Mercados

Pré-market: America Fist

15 mar 2018, 7:51 - atualizado em 15 mar 2018, 9:59

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado

Donald Trump continua sendo o protagonista no mercado financeiro, com as investidas protecionistas e os sinais de que ele pretende comandar sozinho as ações da Casa Branca elevando as preocupações dos investidores. Depois de afirmar, assim que foi eleito, em novembro de 2016, que poderia resolver sozinho todos os problemas da economia norte-americana, fazendo a “América grande de novo”, o receio é como o presidente dos Estados Unidos irá levar a cabo tal promessa, de colocar a “América em primeiro lugar”.

Isso porque a imposição de sobretaxa nas importações de aço e alumínio pegou mal nos negócios globais, diante da avaliação de que as tarifas mais elevadas não farão bem à economia dos EUA, elevando o custo de produtos para o consumo pelos norte-americanos. Diante disso, o Federal Reserve pode ser mais incisivo no processo de normalização monetária, aumentando a taxa de juros neste ano mais do que o esperado anteriormente.

O primeiro aumento no custo do empréstimo no país deve acontecer já na semana que vem, quando o Fed se reúne, sob nova direção. A expectativa, aliás, estará na entrevista coletiva do novo presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, a ser conduzida logo após o anúncio da decisão. Os investidores querem saber se o gradualismo do Fed contempla quatro altas até dezembro ou se o cenário básico seguirá projetando só mais dois aumentos.

Diante das novas narrativas sobre o livre comércio e da perspectiva da política monetária do Fed, os investidores elevam a cautela. Ainda não se sabe as implicações da dança das cadeiras no governo Trump, com o secretário de Estado, Rex Tillerson, sendo substituído pelo diretor da CIA, Mike Pompeo, e a escolha pelo conservador, Larry Kudlow, que participou da campanha do então candidato republicano, no lugar do democrata Gary Cohn.

Na Ásia, a sessão foi mista, com alta em Tóquio e em Hong Kong, mas ligeira baixa em Xangai, enquanto no Pacífico, a Bolsa de Sydney fechou em queda. O destaque na região fica mesmo com a China, que segue atenta à reunião anual do Partido Comunista, que vai até o próximo dia 20 e de onde devem sair decisões importantes, como quem irá substituir Zhou XiaoChuan no comando do Banco Central chinês (PBoC), após 15 anos no cargo.

Kudlow, aliás, sinalizou que defende um dólar forte e um tom mais duro com a China no que se refere às relações comerciais. O apresentador de TV na CNBC disse, logo após o anúncio de que seria o conselheiro econômica da Casa Branca, que recompra comprar dólar e vender ouro, defendendo também a taxação no aço e alegando que haverá uma segunda fase do plano de corte de impostos, tornando-o permanente. Kudlow sugeriu ainda que o Fed não deveria exagerar no processo de alta dos juros, dizendo que o crescimento econômico não é inflacionário.

As declarações de Kudlow tampouco foram bem recebidas, elevando a tensão, principalmente em relação à retórica sobre a China. O ouro sobe, o dólar mede forças frente as moedas rivais, o que inibe as commodities industriais, como o petróleo e cobre, ao passo que o rendimento (yield) dos títulos norte-americanos (Treasuries) é negociado no nível mais baixo do intervalo recente de negociação, a 2,80%, em um movimento de maior demanda, onde os preços dos papéis sobem, mas as taxas caem.

Trata-se de um típico movimento de maior busca por proteção em ativos seguros, uma vez que os investidores sabem que Pequim é o maior detentor de títulos da dívida dos EUA, com mais de US$ 1 trilhão estocados e qualquer redução nessa posição tende a enfraquecer a moeda norte-americana, desencadeando um forte onda vendedora (selloff). A China também é o país com a maior reserva internacional em moeda estrangeira, com mais de US$ 3 trilhões. Mas o país também é conhecido pela típica paciência oriental, onde a disciplina se orienta pelos objetivos de longo prazo, sem se preocupar com as incertezas de curto alcance.

Na agenda doméstica do dia, o destaque fica com a divulgação do balanço financeiro da Petrobras no quarto trimestre de 2017 e no acumulado do ano passado, antes da abertura do pregão. A petrolífera deve ter sido beneficiada pela nova política de preços dos combustíveis e do gás de botijão, que tende a compensar apenas parcialmente as despesas com questões judiciais nos Estados Unidos.

Entre os indicadores econômicos, saem o primeiro índice geral de preços do mês, o IGP-10 (8h) e também indicadores sobre a dinâmica da economia brasileira (11h). Já no exterior, as atenções se voltam para o calendário norte-americano, uma vez que não há previsão de divulgações na Europa nem na Ásia.

Nos EUA, às 9h30, saem os pedidos semanais de auxílio-desemprego; os preços de importação e exportação no país em fevereiro; os índices regionais de atividade da indústria na Filadélfia e em Nova York em março. Depois, às 11h, é a vez do índice de confiança das construtoras norte-americanas neste mês. Por fim, à tarde, será conhecido o fluxo de capital estrangeiro de e para os EUA em janeiro (17h).

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