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Pré-Market: Feriado nos EUA antes do carnaval antecipa fim do mês

20 fev 2017, 10:42 - atualizado em 05 nov 2017, 14:07

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado.

Olivia

A semana começa com um feriado nos Estados Unidos, o que enxuga a liquidez nos negócios globais, e é marcada como o período que antecede as festividades do carnaval no Brasil, antecipando o fim de fevereiro nos mercados domésticos para sexta-feira. Entre uma comemoração e outra, as atenções dos investidores se voltam para a decisão dos juros domésticos, na quarta-feira, mas sem descuidar do ambiente político em Brasília.

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As apostas de um novo corte de 0,75 ponto porcentual (pp) na taxa Selic neste mês estão praticamente consolidadas, embora haja argumentos para uma queda maior, de ao menos um ponto. Porém, o Banco Central não deve optar por criar um “novo novo rimo” de queda dos juros já em fevereiro, a fim de não arranhar a credibilidade recém-conquistada.

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De qualquer forma, o mercado doméstico não descarta que o BC pode sinalizar, no comunicado que acompanhará a decisão, uma aceleração do passo para o segundo trimestre, a partir da próxima reunião, em abril. O anúncio da reunião deste mês será feito na quarta-feira, por volta das 18h.

Na manhã do mesmo dia, sai a prévia de fevereiro da inflação oficial ao consumidor (IPCA-15). E os indicadores de preços em queda combinados com as expectativas inflacionárias abaixo do centro da meta (4,5%) neste e no próximo ano estão entre os fatores que permitiriam ao Banco Central um ritmo de cortes ainda mais agressivo.

A esses fatores, têm-se ainda a atividade fraca, a valorização do real ante o dólar e o andamento das reformas no Congresso. Porém, relatos nos bastidores de que a base aliada do governo começa a dar sinais de que não está totalmente coesa em relação à Reforma da Previdência reforça a percepção de que a aposta do mercado é frívola.

Nos corredores da Câmara, parlamentares dizem que atualmente não há os 308 votos necessários para aprovar a proposta em dois turnos. Tal fracasso, se confirmado, pode colocar em dúvida a sustentabilidade política do presidente Michel Temer.

Além disso, o Supremo Tribunal Federal (STF) entrou na questão e deu um prazo de dez dias para que Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, expliquem a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que trata da reforma. O pedido do juiz Celso de Mello atende a um mandado de segurança feito por 28 deputados da oposição, que pode não só atrasar a votação da pauta como também suspender a tramitação da matéria na Casa.

E esses riscos podem passar a ser precificado nos ativos brasileiros. No mercado financeiro, estima-se que se houver sinais de que as novas regras para aposentadoria podem demorar mais que o previsto para serem aprovadas ou sofrerem grandes alterações, o dólar pode ganhar força, rumo aos R$ 3,40, pelo menos. Já a Bovespa tende a se afastar dos 70 mil pontos.

Em contrapartida, qualquer “aprovação automática” da reforma da Previdência ainda neste primeiro semestre derruba o dólar para abaixo de R$ 3,00 e ergue a Bolsa brasileira para máximas históricas. Mas isso sem falar da influência do mercado internacional nos negócios por aqui.

Desde a semana passada, o humor dos investidores lá fora mudou e ficou mais azedo. Indicadores econômicos dos Estados Unidos melhores que o esperado e discursos mais uniformes de dirigentes do Federal Reserve ampliarem as expectativas por uma nova alta dos juros norte-americanos em breve. As apostas se dividem entre março ou maio.

Aliás, a ata da reunião mais recente do Fed é o destaque da agenda econômica norte-americana. O documento será divulgado também na quarta-feira e será lido com atenção, já que o comunicado do encontro na virada do mês passado para este trouxe poucas mudanças.

Além disso, o presidente norte-americano Donald Trump segue imprevisível. No fim de semana, ele manteve o ataque à imprensa do país durante um comício na Flórida, realimentando os sinais de que o republicano ainda está “em modo campanha” e dificultando a percepção de qual figura presidenciável irá emergir, passados 30 dias desde que tomou posse na Casa Branca.

Existem dois Donald Trumps no radar de Wall Street. Aquele que irá promover uma grande reforma tributária, reduzindo o peso dos impostos e cortando a regulação; ou aquele que irá mostrar uma postura firme no combate ao terrorismo, fechando as fronteiras com muros ou por meio da proibição de vistos, combinando esse propósito com um viés protecionista.

Mas hoje as bolsas de Nova York permanecem fechadas, devido às comemorações pelo Dia dos Presidentes. Sem o principal referencial para os negócios, as bolsas asiáticas refletiram o pregão da sexta-feira passada e fecharam em alta, ao passo que as praças europeias tentam se inspirar nesse sinal positivo. O dólar se fortalece, mas o petróleo também avança.

No Velho Continente, as atenções dos investidores também começam a se deslocar para a política, em meio às pesquisas de intenção de votos que tem mostrando Marine Le Pen à frente na França e a chanceler Angela Merkel atrás de social-democratas na Alemanha. O pleito francês acontece no fim de abril e a decisão alemã está prevista para setembro.

Na agenda econômica desta segunda-feira, sai a confiança do consumidor na zona do euro (12h). Dados de atividade nos setores industrial e de serviços recheiam o calendário no exterior, amanhã.

No Brasil, além das tradicionais publicações do dia – pesquisa Focus (8h25) e balança comercial semanal (15h) – merecem atenção, ao longo da semana, os dados sobre o mercado de trabalho (Pnad e Caged) e sobre as contas públicas (arrecadação e resultado primário). Do outro lado do mundo, na Ásia, nenhuma divulgação relevante é esperada.

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