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Pré-Market: Sem Previdência, mercado olha outros temas

13 dez 2017, 7:23 - atualizado em 13 dez 2017, 7:23

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado

O governo espera fazer uma recontagem dos votos pela reforma da Previdência amanhã, quando será possível aferir se é viável colocar a matéria em votação na Câmara dos Deputados na semana que vem e aprová-la, em dois turnos, ainda neste ano. Até lá, os mercados domésticos devem operar em compasso de espera, colocando o maior ceticismo com o front político no preço dos ativos e também passando a olhar outros temas.

Os negócios locais ganharam um fôlego extra na reta final do pregão ontem, diante da notícia de que o julgamento de Luiz Inácio Lula da Silva em segunda instância no caso do tríplex já tem data para acontecer. Em 24 de janeiro de 2018, o ex-presidente pode ser tornar inelegível no processo que tem tramitado em tempo recorde no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, sediado em Porto Alegre.

Cientes de que é baixa a probabilidade de o governo conseguir os 308 votos e passar a reforma da Previdência para o Senado antes do fim de 2017, os mercados domésticos devem direcionar o radar para outros temas e o cenário eleitoral para 2018 tende a concentrar as atenções ao longo dos próximos meses. Ainda assim, os investidores não jogaram a toalha e aguardam a decisão do PSDB sobre o apoio às regras para aposentar.

Os tucanos fazem hoje a primeira reunião da Executiva Nacional sob o comando do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, eleito no sábado para presidir o partido. O encontro pode definir se a sigla vai fechar questão a favor da reforma da Previdência, mas um racha interno deve impedir que os deputados contrários à votação sejam punidos. Ou seja, o PSDB vai apenas marcar posição pública de apoio, sem garantir os votos.

Depois de alimentar certo otimismo quanto à aprovação das novas regras para a aposentadoria neste ano, os negócios locais tendem a convergir a visão de que a discussão deve ser retomada apenas em fevereiro, na volta aos trabalhos no Legislativo e em meio à pausa do carnaval. Com esse consenso crescente na cena interna, as atenções tendem a se voltar ao ambiente internacional.

O cenário externo também demanda cuidado, diante da possível reversão de cenário favorável a economias emergentes. As decisões dos bancos centrais dos Estados Unidos (Fed) e da zona do euro (BCE), hoje e amanhã, respectivamente, estão no centro das atenções dos investidores, nesses que prometem ser os últimos grandes eventos de 2017 – ainda mais agora que Brasília tende a esvaziar os acontecimentos nesta reta final de ano.

No primeiro caso, é amplamente esperada uma terceira alta na taxa de juros norte-americana neste ano, em 0,25 ponto, para o intervalo entre 1,25% e 1,50%. Com isso, o foco estará em busca de pistas sobre os próximos passos do Fed em 2018. As apostas são de quatro altas ao longo do ano que vem, ainda ao ritmo de 0,25 ponto.

Porém, a presidente do Fed, Janet Yellen, pode falhar em calibrar essas expectativas durante entrevista coletiva à imprensa (17h30). Isso porque ela mesma não fará parte do colegiado que tomará as decisões sobre novos aumentos nos juros, uma vez que o atual diretor Jerome Powell irá assumir o comando da autoridade monetária em fevereiro.

Antes da fala de Yellen, será anunciada a decisão do Fed (17h). Ainda na agenda econômica norte-americana, saem o índice de preços ao consumidor em novembro (11h30) e os estoques semanais de petróleo bruto e derivados (13h30). Já na Europa, destaque para a produção industrial em outubro entre os países da região da moeda única (8h).

Mas o suspense na zona do euro recai em relação ao BCE. Afinal, não se sabe ao certo se a política monetária adotada por Mario Draghi ainda é de expansionista, com condições elevadas de liquidez, ou se já é tempo de retirar os estímulos lançados para impulsionar a atividade e gerar inflação, reduzindo a abundância de recursos financeiros.

À espera desses eventos, os investidores mantêm uma busca por segurança, sendo que o movimento é potencializado pela menor liquidez, típica dessa época de fim de ano. Também pesa nos negócios lá fora a eleição especial no Alabama, que impôs uma derrota ao presidente norte-americano Donald Trump. Com a vitória do senador democrata Doug Jones, diminuiu a força republicana no Senado, o que pode dificultar as próximas votações.

Em reação, os índices futuros das bolsas de Nova York estão no vermelho, um dia após o Dow Jones e o S&P 500 fecharem em novo nível recorde de alta. O dólar também perde terreno para as moedas rivais, com destaque para os ganhos do xará australiano, que é negociado no maior nível em mais de uma semana. O petróleo avança.

Na agenda econômica doméstica, destaque para as vendas no varejo em outubro (9h). A expectativa é de alta pelo segundo mês consecutivo, de +0,20%, e de avanço de 5,30% em relação a um ano antes, no sétimo resultado positivo seguido nesse tipo de confronto. Também são esperados indicadores sobre o mercado de trabalho (12h) e os dados semanais do fluxo cambial no país (12h30). Entre os eventos de relevo, os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira, proferem palestras em São Paulo.

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