‘Poucas mudanças’: Agentes do mercado cripto seguem positivos sobre governo Lula
Após as eleições, os agentes do mercado cripto no Brasil opinam acerca da influência que Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente eleito, poderia ter sobre a regulação no país.
Apesar de muitos relacionarem que uma gestão mais estatal do partido trabalhador pode implicar em uma regulação proibitiva para o mercado cripto, os agentes do meio discordam. Para os que foram ouvidos pela redação do Crypto Times, a interferência de Lula é mínima.
O Crypto Times ouviu os profissionais da área de relações governamentais de três empresas do setor: Mercado Bitcoin, corretora cripto nacional, Bitso, corretora estrangeira que entrou no Brasil, e FMI Minecraft Management, mineradora de Bitcoin (BTC) com sede no Paraguai, Estados Unidos e Argentina.
Mercado Bitcoin aposta em Campos Neto para mitigar “Risco Brasil”
Julien Dutra, Diretor de Relações Governamentais do Mercado Bitcoin, comenta que acredita que a regulação do mercado pouco vai sofrer influência de Lula. Segundo ele, a autonomia do Banco Central será uma peça importante para o avanço deste mercado.
“No nosso entendimento, o resultado da eleição deve ocasionar pouca mudança no cenário da criptoeconomia no Brasil, uma vez que tanto a CVM quanto o Banco Central têm autonomia e também adotam mandatos de quatro anos para presidente e diretores da autarquia federal, sem ser coincidentes com os ciclos da gestão do presidente da República”, diz.
A expectativa do Mercado Bitcoin, segundo Dutra, é de ter avanços significativos ainda durante o mandato do Roberto Campos Neto, que, conforme ele, “tem sido um grande entusiasta do mundo cripto como um todo, em especial da tokenização”.
Vale lembrar que o Mercado Bitcoin atualmente oferece tokens de Renda Fixa no segmento de tokenização da corretora, o MB Tokens.
Dutra ressalta a importância de um avanço durante o atual mandato de Campos Neto, uma vez que ele já sinalizou que não deseja ter um novo mandato.
O Diretor de Relações Governamentais do Mercado Bitcoin afirma que a tecnologia cripto é uma ferramenta importante na mitigação do chamado “Risco Brasil”, bem como a democratização do acesso aos investimentos.
“A criptoeconomia é um importante instrumento para a desburocratização do sistema e contribui para a diminuição do chamado “custo Brasil”. O novo Governo e o Congresso devem incentivar o desenvolvimento de todo e qualquer mercado, pois isso é bastante benéfico do ponto de vista da inovação e do empreendedorismo”, comenta.
Dutra também comenta sobre a Lei Bitcoin, ou O Projeto de Lei 4.401/2021, que busca criar um marco legal para o setor, e está em trâmite na Câmara dos Deputados.
“A regulação ainda tramita no Congresso e, com ela, reduzimos os riscos sistêmicos contra fraudes e lavagem de dinheiro, bem como oferecemos uma garantia maior aos investidores. E isso também é benéfico ao mercado”, afirma.
Ele finaliza dizendo que, em sua opinião, a estratégia nacional da criptoeconomia deve existir. “Entidades e os novos Governos devem estar engajados nela”, afirma.
Bitso diz estar avançada na regulação
Karen Duque, Head de Políticas Públicas da Bitso, comenta que a Bitso vem atuando ativamente junto ao ecossistema e autoridades locais e que estão travando esforços em conjunto para que seja uma política amigável à criptoeconomia.
“Temos acompanhado de perto o compromisso de entidades reguladoras autônomas como o Banco Central para fomentar a inovação e desenvolver o amplo potencial da criptoeconomia no país.”
Duque comenta que o Congresso está bem avançado na questão do Projeto de Lei, e por isso não é necessário ter receio de uma regulação coercitiva.
“Acreditamos, fortemente, que o parlamento deve aprová-lo ainda este ano, dado que o mercado tem debatido muito sobre a urgência de colocarmos em prática essa regulamentação para fomentar o crescimento do mercado cripto no Brasil, atrair investimentos e gerar mais empregos para o nosso país”, comenta.
Mineradora de Bitcoin (BTC) é a mais exigente e diz querer até Bitcoin como lastro
Para John Blount, CEO da FMI Minecraft Management, dado o posicionamento dos bancos e instituições financeiras que mostram um apoio ao universo cripto, a tendência é de que o novo governo siga apoiando.
“O Henrique Meirelles, que é um cara que vem apoiando o Lula desde o meio das eleições e deve também fazer parte do próximo governo, é conselheiro da Binance”, lembra.
Blount diz esperar que o ex-ministro da Fazenda auxilie na criação de uma regulamentação que seja efetivamente “pró-cripto” e não pese a mão em questões de identificação de clientes, requisitadas para as empresas do setor.
“[Espero que o Meirelles] não venha com exigências absurdas a respeito de KYC, mas que libere realmente a população para poder utilizar o cripto da maneira correta”, diz.
Blount também diz desejar a criação de mecanismos para que os bancos possam facilitar a custódia, e que “a moeda principal, que é o bitcoin, possa servir de lastro, por exemplo, com operações financeiras”.
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