Pré-Market: Agenda fraca e recesso parlamentar mantêm morosidade
Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado
O exterior deve continuar sendo a principal influência dos mercados domésticos nesta quarta-feira, com a agenda econômica fraca e o recesso parlamentar em Brasília mantendo o marasmo por aqui. A chance de os negócios locais engrenarem nesta semana vai depender do resultado preliminar da inflação oficial ao consumidor (IPCA-15), que sai apenas amanhã.
- Eleven aumenta preço-alvo para Triunfo e vê potencial de 237%
- Lucro líquido do Morgan Stanley avança a US$ 1,76 bi no 2º tri e supera previsão
- Temer participa de jantar na casa do presidente da Câmara dos Deputados
- Gafisa tem vendas líquidas de R$ 127,14 milhões no 2º trimestre; queda de 1,8%
- Ação do Carrefour sai a R$ 15, no piso da oferta
Até lá, os investidores tentam tirar proveito da trégua na política, mas estão cientes de que o cenário de longo prazo no país não mudou. A recuperação econômica segue lenta e a situação fiscal continua delicada, apesar da aprovação da reforma trabalhista e da hipótese de andamento da questão previdenciária e, agora, tributária, até 2018.
Sem elas, a regra do “teto de gastos”, que limita o crescimento das despesas públicas à variação da inflação, fica incompatível em pouco tempo. Além disso, a fraca arrecadação de impostos por causa da atividade fraca aumenta a possibilidade de um novo corte no Orçamento deste ano, de modo a cumprir a meta fiscal, já deficitária em R$ 139 bilhões.
Lá fora, o fracasso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em entregar mudanças no sistema de saúde reduziu a crença na implementação de uma agenda reformista, de maiores gastos com infraestrutura. Falta capital político, inclusive dentro do partido republicano, capaz de aprovar a primeira de muitas promessas de campanha.
Ao mesmo tempo em que esse revés deixa o mercado financeiro preocupado com o ritmo do crescimento da maior economia do mundo, a derrota também tende a adiar o processo de aumento dos juros norte-americano, mantendo a atratividade de ativos mais arriscados, como os do Brasil. Por enquanto, então, é o exterior que dita uma melhora do pregão local.
Nesta manhã, porém, o fôlego para novas altas nas bolsas e nas moedas está mais curto. Os índices futuros das bolsas de Nova York estão na linha d’água, sem um rumo definido, ao passo que as principais bolsas europeias tiram proveito da queda do euro em relação ao dólar, nesta véspera da reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE).
A agenda econômica do dia segue fraca. No Brasil, saem a segunda prévia do mês do IGP-M (8h) e os dados semanais do fluxo cambial (12h30). Lá fora, serão conhecidos números do mercado imobiliário norte-americano em junho (9h30), além dos estoques semanais de petróleo bruto e derivados nos Estados Unidos (11h30).
À espera desses números, o barril do petróleo tipo WTI está estável, cotado acima de US$ 45. Já o minério de ferro voltou a subir na bolsa chinesa de Dalian, após uma sessão positiva na Ásia. Xangai subiu 1,4%, mas Tóquio oscilou entre altas e baixas, antes da decisão de juros do BC do Japão (BoJ), amanhã.
A tentativa de recomposição do dólar, que tocou ontem o menor nível desde antes das eleições norte-americanas do ano passado na esteira da derrota de Trump, inibe um maior apetite por risco. A safra de balanços também ganha atenção no exterior e a expectativa é de crescimento no lucro das empresas. Mas a questão é se a temporada será capaz de impulsionar os ativos e estimular os investidores aos negócios.