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Pré-Market: Querida, encolhi o governo

11 jul 2017, 11:23 - atualizado em 05 nov 2017, 14:00

Olivia

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado

O parecer favorável do deputado Sérgio Zveiter ao acolhimento da denúncia de corrupção passiva contra o presidente Michel Temer impõe um viés negativo às expectativas do governo para a votação no plenário da Câmara. A situação se complicou, mas o mercado financeiro não quer comprar essa nova crise e aguarda os desdobramentos no front político, com os investidores cientes de que a consumação das reformas esfria cada vez mais.

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Um teste importante para medir o apoio da base aliada ao Palácio do Planalto é a votação da reforma trabalhista no plenário do Senado, que está confirmada para hoje a partir das 11h. O texto parece ter o “sim” de 45 dos 81 senadores, de 41 necessários, e um placar mais largo pode mostrar a força política de Temer, com o governo faturando o resultado.

Caso seja aprovado sem mudanças, o projeto encerra a passagem pelo Congresso, após cinco meses de discussões e vai para sanção do presidente, com vetos a pontos polêmicos. Se houver alterações nas leis trabalhistas, o texto volta para nova discussão dos deputados, adiando a aprovação das mudanças propostas.

A reforma trabalhista, ao lado da previdenciária, é uma das prioridades do governo, que tem investido na aprovação como forma de sinalizar ao mercado financeiro que ainda tem fôlego e que pode contar com a base aliada no Congresso, mesmo em meio à crise política. Porém, o presidente da Casa, Eunício Oliveira, cobrou cautela na votação da matéria.

Afinal, o governo também se esforça para garantir votos na Câmara, onde a posição do relator precisa ser chancelada por 34 dos  66 deputados da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Mas a tendência ainda é de re rejeição ao texto por maioria simples, garantindo sobrevida ao governo. Seja como for, a denúncia deve chegar ao plenário da Câmara na segunda-feira que vem, um dia antes do recesso parlamentar.

Para tanto, os aliados devem abrir mão de suas falas na CCJ, encurtando o rito de sessões na comissão e permitindo que o relatório seja votado ainda nesta semana, entre quinta e sexta-feira. Depois, serão necessários 342 votos para que os deputados autorizem a abertura de um processo contra Temer, mas o placar, por ora, conta apenas com 167 votos a favor.

Se o quórum necessário for atingido, o presidente é afastado do cargo por até 180 dias, com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, assumindo interinamente – ao menos até a convocação de eleições indiretas. Do contrário, a denúncia é arquivada e Temer segue no cargo – ao menos até o surgimento de mais uma denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra ele.

Desse modo, uma vitória de Temer não acaba com a crise política e suas incertezas. Ao contrário, se ele escapar agora, nada garante que o presidente escapará em uma segunda rodada, elevando as chances de “um novo governo Maia”. Mas uma possível delação do deputado cassado Eduardo Cunha também é um risco para a evolução do quadro político, com as declarações do ex-presidente da Câmara podendo atingir tanto Temer quanto Maia.

Em meio a esse imbróglio político, os mercados domésticos se escoram na dobradinha inflação e juros, ambos em queda no país, e também no ambiente externo, onde o vaivém do petróleo dita o rumo dos negócios. O cotação do barril novamente abaixo de US$ 45 nesta manhã fragiliza os índices futuros das bolsas de Nova York e também as principais bolsas europeias, com as ações do setor de energia liderando as perdas.

O movimento orquestrado entre os bancos centrais da Europa e dos Estados Unidos quanto à retirada de estímulos monetários traz dúvidas quanto à sustentação do rali nos ativos de risco. Daí a preferência por posições menos ousados, garantindo proteção em ativos tidos como porto seguro.

As atenções dos investidores se voltam, agora, para a temporada de balanços, que ganha força nos próximos dias, e para os sinais de recuperação da economia global. Afinal, é preciso aferir a capacidade das empresas e da atividade real se expandirem, sem a necessidade de impulsos artificiais, gerando renda (e inflação) nos países desenvolvidos e alocando recursos nas economias emergentes.

Na agenda econômica do dia abre, merecem atenção a primeira prévia de julho do IGP-M (8h), os números da safra agrícola (9h) e os dados regionais da produção industrial (9h). No exterior, o calendário prevê apenas os estoques norte-americanos no atacado em maio (11h).

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