Powell prevê caminho mais agressivo de aumento dos juros nos EUA com início em breve
O chair do Federal Reserve, Jerome Powell, prenunciou na terça-feira os principais elementos da próxima reunião de política monetária do banco central norte-americano: um aumento de taxa de 0,50 ponto percentual está sobre a mesa e as previsões econômicas atualizadas das autoridades provavelmente estimarão um pico de juros acima dos 5,1% embutidos em suas projeções de dezembro.
Dados econômicos divulgados desde a última reunião do Fed, realizada de 31 de janeiro a 1° de fevereiro, surpreenderam de forma consistente para cima, sugerindo que os 4,5 pontos percentuais em aumento dos juros desde março de 2022 ainda não desaceleraram suficientemente a economia para conter a inflação.
“Nada sobre os dados me sugere que apertamos demais –na verdade, sugere que ainda temos trabalho a fazer”, disse Powell.
“É difícil argumentar que apertamos demais. Isso significa que precisamos continuar apertando.”
Entre para o Telegram do Money Times!
Acesse as notícias que enriquecem seu dia em tempo real, do mercado econômico e de investimentos aos temas relevantes do Brasil e do mundo. Clique aqui e faça parte!
Até onde Powell e seus colegas estão dispostos a ir e com que rapidez dependerá de uma série de dados importantes que serão publicados entre agora e a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) de 21 a 22 de março, começando com dados de emprego previstos para o final desta semana.
“Temos mais duas ou três divulgações de dados muito importantes para analisar antes do momento da reunião do Fomc”, disse Powell ao Comitê Bancário do Senado na terça-feira. Ele volta a falar, desta vez ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira.
“Isso será muito importante na avaliação que temos desses dados relativamente recentes”, disse ele, observando que, se a “totalidade” dos dados justificar, o Fed estará preparado para acelerar seu ritmo de alta de juros.
Os comentários estabelecem as bases para o Fed continuar aumentando os custos dos empréstimos até chegarem a 6% e induzir uma recessão ao longo do caminho, disse Tim Duy, da SGH Macro Advisors.
“Powell não abriu a porta para uma alta de 50 pontos-base sem a intenção de seguir com esse resultado na reunião do Fomc de março”, disse Duy.
“Apenas dados surpreendentemente fracos impedirão esse desfecho agora.”
A taxa básica de juros do Fed está agora entre 4,50% e 4,75%.
Aqui está o que observar entre agora e 21 de março, quando os formuladores de política monetária fazem sua reunião em Washington:
Relatórios de Empregos, Sexta-feira
Economistas estimam que o relatório mensal do Departamento do Trabalho dos EUA mostre a criação de 203 mil empregos em fevereiro, um esfriamento significativo, mas também esperam um retorno no crescimento médio dos salários por hora para os 4,8% vistos em dezembro.
Isso está muito acima do crescimento salarial de 3,5% que as autoridades do Fed costumam apontar como sendo consistente com sua meta de inflação de 2%.
Inflação, 14 de Março
O índice de preços ao consumidor do Escritório de Estatísticas do Trabalho dos EUA, o indicador mais amplamente seguido da inflação norte-americana, deve mostrar uma ligeira desaceleração nas pressões de preços, a 0,4% em fevereiro, de 0,5% em janeiro.
Vendas no varejo, 15 de março
As estimativas ainda são preliminares, mas economistas esperam que as vendas no varejo, que surpreenderam as expectativas ao disparar 3% em janeiro, desacelerem para um ganho de 0,2% em fevereiro.
Expectativas de inflação, 17 de março
Uma pesquisa da Universidade de Michigan sobre as expectativas de inflação ao consumidor será publicada na sexta-feira antes da reunião do Fed e pode ser novamente importante.
A leitura mais recente mostrou que as expectativas de inflação para o próximo um ano aumentaram para 4,2%, de 3,9% em janeiro, enquanto a perspectiva de inflação de cinco anos permaneceu no piso da faixa estreita de 2,9% a 3,1% que prevaleceu em 18 dos últimos 19 meses.
Powell e seus colegas estão observando isso de perto, juntamente com indicações de expectativas baseadas no mercado.