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Pré-Market: Mercado frenético com curto-circuito político

29 ago 2018, 8:19 - atualizado em 29 ago 2018, 8:19

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado

Uma nova pesquisa eleitoral, a do DataPoder360, será divulgada antes da abertura do pregão, e tende a manter a volatilidade no mercado financeiro brasileiro, com a renovada cautela com a cena política colocando em segundo plano o ambiente mais calmo no exterior. À noite, é a vez de Geraldo Alckmin ser entrevistado no Jornal Nacional.

Ontem, na bancada da TV Globo, Jair Bolsonaro entrou em temas polêmicos, como homofobia, sem evitar controvérsias, seja quando falou sobre a desigualdade salarial de gênero ou quando defendeu a violência policial. O deputado também voltou a defender a retirada de (mais) direitos trabalhistas como forma de garantir empregos.

Ainda assim, a exposição dos candidatos na tela da TV tem ajudado pouco sobre as propostas de governo a partir de 2019. Por isso, o foco dos investidores está no início do horário político, apostando que a campanha eleitoral gratuita em cadeia nacional pode alterar a atual composição dos candidatos na disputa pela Presidência.

O levantamento feito pelo site Poder360 ainda não deve trazer novidades, repetindo o cenário anterior, com o candidato do PSL à frente, seguido por Ciro Gomes, Alckmin, Marina Silva e Fernando Haddad. Apesar de ter a candidatura registrada na Justiça Eleitoral (TSE), a pesquisa não apresenta o ex-presidente Lula como candidato e é aplicada por telefone.

Sem mudanças no quadro eleitoral, o sobe-e-desce no mercado financeiro brasileiro tende a continuar, com os negócios locais semelhantes a um “termômetro frenético”, em meio ao curto-circuito político no país. A expectativa é de que as incertezas sobre as eleições comecem a se dissipar com a campanha na TV.

Por ora, é interessante notar que a ausência de novidades sobre a corrida presidencial e a disputa totalmente em aberto têm reduzido o volume negociado no mercado financeiro brasileiro, com os investidores sustentando suas posições e diminuindo a exposição ao risco. Ou seja, a cautela com o cenário eleitoral tem influenciado em um nível de liquidez menor, o que contribui para maiores distorções nos ativos.

Esse mote deve persistir até que surjam novidades sobre a campanha. A expectativa é em relação às próximas pesquisas eleitorais que serão divulgadas após o início do horário eleitoral gratuito na TV, a partir de sábado para os candidatos presidenciáveis.

Alckmin ainda é tido como o preferido do mercado, mas não conseguiu até o momento decolar entre as intenções de voto. Ao mesmo tempo, a possibilidade de um segundo turno entre “candidatos extremos”, do PT e  do PSL, sustentam o dólar acima de R$ 4,00 bem como a chance de alta na taxa básica de juros em setembro.

Aliás, hoje, a moeda norte-americana pode ter algum alívio, um dia após fechar no segundo maior valor desde o início do Plano Real, atrás apenas da cotação recorde apurada em 21 de janeiro de 2016. O Banco Central anunciou ontem à noite que ofertará até US$ 2,15 bilhões em uma operação de venda com compromisso de recompra (leilão de linha), a fim de segurar a alta da moeda.

A ideia do BC é rolar os contratos futuros em dólar que vencem em setembro para 5 de novembro e 4 de dezembro deste ano. Lá fora, a moeda norte-americana está estável em relação aos rivais, medindo forças frente ao euro e a libra esterlina, enquanto o iene recua. Já o dólar canadense sobe, com relatos sobre um acordo comercial com os Estados Unidos, enquanto o dólar australiano cai, em meio à frustração quanto a um aperto dos juros no país.

Entre as bolsas, as praças europeias tentam seguir o sinal marginalmente positivo vindo de Nova York, mas são penalizadas pelas perdas em Londres, diante do impasse em relação à saída do Reino Unido da União Europeia (UE). Os bônus europeus são pressionados por relatos de que a Itália pode ter de pedir ajuda financeira. Na Ásia, a sessão foi mista, com os investidores à espera do próximo passo da China na guerra comercial.

O grande destaque da agenda econômica desta quarta-feira fica com a leitura revisada do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no segundo trimestre deste ano. A previsão é de que seja repetida a taxa de expansão de 4,1%, em termos anualizados, mostrando todo o vigor da economia norte-americana até meados de 2018.

Ainda assim, não se tratam de sinais de superaquecimento, o que tende a manter o plano de voo do Federal Reserve, de elevar a taxa de juros mais duas vezes neste ano. Os números atualizados do PIB saem às 9h30. Depois, têm as vendas pendentes de imóveis residenciais em julho (11h) e os estoques semanais de petróleo bruto e derivados no país (11h30).

No Brasil, o calendário está carregado, porém, sem destaques. Pela manhã, saem a confiança do setor de serviços em agosto (8h) e o índice de preços ao produtor em julho (9h). Depois, é a vez dos dados do Banco Central sobre as operações de crédito no mês passado (10h30) e sobre a entrada e saída de dólares do país até a sexta-feira passada (12h30).

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