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Pré-Market: Mercado busca um final feliz

29 jun 2018, 8:01 - atualizado em 29 jun 2018, 7:56

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado.

O mês de junho chega ao fim hoje para o mercado financeiro, levando consigo o segundo trimestre e o primeiro semestre deste ano. Com isso, a sexta-feira deve ser reservada aos ajustes finais nos portfólios, com os investidores buscando um final otimista para um período tumultuado e já se preparando para as férias de julho, que devem enxugar o volume de negócios pelo mundo.

As bolsas asiáticas fecharam em alta hoje, com Xangai e Hong Kong tendo um repique, após as fortes perdas recentes, o que impulsionou os demais mercados emergentes da região. O yuan chinês (renminbi) subiu, interrompendo uma sequência de 11 dias seguidos de queda, em meio às preocupações com as medidas de Pequim contra a guerra comercial.

No Ocidente, as bolsas europeias também estão no azul, embaladas pelo sinal positivo vindo da Ásia e de Nova York. O salto do euro para o maior nível em um mês, depois de um acordo entre os líderes europeus sobre a questão migratória, contribui no sentimento para os negócios. Os bônus da Itália sobem, após um impasse do país com o bloco sobre o tema.

Nos demais mercados, o juro projetado pelo título norte-americano de 10 anos avança a 2,85%, ao passo que o dólar perde terreno para a libra esterlina e o xará australiano. O iene japonês também recua. Já o barril do petróleo tipos WTI e Brent cai, mas segue acima da faixa de US$ 70.

Desse modo, os investidores estão procurando razões para se animar ao final de um trimestre desprezível, que foi impactado pelas tensões comerciais e geopolíticas. Com isso, ainda é cedo para dizer que os riscos para o mercado financeiro parecem ter diminuído. O movimento de hoje é mais um “embelezamento de carteira” (window dressing), típico de fim de período.

No mercado doméstico, o período que chega ao fim não vai deixar saudades ao investidor. Afinal, o dólar saiu da casa de R$ 3,30 no início do ano e, depois de ter flertado com a mínima em R$ 3,10, só se sustenta ao redor de R$ 3,85 por causa de atuações firmes do Banco Central.

A ver como será o comportamento da moeda norte-americana hoje, em meio à disputa pela formação da taxa Ptax de fim de mês, que é usada na liquidação de contratos cambiais vincendos. Ciente da volatilidade esperada para o dia, o BC manteve-se ausente e não anunciou nenhuma intervenção.

Já a Bolsa brasileira afastou-se da marca histórica dos 90 mil pontos e ainda tenta encontrar um piso ao redor dos 70 mil pontos. A perda de mais de 10 mil em apenas três meses foi capitaneada pela saída recorde de recursos estrangeiros da renda variável, com a retirada de quase R$ 15 bilhões em capital externo entre maio e junho.

Há quem diga, porém, que a Bolsa ainda está “cara”, acumulando uma valorização de pouco mais de 15% em 12 meses. Isso significa que o principal índice acionário doméstico ainda tem “gordura para queimar”. Da mesma forma, a direção para o dólar é clara e é de alta, diante da pressão sobre os ativos emergentes com o fim dos estímulos dos bancos centrais nas economias avançadas, o que provoca uma escassez de recursos pelo mundo.

Lá fora, as preocupações com a guerra comercial declarada por Donald Trump contra a China e parceiros europeus se avolumam, sendo que novas medidas de sobretaxa de produtos importados aos Estados Unidos entram em vigor na semana que vem. Com isso, ganha importância os indicadores econômicos a partir daí.

O temor é de que as investidas protecionistas e as restrições ao comércio internacional afetem o crescimento econômico global, impactando também os investimentos pelo mundo. Esse receio tende a intensificar a busca por proteção, ao mesmo tempo em que o impacto inflacionário de bens estrangeiros nos EUA pode levar o Federal Reserve a acelerar o ritmo de alta da taxa de juros norte-americana.

Na agenda econômica do dia, o calendário doméstico traz os índices de confiança dos setores industrial e de serviços em junho (8h), além dos dados sobre o emprego no Brasil até maio (9h). A previsão é de leve recuo da taxa de desocupação, a 12,5%, mas não devido a um aumento no total de trabalhadores e sim por causa da procura menor pelos mais de 13 milhões de desempregados.

No exterior, sai a leitura preliminar deste mês do índice de preços ao consumidor (CPI) na zona do euro, logo cedo. No fim do dia, a China informa os índices de atividade (PMI) na indústria e nos serviços em junho. Pela manhã, saem dados sobre a renda pessoal e os gastos com consumo nos EUA em maio (9h30), além da leitura final da confiança do consumidor norte-americano em junho (11h).

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