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Pré-Market: China traz alívio, mas tensão política no Brasil permanece

14 mar 2017, 10:25 - atualizado em 05 nov 2017, 14:06

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado.

Olivia

Os dados de atividade na China podem aliviar o clima de apreensão nos mercados domésticos pelo envio da segunda edição da lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que será enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) ainda hoje. Mas as atenções estão mesmo nos nomes de centenas de políticos que podem ser investigados e que tentam, no Congresso, dificultar as condenações, o que aumenta a insatisfação popular.

Os primeiros protestos nas ruas estão prometidos para amanhã, abrindo uma série de manifestações que devem ocorrer ao longo deste mês de março. Centrais sindicais, sindicatos e movimentos sociais convocaram a população para aderir a um dia de greve geral contra as reformas da Previdência e do trabalho. Em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou a presença em ato na Avenida Paulista, a partir das 16h.

Enquanto isso, no Congresso, a pauta de discussões e da tramitação das reformas previdenciária e trabalhista no Congresso dá lugar a outros temas, como mudanças no sistema eleitoral, à luz do pleito de 2018. Sem saber se irão sobreviver, na opinião pública, ao detalhamento das delações da Odebrecht sobre os financiamentos de campanha, os políticos aceleram discussões nos bastidores sobre o que é doação e o que é propina.

Líderes da Câmara e do Senado discutem a ideia de blindar o caixa um e anistiar o caixa dois, além de ressuscitar o voto em lista fechada – no partido, e não no candidato. Tais iniciativas tendem a dificultar condenações da Operação Lava Jato a partir de contribuições de campanha e têm o apoio de partidos da base aliada e da oposição, em defesa de interesses de setores econômicos.

Com isso, o relator da Reforma da Previdência pode ser pressionado a não apresentar o parecer do projeto na próxima quinta-feira (dia 16). Com os parlamentares em busca de saídas para a eclosão de uma nova crise política, a articulação do ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) com os líderes do governo no Legislativo ontem deve ter focado mais em uma estratégia de contra-ataque do que em conter mudanças na proposta sobre aposentadoria.

Mas o “tempo da Justiça” ainda deve dar mais alguma brecha para a evolução desses temas. Afinal, o STF deve levar pelo menos dois dias apenas para catalogar os cerca de 80 pedidos de abertura de inquérito a serem feitos por Janot.

Por sua vez, o relator da Lava Jato, o ministro Edson Fachin, deve levar, no mínimo, 10 dias para conseguir avaliar o material e considerar a retirada (ou não) do sigilo da maior parte das delações feitas por executivos da Odebrecht. Esse embate entre poderes deve ser monitorado de perto, com os investidores ainda tentando entender qual deve ser o impacto dos desdobramentos da “Lista de Janot” no front político.

Já no exterior, toda atenção está voltada às decisões de juros no Japão, na Inglaterra e, principalmente, nos Estados Unidos. Começa hoje e termina amanhã a reunião do Federal Reserve que deve aumentar a taxa de juros norte-americana em 0,25 ponto porcentual, para o intervalo entre 0,75% e 1%. Com essa expectativa consolidada, o foco do encontro estará no teor do comunicado após a decisão, bem como na divulgação das projeções econômicas, de modo a aferir quantas vezes mais o custo do empréstimo nos EUA subirá neste ano.

À espera desses eventos, os mercados internacionais reagem aos números da economia chinesa, que mostram que a atividade no país iniciou 2017 em um ritmo firme. A produção industrial cresceu 6,3% no período combinado de janeiro e fevereiro, mais que a previsão de alta de 6,2%. Os dados são divulgados em conjunto para evitar distorções por causa da paralisação das atividades durante as comemorações do Ano Novo Lunar.

Já as vendas no varejo chinês avançaram menos que o esperado, em +9,5% nos dois primeiros meses do ano, refletindo a queda nas vendas de veículos por causa do aumento de imposto em carros de baixa potência. Os investimentos em ativos fixos tiveram alta de 8,9% no mesmo período, ao passo que os preços de imóveis saltaram 23% no bimestre.

Em reação, as principais bolsas asiáticas tiveram um desempenho misto, ao passo que as commodities metálicas recuam – e o petróleo também – em meio ao fortalecimento do dólar e ao menor apetite por ativos de risco por causa do Fed. O rendimento (yield) do título norte-americano de 10 anos (T-note) continua perto dos maiores níveis do ano.

Além disso, também cresce a tensão com a proximidade de eleições em vários países europeus, sendo que o pleito na Holanda ocorre amanhã em meio às tensões políticas com a Turquia, ao mesmo tempo em que o Parlamento britânico autorizou o início da saída do Reino Unido da União Europeia (UE), autorizando a lei do chamado Brexit. O sinal negativo prevalece nas principais bolsas da Europa, contaminadas também por Wall Street.

Na agenda econômica do dia, destaque para o índice Zew de sentimento econômico na Alemanha e na zona do euro, às 7h. No mesmo horário, saem os números da indústria na região da moeda única em janeiro. Nos EUA, destaque para o índice de preços ao produtor (PPI) em fevereiro (9h30). No Brasil, saem apenas os dados regionais da atividade industrial em janeiro (9h).

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