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Pré-Market: Agenda testa otimismo dos mercados

28 ago 2017, 10:11 - atualizado em 05 nov 2017, 13:57

Olivia

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado

A semana promete ser agitada em termos de divulgações e eventos econômicos, considerando-se a agenda dos próximos dias. Qualquer melhora nos dados tem potencial para alavancar os ativos de risco de forma rápida. Do contrário, os investidores podem dar início a uma sequência de realizações, embolsando os ganhos. À espera do que pode vir, os investidores adotam movimentos defensivos, o que deprime bolsas e commodities no exterior, que contabilizam os estragos do furacão Harvey.

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O grande destaque na virada de agosto para setembro é a leitura do Produto Interno Bruto (PIB) nos Estados Unidos, na quinta-feira, e no Brasil, na sexta-feira. Em ambos os casos, espera-se uma recuperação no segundo trimestre deste ano, com a atividade ganhando tração em relação aos três primeiros meses de 2017. O mercado de trabalho também é destaque nesses dois países. Porém, em dias inversos.

A taxa de desemprego no Brasil será conhecida na quinta-feira e deve apresentar alguma melhora no período acumulado até julho, ficando abaixo da marca de 13%. Já nos EUA, a criação de vagas sai na sexta-feira e deve continuar girando em torno de 200 mil novos postos em agosto, sustentando a taxa de desemprego em 4,3%. O chamado payroll sai na sexta-feira.

Juntos, esses indicadores podem dar pistas sobre os próximos passos dos bancos centrais norte-americano (Fed) e brasileiro (Copom). Por ora, prevalece a perspectiva de que o processo de normalização monetária tende a continuar nos EUA, com o Fed dando início à redução do balanço patrimonial e apertando a taxa de juros (FFR) nos próximos meses. No Brasil, o cenário de queda dos juros (Selic) pode ser mais ousado.

As apostas são de que os avanços da agenda do governo no Congresso podem abrir caminho para até cinco cortes sucessivos de um ponto (pp) na taxa básica de juros. Além da esperada redução nessa magnitude no mês que vem, o Copom pode aproveitar a dinâmica persistentemente benigna da inflação e adotar o mesmo ritmo de queda em outubro. Mas há a possibilidade de reduzir a dose para 0,75 ponto.

Ainda assim, restaria um último encontro, em dezembro, que daria a chance ao BC de Ilan Goldfajn fazer história, definindo a menor taxa de juros do país em 7% ou menos. O mínimo histórico da Selic é de 7,25%, que foi uma marca do primeiro mandato do governo Dilma. Já nesta segunda-feira, a Pesquisa Focus (8h25) pode trazer novidades sobre o nível de juros que o mercado projeta para o fim deste e do próximo ano.

Amanhã, é a vez do IGP-M de agosto. Ainda sem data definida, merece atenção também a divulgação do resultado do governo central, com os números dando uma ideia do tamanho do rombo nas contas públicas e quanto ainda falta para cumprir a nova meta fiscal. A expectativa do governo é de que boa parte dos recursos necessários virá da privatização de quase 60 projetos, gerando algo como R$ 40 bilhões em 2017 e 2018.

Daí, torna-se mais exequível o déficit de R$ 159 bilhões para ambos os períodos. Aliás, esse novo alvo ainda deve ser aprovado amanhã no Congresso, que precisa apreciar outras pautas importantes. A expectativa é de que na quarta-feira a Câmara vote os destaques do texto sobre a nova taxa de juros de longo prazo (TLP), a ser utilizada nas operações de crédito do BNDES.

Depois, a matéria precisa ser votada a toque de caixa no Senado, já que a medida provisória (MP) que cria a TLP expira em 6 de setembro. Mas os deputados estão mais interessados na reforma política, que andou um pouco na Casa e precisa ser aprovada até o início de outubro para valer para as eleições do ano que vem. Ainda assim, o texto segue em grande desafinação com o que a sociedade deseja.

De alguma forma, o posicionamento privatista do governo e o excesso de trabalho no Legislativo é visto como uma tentativa da base aliada de deslocar o foco da delação de Lúcio Funaro, o operador financeiro que deve comprometer o PMDB. Do mesmo modo, a estratégia busca desviar a atenção também de uma possível segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer.

No exterior, o mesmo se pode dizer dos discursos e atitudes protagonizadas pelo presidente Donald Trump. Sem conseguir recursos para construir um muro na fronteira com o México, o republicano ameaçou paralisar o governo se o teto da dívida norte-americana não for elevado. Mas a tensão entre Casa Branca e Congresso não impediu a criação de uma lei que protege a investigação do “RussiaGate” das investidas de Trump.

A presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, também procurou se afastar da posição mimada do presidente norte-americano e defendeu a regulação do sistema financeiro adotada logo após a eclosão da crise em setembro de 2008. Ao fazer isso, ela se mostrou contrária à retórica defendida por Trump desde a campanha eleitoral e praticamente eliminou as chances de seguir no cargo após o término do mandato, em fevereiro.

Com isso, o comportamento dos mercados – nacionais e internacionais – está mais relacionado ao ambiente político do que ao cenário econômico, que conta ainda com dados de atividade na China e de inflação na zona do euro, na quinta-feira. Assim, caso a situação em Brasília e em Washington se complique, a recente onda de entusiasmo pode ser contida.

Por ora, é a tempestade tropical no Texas que assusta os negócios, levando Wall Street a começar a semana com o pé atrás. Os índices futuros das bolsas de Nova York estão no vermelho, penalizando o início da sessão na Europa, que também é prejudicada pelo fortalecimento do euro para além de US$ 1,20, após a ausência de comentários do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, sobre a moeda única.

Ao mesmo tempo, o dólar perdeu vigor na esteira dos comentários evasivos de Yellen em Jackson Hole (EUA), onde não ofereceu qualquer catalisador para a moeda norte-americana. Nas commodities, os contratos futuros da gasolina saltaram com o impacto da passagem da tempestade Harvey, que fechou mais de 10% da capacidade de produção do combustível nos EUA.

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