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Pré-Market: Inflação e juros agitam o dia

06 set 2017, 11:13 - atualizado em 05 nov 2017, 13:56

Os investidores festejaram ontem as notícias envolvendo a JBS, diante da possível anulação do benefício de delação concedido aos executivos e da menor probabilidade de perda de mandato do presidente Michel Temer. E a véspera do feriado nacional pela Independência promete ser novamente intensa nos mercados domésticos.

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A quarta-feira começa com a divulgação (9h) dos números oficiais da inflação ao consumidor brasileiro (IPCA) em agosto, que deve ter ganhado força pelo segundo mês consecutivo, e termina (18h) com a atualização da taxa básica de juros (Selic), que deve cair mais um ponto pela quarta vez seguida e alcançar o menor nível desde maio de 2013.

Nos números, o IPCA deve ter alta de 0,31% na comparação com julho, acelerando-se ante o aumento de 0,24% no mês anterior. Ainda assim, a taxa acumulada em 12 meses deve seguir abaixo de 3%, em 2,60%, permanecendo no menor nível para o período desde 1999. Já a Selic deve cair a 8,25%. Os dados efetivos saem às 9h e às 18h, respectivamente.

Com as apostas consolidadas em relação à taxa básica de juros neste mês, as atenções se voltam à comunicação do Banco Central. Os investidores vão buscar, no comunicado que acompanhará o anúncio da decisão de hoje, pistas quanto à chance de manutenção do ritmo ou extensão do ciclo nos encontros seguintes. 

A grande dúvida recai em relação à estratégia do BC, com o Comitê de Política Monetária (Copom) podendo adotar uma desaceleração gradual até encerrar o ciclo ou interromper abruptamente o processo. Tradicionalmente, na flexibilização dos juros, o Copom usa o modo conhecido no mercado financeiro como “escadinha”, com um ritmo paulatino até o fim dos cortes ou das altas.

Juntos, IPCA e Selic devem corroborar a dinâmica benigna da inflação e a trajetória de queda dos juros básicos, gerando uma nova pernada no movimento positivo dos ativos locais. Como pano de fundo, prevalece a percepção nos negócios locais de que a reviravolta na delação da JBS tende a enfraquecer a Procuradoria-Geral da República (PGR) – e de que não será o bunker de Geddel com milhões de reais em notas que irá tumultuar esse cenário.

Uma nova denúncia contra o presidente Michel Temer já não assustava os mercados domésticos e qualquer “flecha” a ser lançada pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, até o fim do mandato dele, no próximo dia 17, deve apenas fortalecer a tese da defesa, após o pedido de investigação para averiguar possíveis omissões no conteúdo dos áudios da JBS. As novas gravações, com quatro horas de duração que devem ser liberadas hoje, tendem mais complicar o Judiciário do que mundo político.

Consequentemente, caiu até mesmo o risco de qualquer nova denúncia contra Temer, diante das possíveis falhas nas informações prestadas por Joesley Batista e demais executivos. Com isso, a pauta econômica no Congresso ganha força, ainda mais diante da imagem que os parlamentares passaram a ter do presidente, que deve seguir incólume até 2018.

A tendência, portanto, é de que deputados e senadores aprovem todas as medidas do governo que chegarem nas Casas, a fim de manterem as benesses a serem colhidas com possíveis novas aprovações em futuro próximo. Ainda assim, a reforma da Previdência segue como um desafio, mesmo com a investigação da delação da JBS.

Ontem, porém, não houve dificuldades para o Congresso autorizar o governo a fechar as contas com um rombo de R$ 159 bilhões neste ou no próximo ano. A revisão das metas foi aprovada e a equipe econômica tem cerca de dois meses para modificar o Orçamento de 2018. Da mesma forma, a nova taxa de juros de longo prazo para empréstimos do BNDES foi aprovada e segue para sanção presidencial.

Ainda na agenda econômica do dia, sai (8h) o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI). Também são esperados os dados regionais da produção industrial e números sobre o custo na construção civil, ambos às 9h. Depois, será conhecido o desempenho da indústria automotiva no mês passado (11h20).

No exterior, o destaque fica com a publicação do Livro Bege do Federal Reserve (15h), que traz uma avaliação sobre a situação econômica nos Estados Unidos. Entre os indicadores norte-americanos, saem a balança comercial de julho (9h30) e dados de atividade no setor de serviços em agosto (10h45 e 11h).

Por enquanto, o otimismo que tende a prevalecer nos mercados domésticos se contrasta com a maior cautela no ambiente internacional, em meio à escalada da tensão com a Coreia do Norte, que celebra o feriado pela fundação do país amanhã. A falta de consenso entre as potências norte-americana, russa e chinesa sobre como pressionar Pyongyang cria um ambiente de menor apetite por ativos de risco.

Ao mesmo tempo, há certa apreensão quanto à proximidade do prazo para elevar o teto da dívida dos EUA e a aproximação de um novo furacão na região do Caribe também deixa os negócios em alerta.

Como resultado, os índices futuros das bolsas de Nova York estão na linha d’água, porém com um ligeiro viés de alta, ao passo que o sinal negativo predominou na Ásia e também contamina a abertura da sessão na Europa. O petróleo oscila no positivo, com a chegada de Irma à Flórida, ao passo que os metais básicos devolvem o rali recente. O dólar, por sua vez, mede forças ante as moedas rivais.

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