Prazo da dívida e altas de juros pelo BC estão no radar na Rússia
O custo da invasão da Ucrânia pela Rússia ficará muito mais claro nesta semana, com um default soberano antes impensável se aproximando, possivelmente mais medidas de emergência do banco central e uma queda no mercado de ações garantida caso reabra.
A “operação especial” de Moscou em sua antiga vizinha soviética isolou a Rússia de partes fundamentais dos mercados financeiros globais pelo Ocidente, desencadeando sua pior crise econômica desde a queda da União Soviética em 1991.
Quarta-feira pode marcar outro revés. O governo deve pagar 117 milhões de dólares em dois de seus títulos denominados em dólares. Mas tem sinalizado que não pagará, ou fará isso em rublos, o que equivale a um default.
Tecnicamente, tem um período de carência de 30 dias, mas isso é um ponto menor. Se isso acontecer, representará seu primeiro calote internacional desde a Revolução Bolchevique há mais de um século.
“Default é bastante iminente”, disse Roberto Sifon, importante analista da S&P Global, que acaba de aplicar à Rússia o maior rebaixamento do rating de crédito soberano do mundo.
Os pagamentos internacionais de títulos feitos pelas gigantes estatais de energia Gazprom e Rosneft nos últimos dias e cerca de 200 bilhões de dólares em reservas governamentais ainda não sancionadas deixam uma ponta de esperança de que pode não acontecer, porém essas probabilidades parecem difíceis.
Quarta-feira pode ser atribulada por outros motivos também.
O jornal financeiro russo Vedomosti informou que fontes do banco central e da Bolsa de Moscou disseram que as negociações locais de ações e títulos suspensas poderiam ser retomadas nesta semana.
Isso seria caótico ao menos no curto prazo. As grandes empresas da Rússia que também são listadas nos mercados de Londres e Nova York, viram essas ações internacionais despencarem virtualmente a zero quando a crise estourou e foram agora suspensas.
Não vai terminar por aí. O banco central da Rússia tem uma reunião programada para sexta-feira, depois de mais do que dobrar a taxa de juros para 20% e determinar amplos controles de capital para tentar evitar uma crise financeira total.