Mercados

Pré-Market: Segue o jogo

08 out 2018, 8:12 - atualizado em 08 out 2018, 8:12

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado.

Vai haver segundo turno da eleição para saber quem será o próximo presidente do Brasil. Mas foi por pouco. Jair Bolsonaro conquistou 46,03% dos votos válidos, iniciando o embate final contra Fernando Haddad com uma ampla vantagem. O candidato do PT teve 29,28%, mais da metade que Ciro Gomes, com 12,47%. Diante desses resultados, o investidor deve seguir otimista, confiante em uma vitória do PSL, mas, agora, começa uma nova eleição no país.

Com o fim da primeira rodada, as atenções se voltam para a formação de alianças entre os vitoriosos e os derrotados. Além do apoio dos partidos, o tempo de TV igual para Bolsonaro e Haddad, na volta da propaganda eleitoral gratuita, passa a ser uma peça central na disputa, bem como o noticiário sobre os candidatos. A composição do novo Congresso também entra no foco, com os presidenciáveis tentando montar uma base aliada à agenda de governo.

Nesse sentido, chama atenção o fato de PT e PSL conseguirem as duas maiores bancadas na Câmara. Os deputados eleitos pelo mesmo partido de Haddad somam 57, enquanto o partido de Bolsonaro, que teve apenas um deputado em 2014, desta vez, conseguiu eleger 52 deputados.

Ambos, portanto, teriam governabilidade, mas a onda conservadora que varreu o país e renovou o Legislativo é mais favorável ao candidato de extrema-direita. No Senado, a bancada progressista perdeu força e a composição subiu para 21 partidos. O PT viu reduzir a sua bancada de nove para seis senadores, enquanto o MDB ficou com a maior bancada.

Assim, a perspectiva à frente ainda é de desafios para a implementação e execução de reformas econômicas. No curto prazo, porém, os investidores tendem a manter um ambiente mais positivo, com valorização dos ativos brasileiros, em meio às apostas de vitória de um Bolsonaro comprometido com as pautas de ajuste fiscal e privatizações.

Afinal, nunca na história das eleições presidenciais do país desde a redemocratização, em 1989, houve uma virada e o candidato que saiu atrás na disputa no primeiro turno conseguiu uma virada, revertendo a desvantagem e vencendo o pleito. Seria, então, uma reviravolta inédita.

Ainda assim, o desfecho, daqui a três semanas, é incerto. Na quarta-feira, sai a primeira pesquisa eleitoral do Datafolha contemplando apenas os dois presidenciáveis. A ver se a vantagem de Bolsonaro na largada da rodada final continuará tão grande, podendo até ser ainda maior, ou se grande parte dos votos em Ciro já serão transferidos para Haddad.

Falando menos de política e mais de economia, destaque para a decisão da China de cortar o compulsório dos bancos pela quarta vez neste ano. A queda de um ponto porcentual irá injetar US$ 175 bilhões na economia chinesa, a partir da segunda-feira que vem. E o que chama atenção é o momento em que o anúncio foi feito pelo Banco Central chinês (PBoC).

A decisão acontece às vésperas da divulgação dos números do Produto Interno Bruto (PIB) da China – que não devem vir nada bem, acendendo o sinal de alerta sobre a desaceleração da segunda maior economia do mundo e a necessidade de estímulos adicionais. A redução da quantidade de recursos que os bancos são obrigados a manter nos cofres do PBoC indica a perda de tração na atividade, em meio à escalada comercial com os Estados Unidos.

A Bolsa de Xangai voltou da pausa de uma semana por causa de um feriado nacional e tombou 3,7%, liderando as perdas entre as praças asiáticas, com os investidores digerindo a decisão do BC chinês. Em Hong Kong, a queda foi de 1,4%, enquanto a Bolsa de Tóquio permaneceu fechada hoje.

Na Oceania, a Bolsa da Austrália recuou 1,3%. O sinal negativo vindo do Oriente se espalha pelo Ocidente, contaminando a abertura do pregão na Europa e impondo perdas aceleradas entre os índices futuros das bolsas de Nova York, que funcionam normalmente hoje.

Nas commodities, o petróleo tipo WTI cai abaixo de US$ 74 o barril, enquanto o alumínio tomba, após a Norsk Hydro conseguir reverter a decisão de fechar a maior refinaria do metal. Entre as moedas, o rand sul-africano cai diante de relatos de que o ministro das Finanças do país pode renunciar, ao passo que o yuan chinês (renminbi) superou a faixa de 6,9 por dólar nas negociações offshore.

Nesta semana, a China anuncia os dados da balança comercial chinesa, entre quinta e sexta-feira, além da oferta de crédito e concessão de empréstimos, bem como o total das reservas internacionais e dos investimentos estrangeiros. Ainda na agenda econômica no exterior, saem o PIB do Reino Unido (quarta-feira), a ata da última reunião do BC europeu (BCE), na quinta-feira, e a produção industrial na zona do euro (sexta-feira).

Nos EUA, a semana começa com um feriado, em homenagem a Cristóvão Colombo, o que mantém o mercado de títulos fechado e pode trazer alívio a Wall Street. Afinal, a recente arrancada no rendimento (yield) dos bônus soberanos norte-americanos (Treasuries)encurtou o fôlego de alta nos negócios com ações, cravando a maior queda semanal em um mês. Na semana passada, o yield do papel de 10 anos (T-note) teve o maior avanço desde fevereiro.

Entre os indicadores econômicos norte-americanos, destaque para a inflação ao consumidor (CPI), na quinta-feira. Se a aceleração dos preços no varejo se acentuar, tende a crescer no mercado financeiro as discussões sobre altas adicionais na taxa de juros nos EUA em 2019. Ainda mais diante de um cenário de pleno emprego no país e das declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, de que a taxa de juros está abaixo de um nível neutro.

No Brasil, a cena política tende a seguir no foco, colocando em segundo plano a divulgação nesta segunda-feira da inflação do IGP-DI em setembro (8h) e do desempenho das vendas no varejo em agosto, na quinta-feira. Um dia depois, é feriado nacional, o que manterá o mercado doméstico fechado.

Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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