Mercados

Pré-Market: Mercado volta do feriado à espera de novidades

15 out 2018, 8:31 - atualizado em 15 out 2018, 8:33

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado.

O mercado financeiro brasileiro volta do fim de semana prolongado tendo um ajuste positivo a fazer, após os ganhos no exterior na sexta-feira passada com o início da safra de balanços norte-americana. Mas a segunda-feira lá fora inicia no vermelho, em meio à escalada da tensão entre Estados Unidos e Arábia Saudita por causa do desaparecimento de um jornalista.

A notícia impulsiona o petróleo para além da faixa de US$ 70 por barril, diante da ameaça de sanções ao país, e ofusca a decisão da Turquia de libertar o pastor norte-americano, que estava preso desde outubro de 2016. Com isso, os mercados internacionais amanheceram mistos, com os índices futuros das bolsas de Nova York no vermelho, o que contamina a abertura do pregão europeu.

Na Ásia, as bolsas também perderam tração, após Xangai atingir o menor nível em quatro anos, em meio a alertas do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a fragilidade da economia global e as mudanças no comércio mundial. A ainda diretora-geral do Fundo, Christine Lagarde, disse que o mercado financeiro deve se preparar para mais volatilidade.

Em uma rara aparição na TV norte-americana, o embaixador da China nos EUA disse que Pequim não quer uma guerra comercial com Washington, mas afirmou que o país asiático irá reagir às sobretaxas em produtos chineses. Ao mesmo tempo, Donald Trump ameaçou impor uma nova rodada de tarifas, em reação aos números da balança comercial chinesa.

As exportações chinesas em setembro cresceram 14,5% em relação ao mesmo mês do ano anterior, no ritmo mais rápido desde fevereiro, bem acima dos 9,8% de agosto e de uma previsão de +8,9%. Já as importações cresceram 14,3% no mês passado, em base anual, abaixo da alta de 19,9% em agosto e da expectativa de aumento de 15%.

Com isso, o superávit comercial da China somou US$ 31,69 bilhões em setembro, ante saldo positivo de US$ 27,89 bilhões em agosto e previsão de +US$ 19,4 bilhões. Apenas com os EUA, o superávit comercial chinês somou US$ 34,13 bilhões em setembro, superando os US$ 31,05 bilhões em agosto.

Apesar do desempenho favorável no mês passado indicarem que as tarifas norte-americanas ainda não estão prejudicando a relação comercial entre os dois países, é improvável que esse comportamento se sustente. É bom lembrar que uma nova rodada de tarifação entre EUA e China teve início apenas no fim de setembro, antecipando os embarques e desembarques de produtos entre os países e elevando o resultado comercial no período. A ver, então, os dados de outubro.

No Brasil, a ausência de debates entre os dois candidatos nos próximos dias deve contribuir para manter a situação de Jair Bolsonaro confortável, apesar de as recentes declarações dele terem deixado os investidores “com a pulga atrás da orelha”. Mas o mercado financeiro comprou a ideia de que o candidato irá fazer as reformas necessárias, senão o país quebra.

À noite, o Ibope divulga seu primeiro levantamento sobre o segundo turno das eleições, mas a sensação é de que as pesquisas tendem a perder força – a não ser que indiquem um crescimento de Fernando Haddad ou alguma reversão de tendência. A percepção é de que só uma distância menor que dez pontos percentuais (pp) entre ele e Bolsonaro irá incomodar os negócios locais.

Na quinta-feira, sai um novo Datafolha e, um dia antes, é a vez do Paraná Pesquisas. Na virada de ontem para hoje, o BTG Pactual divulgou um novo levantamento, feito pelo Instituto FSB via telefone com 2 mil eleitores, que mostrou 59% dos votos válido para Bolsonaro contra 41% de Haddad. Em termos de rejeição, 38% não votariam de jeito nenhum no candidato do PSL, enquanto 53% rejeitam o petista.

Já na agenda econômica, a semana está recheada de indicadores de atividade. No Brasil, saem o desempenho do setor de serviços, amanhã, e o índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br), na quarta-feira. Hoje, o BC divulga a pesquisa Focus (8h25). À tarde, tem os números semanais da balança comercial (15h).

No exterior, destaque para a produção industrial em setembro nos Estados Unidos, amanhã, e na China, na quinta-feira. Nesse mesmo dia, serão conhecidos os números do Produto Interno Bruto (PIB) chinês no terceiro trimestre deste ano, além das vendas no varejo e dos investimentos em ativos fixos no país no mês passado.

Também merecem atenção os dados de inflação ao consumidor na China, hoje à noite, e na zona do euro, na quarta-feira. Nos EUA, destaque ainda para a ata da reunião de setembro do Federal Reserve, que pode trazer pistas sobre o plano de voo em relação à condução da taxa de juros norte-americana, principalmente após a polêmica envolvendo Donald Trump.

Na temporada de balanços, são esperados os resultados trimestrais dos bancos Goldman Sachs e Morgan Stanley, além da Netflix. Diante dos alertas sobre o crescimento econômico global e o ciclo de aperto monetário nos EUA, os investidores questionam se estão pagando o preço certo pelas ações das empresas em meio às expectativas de lucros fantásticos.

Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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