Comprar ou vender?

Pré-Market: Não era bem isso

22 fev 2018, 7:28 - atualizado em 22 fev 2018, 7:28

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado

Os investidores até que encontraram, na ata do Federal Reserve divulgada ontem, o tom suave (“dovish”) capaz de autorizar uma nova rodada de apetite por risco. Mas o movimento teve vida curta. Pouco depois da divulgação, os mercados globais se deram conta de que o documento era velho, pois foi escrito antes dos dados de emprego nos Estados Unidos (payroll) em janeiro, que deram o início à forte correção recente.

E hoje é esse movimento que prevalece no exterior, com o sinal negativo espalhado entre bolsas, moedas e commodities, em meio ao avanço do juro projetado pelo título norte-americano de 10 anos (T-note) para além de 2,90%. Os índices futuros das bolsas de Nova York têm queda firme, diante da percepção em Wall Street de que a ata da reunião de janeiro do Fed estava com prazo de validade vencido.

O documento mostrou aumento na confiança do Banco Central dos EUA no crescimento econômico norte-americano, que deve ganhar tração ao longo deste ano, ao mesmo tempo em que indicou preocupação com as pressões inflacionárias. Em reação à essa percepção, o dólar se fortalece de modo generalizado frente aos rivais, ao passo que os bônus do país (Treasuries) seguem em elevação.

Tal comportamento provoca um sentimento de aversão ao risco, diante da perspectiva de que o Fed pode ter de aumentar a taxa de juros norte-americana mais vezes que o esperado. O BC dos EUA até que gostaria de acelerar o ritmo de aperto monetário, tendo como pano de fundo a intenção de enxugar a liquidez de recursos que o próprio Fed jorrou durante anos. Tal pretexto, porém, pode prejudicar o crescimento econômico do país – e do mundo.

Por isso, a estratégia da “escadinha”, com doses pequenas e espaçadas de aumento no custo do empréstimo nos EUA, seria a mais adequada, de modo a evitar uma nova turbulência nos mercados globais, intensificando a onda vendedora (selloff) vista há duas semanas. Mas os investidores já não têm mais tanta firmeza em relação ao cenário básico, de apenas três aumento nos juros norte-americanos em 2018 – nem no horizonte à frente.

A única exceção nos mercados globais hoje vem da China, que voltou em alta da pausa de quase uma semana por causa das comemorações pela chegada do ano do cachorro. O índice Xangai Composto subiu mais de 2%, ajustando-se à recuperação dos mercados acionários no período em que ficou fechado. Ainda assim, as commodities são negociadas em baixa, com o barril do petróleo cotado abaixo de US$ 62 e o cobre caindo mais de 1%.

Hoje, é a vez da ata do BC da zona do euro (BCE), que será publicada às 9h30 e que também deve trazer pistas sobre a retirada dos estímulos monetários na região da moeda única a partir de setembro. Logo cedo, ainda no velho continente, saem o índice IFO de sentimento econômico na Alemanha em fevereiro e a leitura revisada do Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido no quarto trimestre de 2017.

Nos EUA, o calendário do dia traz os pedidos semanais de auxílio-desemprego (10h30) e os estoques semanais de petróleo bruto e derivados (13h), além dos indicadores antecedentes da economia norte-americana em janeiro (12h). Já a agenda doméstica segue fraca nesta quinta-feira, trazendo apenas a percepção dos consumidores em relação à inflação (8h).

Entre os eventos de relevo, o presidente Michel Temer reúne-se, pela manhã, com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e com o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn. A pauta do encontro não foi divulgada, mas o governo deve tratar com sua equipe econômica do pacote de 15 medidas prioritárias na área, que já enfrenta resistência entre os parlamentares.

A maior parte dos projetos já está em tramitação no Congresso e provocou forte reação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Para o Palácio do Planalto, o tom bélico do deputado deve-se ao lançamento do nome dele como pré-candidato à Presidência pelo DEM. Um evento partidário para oficializar tal decisão deve acontecer no início de março, dando a largada para a disputa sobre quem será o candidato do governo na disputa, em outubro.

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