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Pré-Market: Em nome da Rosa

15 ago 2018, 8:24 - atualizado em 15 ago 2018, 8:24

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado

A juíza Rosa Weber assumiu ontem à noite a presidência do Tribunal Superior Eleitoral, na véspera do fim do prazo de registro das candidaturas às eleições deste ano. Em meio a manifestações na capital federal em favor do ex-presidente Lula como candidato ao Palácio do Planalto, ela afirmou que o TSE cumprirá sua missão com firmeza.

O mercado financeiro doméstico está ressabiado com a evolução do processo em torno do candidato do PT, o que se soma à cautela no exterior com a crise na Turquia, que volta a testar o apetite por risco. Por aqui, o maior receio é com uma eventual morosidade na decisão da Justiça Eleitoral sobre a impugnação de Lula pela Lei da Ficha Limpa.

Se demorar para impedir a participação dele na disputa presidencial, abre-se espaço para expor a imagem do petista durante a campanha eleitoral na TV, que começa dia 31. O TSE tem até 17 de setembro para definir sobre as candidaturas registradas. Ainda assim, cabem recursos às decisões, o que poderiam manter Lula como um candidato sub judice.

Relatos de que a Corte eleitoral pode delongar a avaliação do pedido de registro da chapa petista, dando um curso normal ao processo, acenderam ontem a luz amarela nos negócios locais. Se essa tese ganhar força, a análise da candidatura de Lula será distribuída para um relator, mas a decisão não será individual – e sim do colegiado.

Parecendo estar ciente desse rumor, Rosa Weber afirmou ontem, ao tomar posse na presidência do TSE, que uma candidatura que não sofrer impugnação pode ser indeferida “de ofício” pelo relator. Isto é, a decisão da Corte eleitoral pode ser tomada sem a necessidade de uma abertura de processo e de julgamento pelo plenário.

Além dessa questão jurídica, os investidores também monitoram as manifestações a favor da candidatura de Lula. Centenas de manifestantes se deslocam rumo a Brasília, em caravanas vindas de vários Estados, de modo a pressionar para que o petista possa concorrer ao cargo de presidente da República.

Condenado em segunda instância e preso em Curitiba desde abril, Lula segue como o principal cabo eleitoral do PT. A próxima pesquisa de peso a ser divulgada é a do Ibope, na segunda-feira, e contará com cenários com o ex-presidente e com o “vice” Fernando Haddad na disputa. Hoje cedo (8h30), sai o levantamento do Instituto Paraná.

Entre os rivais, merece atenção a estratégia do candidato tucano Geraldo Alckmin para desidratar Jair Bolsonaro, com inserções na TV que visam arranhar a imagem do deputado. No front econômico, a agenda doméstica segue fraca hoje, trazendo como destaque o índice de atividade calculado pelo Banco Central (IBC-Br) em junho, às 8h30.

O indicador deve crescer mais de 3%, neutralizando o recuo em maio, mas ainda apontando para uma retomada lenta da economia brasileira no segundo trimestre deste ano. Depois, às 12h30, o BC volta à cena para informar os dados semanais sobre a entrada e saída de dólares do país. Logo cedo (8h), sai o primeiro IGP do mês, o IGP-10.

Já no exterior, o calendário norte-americano está carregado e repleto de indicadores relevantes, ao longo do dia. À espera dos números, os investidores digerem a retaliação econômica de Ancara lançada contra Washington, em resposta à sobretaxa do aço e do alumínio turco anunciada por Donald Trump na semana passada.

A Turquia decidiu dobrar as tarifas de alguns produtos norte-americanos importados, o que tende a recrudescer a crise com Trump. Ou seja, o alívio visto ontem no mercado global foi pontual e momentâneo. As bolsas asiáticas já reagiram em queda à resposta do governo de Erdogan, com destaque para as perdas aceleradas de Xangai (-2,1%) e Hong Kong (-1,6%).

O yuan chinês (renminbi) perdeu força em relação ao dólar, que ultrapassou a marca psicológica de 6,90 yuans. A moeda norte-americana segue no maior nível em 14 meses frente aos rivais, o que enfraquece as commodities, sendo que o cobre está no menor nível em mais de um ano. O petróleo cai, com o aumento dos estoques e da produção. As bolsas europeias ensaiam ganhos, enquanto Wall Street amanhece no vermelho.

Na agenda econômica do dia, as atenções se dividem entre as vendas no varejo (9h30) e a a produção industrial (10h15) nos Estados Unidos em julho. Em ambos os casos, a previsão é de ligeira desaceleração, por causa do período de férias de verão no país, com o comércio varejista crescendo 0,2% e a indústria avançando 0,5%.

Ainda no calendário norte-americano, saem os dados preliminares do custo da mão de obra e da produtividade do segundo trimestre deste ano e o índice regional de atividade em Nova York neste mês, ambos às 9h30. Às 11h, é a vez dos estoques das empresas em junho e do índice de confiança na construção civil em agosto.

Também pela manhã, às 11h30, saem os estoques semanais norte-americanos de petróleo bruto e derivados. Por fim, à tarde (17h), será anunciado o fluxo de capital estrangeiro de e para os EUA em junho. Na Europa, destaque para os índices de preços ao consumidor e ao produtor britânico em julho, logo cedo, além do custo de moradias no Reino Unido em junho.

Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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