Powell deve recusar pressão internacional por alívio monetário
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, provavelmente resistirá à pressão nos bastidores das reuniões internacionais desta semana para desacelerar o ritmo dos aumentos dos juros nos Estados Unidos, que têm pressionado economias ao redor do mundo.
O aperto monetário mais forte conduzido pelo Fed desde o início da década de 1980 tem impulsionado a moeda americana. E também tem abalado países em desenvolvimento, que se endividaram muito dólares, além de elevar o custo da energia em moeda americana e de outras importações para nações mais ricas que enfrentam uma inflação em máximas históricas.
O rápido salto das taxas de juros nos EUA também aumentou as chances de turbulência nos mercados financeiros, após a expansão da alavancagem durante uma década ou mais de crédito fácil que agora pressiona tomadores.
É quase certo que essas questões sejam levantadas durante as reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial em Washington nesta semana, que tendem a marcar o maior encontro presencial de ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais desde o início da pandemia.
“Powell será vigorosamente questionado nessas reuniões sobre os prós e contras de uma trajetória de alta (dos juros) mais gradual”, disse o economista-chefe do Citigroup, Nathan Sheets, que participou com frequência desses encontros com ministros das Finanças quando trabalhava no Departamento do Tesouro no governo Barack Obama.
Powell e outros membros do Fed não se mostram dispostos a pisar no freio e parecem continuar na rota para aplicar a quarta alta seguida de 0,75 ponto percentual quando se reunirem para definir os juros no próximo mês. Com a inflação no país no nível mais alto em quatro décadas, argumentam que é do interesse dos EUA e das economias globais que os preços sejam controlados.
Críticas podem surgir sobre o atraso do Fed em lançar sua campanha de aperto monetário, algo que o próprio Powell reconheceu e poderia ter evitado alguns dos problemas atuais.
A implacável alta dos juros do Fed coincide com o que a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, chamou de um período de “fragilidade histórica” para a economia global e para os mercados financeiros, ainda sacudidos pelos efeitos da pandemia e da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Diante do papel do dólar como moeda de reserva, o Fed “relutantemente” reconheceu nos últimos anos que tem “responsabilidades especiais” como administrador do sistema financeiro mundial, disse Mark Sobel, ex-funcionário do Tesouro americano que agora é presidente nos EUA do Fórum Oficial das Instituições Monetárias e Financeiras.
Isso indica que o banco central dos EUA pode estar disposto – brevemente – a suspender os aumentos de juros se o sistema financeiro global estiver sob risco de colapso. De fato, o Fed está em melhor posição para fazer isso agora do que no início do ano, pois pelo menos conseguiu elevar as taxas para o que Powell chamou de “o nível mais baixo” do território restritivo.
A alta do dólar para o nível mais forte das últimas décadas em relação a pares como o euro e o iene, e para patamares recordes em relação a algumas moedas de mercados emergentes, abalou a economia global. Mas tem sido benéfica para o Fed em sua luta contra a inflação, reduzindo o custo das importações dos EUA. Também atua para reduzir o crescimento, pois torna as exportações americanas menos competitivas nos mercados mundiais.
Mas autoridades do Fed não deram nenhum sinal de que aceitariam um avanço adicional.
O dólar deve permanecer forte à medida que o Fed avança com o aperto monetário, disse Sobel, acrescentando que a moeda deve reduzir o ritmo quando o mercado perceber que o Fed caminha rumo à estabilização dos juros e a expectativas para as taxas diminuam.
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