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Pré-Market: Mercado aposta alto nos dados de 2017

08 mar 2017, 10:41 - atualizado em 05 nov 2017, 14:06

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado.

Já que o tombo da economia brasileira ao final do ano passado deve ser visto pelo “espelho retrovisor”, conforme o ministro Meirelles (Fazenda), o mercado doméstico olha para frente e concentra as atenções em novos dados sobre a atividade no país neste início de ano. Lá fora, o foco está em indicadores sobre o emprego nos Estados Unidos, que podem definir se a taxa de juros norte-americana irá mesmo subir na semana que vem.

Os negócios no exterior redobram a cautela hoje, às vésperas do relatório oficial sobre o mercado de trabalho nos EUA (payroll) em fevereiro. Nesse sentido, os índices futuros das bolsas de Nova York recuam, contaminando a sessão na Europa após um pregão misto na Ásia, o dólar mede forças ante os rivais e o juro dos bônus norte-americanos avançam.

Contribuem para o movimento de busca por proteção o inesperado déficit comercial na China em fevereiro, pela primeira vez desde 2014, diante do aumento das importações e da queda nas exportações, após o Ano Novo Lunar. As vendas externas ao restante do mundo caíram 1,3% em fevereiro, em termos dolarizados e em relação a um ano antes, contrariando a previsão de alta de 14,1%, enquanto as compras feitas no exterior saltaram 38,1%, no período, mais que a estimativa de aumento de 21%.

Em yuans, as importações dispararam 44,7% e as exportações avançaram 4,2% no mês passado, em base anual. Como resultado, a China registrou um saldo negativo de US$ 9,15 bilhões na balança comercial, revertendo o superávit de US$ 51,35 bilhões em janeiro. A projeção era de saldo positivo em US$ 26,55 bilhões. No fim do dia, a China volta à cena para anuncias a inflação no atacado (PPI) e no varejo (CPI) no mês passado.

Em reação, os metais básicos ignoram os números já conhecidos. O cobre avança pela primeira vez em cinco sessões, ao passo que o minério de ferro e o alumínio também são negociados em alta. O petróleo, porém, recua, diante da queda da demanda na China e do aumento dos estoques semanais da commodity nos EUA apurado por um grupo industrial. Às 12h30, saem os dados oficiais sobre os estoques norte-americanos de petróleo.  

Mas o destaque da agenda econômica do dia é a pesquisa sobre a geração de postos de trabalho no setor privado no mês passado (10h15), tida como um termômetro para os dados oficiais. A previsão é de abertura de 180 mil vagas nas empresas o que, se confirmado, pode corroborar a estimativa de um payroll forte, na sexta-feira.

O entendimento entre os investidores é de que somente um mercado de trabalho fraco nos EUA em fevereiro pode impedir um juro maior no país neste mês. Caso contrário, o Federal Reserve de promover uma nova alta na taxa – a primeira deste ano – algo que o mercado financeiro já vê como inevitável.

Ainda assim, contanto que o Fed mantenha doses suaves – e espaçadas – de aperto, ao ritmo de 0,25 ponto percentual, esse processo de normalização monetária não deve assustar os negócios, mantendo elevado o apetite por risco. Nesse sentido, a perspectiva de ingresso de recursos no Brasil tende a seguir favorável, com o rendimento pago pela taxa de juros no país seguindo atrativo, ainda que a Selic esteja em queda.

As previsões de economistas e investidores, então, seguiram incólumes, mesmo diante da queda generalizada da economia em 2016, acumulando dois anos seguidos de fortes perdas. A perspectiva é de que o pior já ficou para trás e que o Brasil começou 2017 em recuperação.

Assim, é grande a expectativa pelos números da produção industrial no início deste ano. Um resultado positivo do setor pode aumentar as chances de um crescimento econômico neste primeiro trimestre.

Porém, a previsão é de ligeira queda da indústria (-0,20%) em janeiro ante dezembro, após dois resultados positivos consecutivos ao final de 2016. Na comparação com um ano antes, porém, a indústria deve interromper 34 resultados negativos consecutivos e subir 0,50%.

Os números oficiais serão divulgados às 9h. Antes, às 8h, sai a primeira leitura de março do Índice de Preços ao Consumidor (IPC-S) da FGV. Depois, às 12h30, é a vez dos dados parciais deste mês referente ao fluxo cambial. No exterior, saem também a produtividade e os custos trabalhistas no trimestre passado (10h30), além dos estoques norte-americanos no atacado em janeiro (12h).

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