Comprar ou vender?

Pré-Market: Mercado antecipa Finados

01 nov 2017, 9:24 - atualizado em 05 nov 2017, 13:52

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado

A véspera do feriado prolongado no Brasil deve ser pautada por movimentos defensivos nos mercados domésticos, uma vez que os grandes eventos esperados para esta semana no exterior ainda estão por vir e devem ser conhecidos quando a liquidez dos negócios locais já estiver reduzida pelo Dia de Finados, amanhã. Além dos dados sobre o emprego nos Estados Unidos (payroll), na sexta-feira, também é esperado o anúncio do nome de quem irá comandar o Federal Reserve no ano que vem.

O presidente norte-americano, Donald Trump, prometeu que antes de embarcar em viagem oficial para a Ásia, no próximo dia 3, irá definir se Janet Yellen continuará à frente do processo de alta dos juros nos EUA em 2018, ou se será substituída por um diretor do Fed com o mesmo viés suave (“dovish”), Jerome Powell, ou por um economista conservador (“hawkish”), John Taylor. O atual mandato de Yellen termina em fevereiro.

Trump sinalizou que pode anunciar o novo presidente do Fed na quinta-feira, quando os mercados domésticos estarão fechados. Diante desse suspense, perde relevância a reunião do Fed que termina hoje (16h). A expectativa é de que a taxa de juros norte-americana permaneça no atual nível, entre 1% e 1,25%, mas que os membros do colegiado preparem o terreno para a terceira e última alta de juros neste ano, em dezembro.

Com as apostas consolidadas para este cenário, o que chama mais a atenção dos investidores é mesmo a decisão do Trump. Mas enquanto o anúncio não é feito, o foco também se volta para os dados de emprego no setor privado norte-americano em outubro (10h15), que servem de termômetro para os números oficiais do mercado de trabalho no país, na sexta-feira.

À espera desses eventos, os índices futuros das bolsas de Nova York estão em alta, passando incólumes pelo atentado terrorista que assustou o sul de Manhattan ontem. O Estado Islâmico não reivindicou autoria do ataque e a imprensa dos EUA trata o autor do atropelamento, que matou oito pessoas, como um lobo solitário do Uzbequistão. O dólar também avança frente as moedas rivais, em meio ao otimismo com a reforma tributária.

Ainda assim, merecem atenção os ganhos do níquel, diante das apostas de aumento da demanda pelo metal que é um ingrediente-chave para as baterias de lítio-íon, e do dólar neozelandês, após dados sobre a criação de vagas no país. Os demais metais básicos também avançam, após o índice de manufatura na China sugerir que o crescimento econômico no país segue robusto. Já o barril de petróleo sobe rumo ao nível de US$ 55.

É bom lembrar que a valorização do dólar e do petróleo tende a manter a trajetória de reajustes positivos no preço da gasolina e do diesel pela Petrobras. Desde que adotou a política diária de revisão de preços praticados nas refinarias, a estatal petrolífera já elevou o custo do combustível usado nos veículos de passeio em 15%.

Na agenda doméstica, a quarta-feira traz como destaque os números da produção industrial brasileira em setembro (9h). Após a inesperada queda da atividade em agosto, quando interrompeu quatro altas consecutivas, a indústria deve ter voltado a crescer em setembro, o que deve garantir um desempenho positivo do setor no acumulado do terceiro trimestre.

A expectativa é de avanço de 0,5% em base mensal e crescimento de 3% na comparação anual, reforçando o discurso de que o pior da crise econômica no Brasil já ficou para trás. O calendário local também reserva os resultados de outubro da inflação ao consumidor (8h), do saldo de entrada e saída de dólares no país (12h30) e da balança comercial (15h). Na safra de balanços, destaque para o resultado trimestral do Bradesco.

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