Opinião

Prata tem tudo para deslanchar em 2020

18 dez 2019, 15:48 - atualizado em 18 dez 2019, 15:51
Anel Prata
Para o colunista, a prata poderá ser uma das commodities mais notáveis de 2020 (Imagem: Unsplash @amandamocci)

paládio já fez história ao atingir US$ 2.000, e o ouro está novamente muito próximo da marca de US$ 1.500, fazendo com que os investidores se perguntarem sobre outro importante metal precioso: será que a prata também terá um bom momento antes do fim do ano?

A resposta parece ser não, pois a prata continua presa em uma consolidação de preços que vem impedindo seu avanço desde meados do ano.

A questão natural seguinte é: 2020 vai ser o ano da prata?

E a resposta mais provável é sim, de acordo com diversas casas de pesquisa e analistas independentes, que preveem que a prata pode voltar a ser cotada acima de US$ 20 por onça, como em 2016.

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“Forte corrida” pela frente

“Assim como outros analistas, continuamos apostando que haverá uma forte corrida pela frente nos preços da prata”, declarou James Anderson, analista privado de metais preciosos, em uma publicação na terça-feira.

De onde vem tanta confiança? Do objetivo do Federal Reserve de “deixar a inflação ultrapassar a meta”, uma política que muito provavelmente fará os investidores correrem para os ativos de segurança em 2020, afirmou Anderson.

E a prata será um deles, já que haverá muito dinheiro disponível em busca de produção, e o ouro não será capaz de capturar todo esse volume.

Futuros da prata – gráfico semanal

No pretão asiático desta quarta-feira, os futuros da prata estavam em terreno positivo a US$ 17 por onça, um patamar onde o mercado vem se segurando desde a forte queda de novembro, quando o metal atingiu as mínimas de três meses, a US$ 16,76.

O paládio passou por um extraordinário momento neste mês, em razão de uma forte crise no segundo maior país produtor, a África do Sul, o que restringiu ainda mais a oferta do metal, fazendo com que seu preço spot atingisse o histórico patamar de US$ 2.000 por onça, acima de qualquer máxima já registrada no ouro.

O metal amarelo, por sua vez, tem mostrado uma notável resiliência. Como principal ativo de proteção para o dólar e seguros mundiais, o metal conseguiu retornar à marca de US$ 1.500 registrada em novembro, devido a preocupações subjacentes com o crescimento dos EUA, Reino Unido e China no ano que vem.

“Assim como outros analistas, continuamos apostando que haverá uma forte corrida pela frente nos preços da prata”, disse o especialista (Imagem: Pixabay)

Essas preocupações persistem apesar da decisão do Fed, na semana passada, de encerrar os cortes de juros em 2019, da vitória acachapante do primeiro-ministro Boris Johnson, defensor do Brexit, nas últimas eleições britânicas e da conclusão, em princípio, da primeira fase do acordo comercial entre EUA e China.

Ao contrário do paládio e do ouro, a prata não teve qualquer evento fenomenal recentemente que pudesse ressaltar seus fundamentos. Além das suas propriedades brilhantes, responsáveis por parte da sua demanda como joia, a prata é na verdade um metal industrial classificado como precioso pela securitização de commodities.

Prata se beneficiou do bom momento do ouro

Mas a prata se beneficiou do bom momento do ouro neste ano, embora a relação ouro-prata – ou a quantidade de prata que uma pessoa pode obter por uma onça de ouro – está em seu nível mais alto, a 1:87. Esse é um sinal de que a prata pode se valorizar ainda mais para fechar o gap, segundo analistas,

A prata teve um ano notável desde sua correção a partir das máximas de 2019. O preço spot da prata subiu 11% no ano, enquanto o preço dos contratos futurou subiu 8%. A prata spot atingiu a máxima de três anos a US$ 19,65 em setembro, assim como os futuros do metal, que alcançaram US$ 19,87.

O ouro, enquanto isso, apresentou uma ganho anual de 15% no preço spot e de 13% no mercado futuro, depois de atingir as máximas de seis anos acima de US$ 1.560 em ambos os mercados.

A Perspectiva Técnica Diária do Investing.com tem recomendação de “Forte Compra” na prata. A resistência imediata está a US$ 17,30 para os futuros da prata e a US$ 17,24 para o preço spot.

Previsão de preços acima de US$ 20/onça em 2020

Outros analistas têm alvos mais ambiciosos.

O banco holandês ABN AMRO projeta que a prata alcançará US$ 18 por onça até o fim do ano, apresentando uma média de preços de US$ 16,60 ao longo de 2020, segundo o boletim Kitco sobre metais preciosos na terça-feira.

Os estrategistas da TD Securities consideram que a prata tem potencial para atingir cerca de US$ 20 por onça no ano que vem, segundo o mesmo relatório.

A Standard Chartered projeta que a média de preços da prata será de US$ 17,50 em 2020, alcançando o pico de US$ 18 já ainda no 2º tri.

A Metals Focus afirmou que vê a prata a uma média em torno de US$ 19,40 em 2020, com potencial de tocar a máxima acima de US$ 22.

Jim Wyckoff, analista interno da própria Kitco, projetou uma máxima um pouco abaixo de US$ 21 no ano que vem.

“O preço da prata no longo prazo ainda está bem distante das duas máximas históricas nominais”, declarou Anderson, analista privado, que disse ainda:

“O aumento das aquisições de ouro por bancos centrais é um sinal de que o mercado da prata pode estar prestes a vivenciar um bom momento.”

Mas ele também alerta que não se deve tentar surfar o mercado altista da prata sem estar preparado para a volatilidade:

“Basta ver o comportamento da prata nos anos 1970 e início dos anos 2000 para ter uma ideia da alta volatilidade que esse mercado pode apresentar.”