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Pré-Market: Quem é quem na política e nos mercados

24 mar 2017, 10:44 - atualizado em 05 nov 2017, 14:06

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado.

Ficou para esta sexta-feira a votação sobre a mudança no sistema de saúde nos Estados Unidos e o que está em jogo é muito mais do que a simples substituição do ObamaCare. O apoio do partido republicano será capaz de medir a força do presidente Donald Trump para avançar nas medidas fiscais expansionistas que tanto animaram os mercados globais desde novembro.

A questão política também incomoda os negócios locais, que começam a desconfiar quem faz parte da base aliada do presidente Temer e quem está ali apenas para se livrar de denúncias de corrupção, já que a “Lista de Janot” vem aí. A quem diga que a reforma da Previdência “subiu no telhado” e só agora os investidores resolveram acordar para o problema, precipitando-se em dar como certa uma aprovação do texto original.

O placar apertado na aprovação do projeto de terceirização irrestrita, com 231 votos a favor e 188 contra, revelou várias “traições” e a margem apertada de vitória indica futuras complicações na apreciação das reformas previdenciária e trabalhista. Ambas precisam de, no mínimo, 305 votos dos deputados para seguirem ao Senado.

Aos poucos, a ficha sobre a questão fiscal vai caindo, com os investidores desconfiados de que exageraram no otimismo e levantando dúvidas sobre a eficácia das reformas, que estão cada vez mais desconfiguradas. Os mercados ainda contabilizam a retirada da adesão do funcionalismo municipal e estadual ao escopo da proposta da Previdência, e vão computando os ruídos políticos, dando conta de que o presidente Michel Temer não tem amigos – e sim interessados.

Além disso, o “buraco” de quase R$ 60 bilhões nas contas públicas para cumprir a meta fiscal deste ano e a necessidade de aumentar impostos azedou de vez o humor. O anúncio deve ser feito na semana que vem, mas o ministro Meirelles (Fazenda) já fala abertamente em elevar a alíquota do PIS/Cofins e reonerar os setores beneficiados por isenções.  

O que salva, por ora, é que a questão estrutural do país ainda é positiva, mas uma revisão na carga tributária pode comprometer a trajetória de queda da inflação e dos juros, retardando ainda mais a lenta retomada da atividade, que está em tendência negativa há dois anos. E se o mercado der conta disso tende a haver uma reprecificação, de fato, nos ativos locais. Mas, por enquanto, ninguém jogou a toalha.

No exterior, também é a questão política que dita o rumo dos negócios. Os mercados internacionais não exibem uma direção única, principalmente o dólar, à espera da apreciação de algo que começa a ser chamado de TrumpCare e que tem recebido críticas não só dos democratas, mas também dos próprios republicanos.

O ultimato dele ontem aos representantes do partido ainda não foi suficiente para garantir o total de votos necessários para aprovar a medida. E uma eventual derrota na proposta pode significar grande risco às reformas sobre corte de impostos e aumento dos gastos públicos por sinalizar resistências no Congresso.

À espera da votação, os índices futuros das bolsas de Nova York exibem ganhos, assim como o petróleo e as principais bolsas europeias, depois de uma sessão positiva na Ásia. O avanço da atividade industrial e do setor de serviços na Alemanha aos maiores níveis em vários meses embala os negócios na Europa nesta manhã.

Na leitura preliminar, o índice dos gerentes de compras (PMI) alemão da indústria subiu à máxima em 71 meses, a 58,3, enquanto o dos serviços foi a 55,6, no patamar mais alto em 15 meses. Dados preliminares de março sobre a atividade nesses setores nos Estados Unidos também serão conhecidos hoje (11h45).

Ainda no calendário norte-americano, saem dados sobre pedidos de bens duráveis em fevereiro (9h30). No Brasil, destaque apenas para a nota do setor externo (10h30).

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