Mercados

Pré-Market: A dança dos números

11 set 2018, 7:59 - atualizado em 11 set 2018, 8:02

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado.

A pesquisa do Datafolha mostrou exatamente o contrário do que o mercado financeiro brasileiro esperava, jogando um balde de água fria nas apostas dos investidores. O efeito do ataque a Jair Bolsonaro na semana passada foi mínimo, com o líder na intenção de voto oscilando dentro da margem de erro da pesquisa, de 22% no fim de agosto para 24% ontem.

Além disso, o índice de rejeição ao candidato de extrema-direita avançou de 39% para 43%, mostrando que a comoção do atentado não pegou. Já os nomes dos concorrentes à esquerda cresceram, com Ciro Gomes assumindo a segunda colocação, ao subir de 10% para 13%, enquanto Fernando Haddad saltou cinco pontos porcentuais, indo de 4% para 9%. Geraldo Alckmin andou de lado e passou de 9% para 10%.

Em contrapartida, Marina Silva viu seu apoio derreter de 16% para 11%, na maior queda entre os candidatos. Mas o destaque mesmo ficou com o porcentual de votos brancos ou nulos, que despencou e 22% para 15%. Em um cenário de segundo turno, apenas o candidato do PT tem maior dificuldade em derrotar Bolsonaro, com quem fica tecnicamente empatado, enquanto Ciro e Alckmin são os que ganhariam com mais facilidade.

Foi o primeiro levantamento realizado após o presidenciável ser vítima de um ataque a faca durante ato de campanha em Juiz de Fora e que apenas reforça a chance de ele chegar à disputa final. O Datafolha ouviu pouco mais de 2,8 mil eleitores em quase 200 municípios brasileiros. Na maior cidade do país, os números do Ibope confirmam essa oscilação dentro da margem de erro de Bolsonaro.

O candidato do PSL passou de 22% para 23% entre os eleitores paulistas, com os demais candidatos também oscilando positivamente em até três pontos. Já no Rio, o líder nas pesquisas disparou de 25% para 33% no estado que o elegeu deputado federal em todos os seus mandatos. Para hoje, está prevista a divulgação de uma nova pesquisa Ibope, também à noite.

O instituto foi a campo desde a semana passada e, desta vez, não deve pedir consulta na Justiça Eleitoral para liberar os números sobre a intenção de voto do eleitor. O mercado financeiro deve esperar os dados nacionais do Ibope para contrapor ao cenário apresentado pelo Datafolha ontem.

O maior temor dos negócios locais é justamente um melhor desempenho de Ciro – ou mesmo de Haddad – com os candidatos de esquerda captando votos que seriam para o ex-presidente Lula e ganhando competitividade no pleito. Para o investidor, uma eventual disputa em segundo turno entre Bolsonaro e o candidato do PDT seria um cenário mais pesado.

Ainda no front eleitoral, o PT tem até as 19h de hoje para definir uma nova chapa ou ficar de fora da disputa. O prazo definido pelo TSE encurtou em cerca de uma semana a data limite que o partido teria para definir seu candidato de fato e o partido ainda faz mistério, à espera da decisão do STF sobre um novo recurso da defesa para poder escolher um novo candidato até a próxima segunda-feira.

A tendência é de que o vice, Fernando Haddad, assuma o lugar do ex-presidente Lula, inelegível pela Lei da Ficha Limpa. Manuela D’Ávila ficaria sendo a vice de fato, confirmando a expectativa criada quando a então presidenciável pelo PCdoB decidiu retirar a candidatura. É praticamente nula a chance de o PT apoiar outro candidato, como Ciro Gomes ou Guilherme Boulos, com a união da esquerda ocorrendo só no segundo turno – se PT, PDT ou PSOL chegarem lá.

Já no exterior, os mercados no Ocidente tentam se blindar da nova sessão de perdas na Ásia, onde Xangai e Hong Kong voltaram a cair, ma Tóquio subiu 1,3%. As principais bolsas europeias estão de lado, ainda sem forças para acompanhar o sinal positivo vindo de Nova York. O dólar se enfraquece em relação ao euro e à libra, diante da perspectiva de um Brexit amigável entre Reino Unido e União Europeia (UE) em até dois meses.

Ainda assim, a lembrança da volatilidade de agosto nos mercados emergentes segue viva entre os investidores, fornecendo motivos para uma cautela elevada. O mercado financeiro aguarda o próximo passo na disputa comercial entre Estados Unidos e China, após o governo Trump sinalizar que está pronto para impor novas tarifas sobre os bens chineses.

O calendário econômico desta terça-feira no Brasil traz índices regionais da inflação ao consumidor (8h) e da atividade industrial (9h), além dos dados atualizados sobre a safra agrícola. Também será conhecida a primeira prévia deste mês do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M).

No exterior, saem (11h) o relatório Jolts sobre o número de vagas de emprego disponíveis nos EUA e os estoques no atacado, ambos referentes ao mês de julho. Logo cedo, será conhecido o índice ZEW de sentimento econômico na Alemanha e na zona do euro neste mês.

Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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