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Pré-Market: Ajustes fecham a semana, o mês e o trimestre

31 mar 2017, 10:47 - atualizado em 05 nov 2017, 14:06

Olivia

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado.

O mês de março chega ao fim nesta sexta-feira, levando consigo o primeiro trimestre de 2017, que marcou um período favorável aos ativos de risco. Mas os investidores veem poucos motivos para aumentar esse apetite, diante das incertezas políticas e econômicas, no Brasil e no exterior, que podem prejudicar o desempenho dos mercados financeiros nos próximos meses.

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Se por aqui os negócios locais consideram favorável a postura do governo Temer, que adotou medidas tempestivas após identificar previamente um rombo de quase R$ 60 bilhões nas contas públicas, lá fora há um forte sentimento de dúvida quando se olha para o governo Trump e as campanhas eleitorais na Europa.

Os investidores mostram maior hesitação em continuar comprado e se preparam para a chegada de abril – e do segundo trimestre – com o dinheiro no bolso. E os ganhos nos três primeiros meses deste ano foram estelares.

Os mercados globais registraram no período o melhor trimestre desde o fim de 2013, mostrando ainda resiliência desde a eleição de Donald Trump, em novembro, e confiantes nos sinais de crescimento econômico mais acelerado no mundo. Contudo, os riscos permanecem.

Wall Street volta a considerar as chances de mais três aumentos na taxa de juros norte-americana neste ano, após discursos mais duros (“hawkish”) de dirigentes do Federal Reserve nesta semana, ao passo que o Velho Continente ainda computa a saída do Reino Unido da União Europeia e a chegada de governos extremos nas maiores economias do bloco. E, assim, o mercado fica desprovido de uma direção clara.

Nesta manhã, o sinal negativo prevalece nos dois lados do Atlântico Norte, enquanto na Ásia apenas Xangai subiu, após o índice sobre a atividade industrial (PMI) subir ao maior nível em quase cinco anos, a 51,8 em março, contrariando a previsão de queda a 51,7. No setor de serviços, o indicador alcançou o patamar mais alto em dois anos, a 55,1 neste mês, de 54,2 em fevereiro.

Ainda na China, a taxa de recompra para empréstimos de sete dias saltou mais de 30 pontos, a 3,14%, no nível mais alto desde abril de 2015, seguindo o avanço da taxa para empréstimos de 14 dias, que subiu a 4,86% hoje, um dia após atingir a máxima desde março de 2015. Já o presidente chinês Xi Jinping mostrou otimismo ao falar do primeiro encontro com o presidente dos Estados Unidos, que acontece na próxima semana.

Entre as commodities, o petróleo é negociado em baixa, mas ainda se mantém na faixa de US$ 50 o barril, ao passo que os metais básicos são beneficiados pelos indicadores chineses, que evidenciam que a segunda maior economia do mundo está voltando a ganhar tração. Nas moedas, destaque ao rand sul-africano, que amplia as perdas após a demissão do ministro das Finanças do país, Pravin Gordha.

De um modo geral, o dólar mede força ante as moedas rivais, beneficiado pela alta nos juros dos títulos dos EUA (Treasuries). O aumento no rendimento (yield) dos bônus norte-americanos deixa a moeda do país mais atrativa. O juro projetado pela T-note de 10 anos estava em 2,43% nesta manhã.

Ontem, o dólar atingiu a máxima em duas semanas ante o real, motivado por fatores técnicos – formação da Ptax e vencimento de swap cambiais – e pelo ambiente externo. Já a Bovespa deve marca o primeiro mês de desvalorização no ano, em meio às saídas dos investidores estrangeiros, que retiraram mais de R$ 3 bilhões da renda variável apenas neste mês, reduzindo à metade o superávit em capital externo no ano.

Na agenda doméstica, os indicadores econômicos do dia devem continuar mostrando atividade fraca e mercado de trabalho em deterioração. O Índice de Atividade Econômico do Banco Central (IBC-Br), que tem objetivo de antecipar avaliações sobre o Produto Interno Bruto (PIB), deve cair 0,2% no primeiro mês deste ano, em base mensal, mas reduzir o ritmo de queda na comparação anual para -0,30%.

Os números efetivos serão divulgados às 8h30. Na sequência, às 9h, o IBGE anuncia a taxa de desocupação no país (Pnad), que deve saltar de 12,6% ao final de janeiro para 13,1% no período até fevereiro deste ano. Entre os eventos de relevo, sai a pesquisa de avaliação do governo Temer (11h).

O calendário no exterior está igualmente relevante. Nos EUA, saem os dados sobre a renda pessoal e os gastos com consumo em fevereiro (9h30) e a leitura final do índice de confiança do consumidor norte-americano em março (11h). Logo cedo, na zona do euro, saem a prévia da inflação no varejo em março.

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