizendo o que o levaria a manter os juros onde estão e o que poderia permitir uma nova queda de 0,25 em março.

Mas isso é assunto apenas para a próxima semana, após a folia. Aliás, a agenda econômica doméstica está carregada hoje, devido à pausa no início da semana que vem, por causa do carnaval. Às 9h, além do IPCA, tem também dados atualizados sobre a safra agrícola neste ano e números regionais da produção industrial. Antes, às 8h, saem indicadores da FGV sobre o mercado de trabalho em janeiro e novas leituras preliminares sobre o comportamento de índices de preços (IPC-S e IGP-M) em fevereiro.

Mas a reação dos mercados domésticos deve ficar por conta do IPCA e do Copom. Os investidores também voltam as atenções ao front político, após o governo prolongar o prazo de negociação em torno da reforma da Previdência para 28 de fevereiro, estendendo por mais de uma semana o tempo para as negociações com a base aliada. O Palácio do Planalto deposita todas as fichas para votar e aprovar a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados ainda neste mês.

Até lá, os negócios locais tendem a oscilar ao sabor do noticiário em torno do total de votos e também em relação às possíveis novas mudanças na proposta. Afinal, com tantas mudanças no texto original, fica difícil saber qual será a eficácia da reforma na redução do déficit da Previdência, já que se criam cada vez mais exceções para contemplar as diferentes bancadas de deputados, minando o discurso oficial de “acabar com os privilégios”.

Ainda assim, os investidores seguem céticos quanto à votação e aprovação da matéria. Aliados e governistas fizeram uma nova contagem ontem e o número de votos a favor estaria próximo de 250. Já os indecisos correspondem a cerca de 100 deputados. Para aprovar uma medida que altera a Constituição (PEC), são necessários 308 votos favoráveis.

Diante disso, o foco dos negócios locais também se volta ao exterior, onde o acordo para evitar a paralisação do governo Trump mantém o investidor em alerta – e ainda assustado. O alento nos mercados internacionais nesta manhã vem da China, após os números robustos da balança comercial. Em janeiro, as exportações chinesas cresceram 11,1%, em termos dolarizados e em relação a um ano antes, enquanto as importações saltaram 36,9%, gerando um superávit de US$ 20,34 bilhões, bem abaixo do saldo positivo em dezembro e também das expectativas.

Os dados podem ter sido distorcidos pelo Ano Novo chinês, que, no ano passado, foi comemorado em janeiro e, neste ano, será celebrado apenas na semana que vem. O destaque na reação ao desempenho da balança comercial chinesa ficou com o yuan, que registrou a maior queda em relação ao dólar desde agosto de 2015. A moeda norte-americana, porém, mede forças em relação aos demais rivais, ao passo que o petróleo segue em queda e os índices futuros das bolsas de Nova York ensaiam ganhos.

No fim do dia, a China volta à cena para informar o comportamento dos preços no atacado (PPI) e no varejo (CPI) em janeiro. No Ocidente, merece atenção a decisão de política monetária do BC inglês (BoE), às 10h, sendo que a previsão é de manutenção dos juros no Reino Unido em 0,50% ao ano. Do outro lado do Atlântico Norte, o calendário econômico norte-americano traz apenas os pedidos semanais de auxílio-desemprego (11h30).

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