Pré-Market: O que vem por aí…
Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado
A segunda-feira começa em ritmo lento nos mercados financeiros, com o clima desfavorável para os investidores arriscarem suas apostas, em meio à agenda econômica esvaziada do dia. Mas a temperatura ficará em elevação e atingirá o ápice na sexta-feira, quando acontece no exterior o grande evento da semana. Por ora, pode servir de alento para os negócios locais o avanço do minério de ferro na China. Mas o petróleo oscila em baixa.
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Em dia de vencimento de opções sobre ações na Bovespa, a balança pode pender para o lado dos comprados, o que tende a impulsionar as ações de Petrobras e Vale. A expectativa de que o minério de ferro negociado na Bolsa chinesa de Dalian sustente-se acima de US$ 70, em meio à demanda pela commodity, pode dar ritmo à mineradora.
Da mesma forma, a notícia de que o governo Trump estuda sanções ao petróleo da Venezuela pode resgatar os preços do barril para além de US$ 50. Contudo, os investidores promovem um rali arriscado nos ativos em meio às dúvidas sobre a agenda política do presidente norte-americano.
A saída do estrategista-chefe, Steve Bannon, foi a primeira demissão comemorada por Wall Street, devido ao seu viés protecionista, ligado à extrema-direita. Mas isto não significa que as reformas pretendidas por Donald Trump terão um curso mais fácil no Congresso. A turbulência política com o partido republicano sugere que ele enfrentará uma batalha difícil na execução da reforma tributária e da desregulamentação no setor corporativo.
Tanto que, nesta manhã, os índices futuros das bolsas de Nova York estão no vermelho, imprimindo uma abertura negativa das bolsas europeias, após uma sessão mista na Ásia. Os ativos tidos como porto seguro, como o ouro e o iene, avançam, ao passo que o dólar também mede forças ante as demais moedas rivais.
Enquanto monitoram os desdobramentos em Washington, os investidores aguardam o grande evento da semana na bucólica cidade de Jackson Hole (Wyaoming). O destaque está reservado para sexta-feira, quando a presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, discurso no famoso simpósio.
Não se espera nenhuma grande novidade sobre o ciclo de alta na taxa de juros dos Estados Unidos, mas detalhes sobre a redução do balanço patrimonial podem ser pincelados. O encontro de banqueiros centrais começa na quinta-feira e também contará com a presença dos presidentes dos BCs europeu (BCE), Mario Drahi, e brasileiro, Ilan Goldfajn.
Seja em relação ao Fed, ao BCE ou ao Copom, os investidores estarão em busca de pistas sobre os próximos passos na condução do processo de política monetária. É bom lembrar que o evento anual ganhou importância e ficou conhecido como o lugar de anúncio de grandes mudanças dos BCs desde que o ex-presidente do Fed Ben Bernanke anunciou a segunda rodada do programa de afrouxamento quantitativo, o chamado QE2, em 2010.
Se saber se o tom predominante do simpósio neste ano será mais suave (“dovish”) ou duro (“hawhkish”), os investidores também estarão atentos aos indicadores econômicos. Hoje, porém, o calendário está esvaziado lá fora e só ganha força na quarta-feira, quando saem dados de atividade na zona do euro e nos EUA.
Ao longo da semana, serão conhecidos números sobre o mercado imobiliário norte-americano. Por aqui, merece atenção a prévia de agosto da inflação oficial ao consumidor (IPCA-15), na quarta-feira. Sem data definida, a agenda local também deve trazer a arrecadação federal em julho. Hoje, saem as tradicionais publicações do dia: Boletim Focus (8h25) e balança comercial semanal (15h).
Mas é a agenda legislativa que está no foco do mercado doméstico. A expectativa é de que haja andamento da votação das medidas provisória (MPs) que criam a nova taxa de juros de longo prazo, a TLP, e o novo texto para o programa de parcelamento de dívidas tributárias, o Refis, em conjunto com a reforma política e com a votação do projeto de lei (PL) que altera as metas fiscais do governo.
Se a TLP passar amanhã na comissão especial, pode ir direto para o plenário da Câmara e ajudar a cortar mais a taxa básica de juros. Junto com a TLP, o IPCA-15 ajusta as apostas para o ciclo de queda da Selic para além de setembro. Na reunião do próximo mês, já está em jogo um novo corte de um ponto percentual (pp), a 8,25%.
Nos bastidores, porém, o “Centrão” tem dificultado a intenção do Palácio do Planalto em acelerar a pauta de votação para, então, em outubro, colocar a reforma da Previdência em discussão. O ambiente político continua tumultuado e os “fiéis” cobram (cargos e emendas) pelo apoio dado ao presidente Michel Temer na votação da denúncia contra ele.
O principal alvo é o PSDB. Desse modo, essas votações devem servir de teste para avaliar a possibilidade de aprovação das novas regras para aposentadoria um ano antes das eleições de 2018, que já pode contar com o fundo público para financiamento de campanha e com a mudança do sistema eleitoral para o chamado “distritão”. Portanto, será importante observar os movimentos do governo Temer para rearticular a base aliada.
A conferir, o que vem por aí…