Mercados

Pré-Market: Mercado mitiga riscos em dia de Copom

20 jun 2018, 8:01 - atualizado em 20 jun 2018, 7:27

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado.

O mercado financeiro atenua a tensão entre Estados Unidos e China, escondendo a preocupação com o impacto da guerra comercial no crescimento global e nas restrições à troca internacional de produtos. O cenário externo amanhece mais amigável e esse ambiente pacificado pode ajudar o Banco Central, neste dia de decisão sobre a taxa básica de juros.

O Comitê de Política Monetária (Copom) anuncia o patamar da Selic por volta das 18h e, após o alívio nos negócios locais ontem, a aposta majoritária é de que o juro básico permanecerá no piso histórico de 6,50% pela segunda vez seguida. O mercado doméstico teve um dia de caça às pechinchas, após as duras perdas.

A Bolsa brasileira teve a maior alta diária em quatro meses, ao passo que o dólar fechou de lado, no primeiro dia sem intervenção do BC via leilão de swap cambial desde o anúncio do lote extra. Aparentemente, a autoridade monetária venceu a batalha…

O foco do investidor fica, então, concentrado no comunicado da decisão do Copom hoje à noite, em buscas de pistas sobre os próximos passos. Com isso, a reação do mercado doméstico fica adiada para amanhã, o que desloca o radar para o cenário externo.

Lá fora, a percepção é de que a China não pode ir de igual para igual em uma guerra tarifária contra os EUA, simplesmente porque a segunda maior economia do mundo não compra tantos produtos feitos na América. Mas Pequim tem outras ferramentas.

A principal dúvida é se a China continuará respondendo às investidas protecionistas do governo Trump apenas no lado comercial. Como maior detentor de títulos norte-americanos e da maior reserva de dólares, o país asiático pode atuar em outro front. Por ora, o governo chinês mantém o discurso de que os EUA iniciaram um conflito em que todos perdem.

À espera da próxima rodada desse embate, as principais bolsas asiáticas encerraram a sessão em alta, o que alivia a tensão. Os índices futuros em Nova York também estão no azul, garantindo ganhos no pregão europeu. Já o petróleo tipo WTI volta a ser cotado acima de US$ 65, em meio à estabilização do dólar e do juro projetado pelos bônus.

Ainda assim, merece destaque a nova queda da lira turca, às vésperas das eleições na Turquia, neste fim de semana. O euro e a libra esterlina recuam. Já o yuan se fortaleceu, após o Banco Central chinês (PBoC) fixar a taxa diária de referência em um nível mais alto que o esperado, em um sinal de que a guerra comercial pode provocar maior intervenção no câmbio.

Resta saber o que pensa o Federal Reserve em relação ao protecionismo norte-americano. O presidente do BC dos EUA, Jerome Powell, participa (10h30) de um painel sobre política monetária durante evento em Portugal, na companhia do presidente do BC da zona do euro (BCE), Mario Draghi, e o discurso de ambos será acompanhado atentamente.

Será a primeira aparição dos dois desde as reuniões do Fed e do BCE deste mês, quando deixaram claro que a era de juro zero e dos estímulos artificiais nos dois lados do Atlântico Norte ficou para trás e o próximo passo é de liquidez escassa pelo mundo. Trata-se, portanto, do grande destaque da agenda econômica durante o dia.

Entre os indicadores, saem as vendas de imóveis residenciais usados nos EUA em maio (11h) e os estoques semanais norte-americanos de petróleo bruto e derivados (11h30). No Brasil, serão conhecidos o índice de confiança do empresário da indústria em junho (10h) e os números semanais sobre a entrada e saída de dólares no país até meados deste mês (12h30).

Entre os eventos de relevo, o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) do pedido de liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi adiado para a próxima terça-feira. A defesa pede que ele aguarde os recursos em tribunais superiores fora da prisão e quer também que a inelegibilidade de Lula seja suspensa.

A absolvição ontem no STF da senadora Gleisi Hoffmann e do marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, da acusação de propina na Lava Jato sinaliza o risco de Lula ser solto na semana que vem. Mas o entendimento é de que os magistrados da Segunda Turma vejam o assunto do ex-presidente como esgotado, após a decisão do plenário da Corte de negar o habeas corpus.

Em relação à possibilidade da candidatura do petista, caberá a ministra Rosa Weber julgar a questão. Ela foi eleita ontem nova presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), substituindo o ministro Luiz Fux. No julgamento da Corte que negou o habeas corpus a Lula, no início de abril, o voto de Rosa Weber foi decisivo para a posterior prisão do ex-presidente.

Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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