Potencial retaliatório chinês às sanções de Biden e UE poderão entrar nos preços das commodities?
A fase 2 do acordo comercial entre Estados Unidos e China já parecia mais distante de ser negociada antes mesmo da recente reunião diplomática no Alasca. Agora, até a fase 1 entra no horizonte de potencial retrocesso, e os próximos passos de Pequim poderão chegar aos preços das commodities.
Calculadamente, o líder chinês Xi Jinping mandou retaliar a UE, mas deve estar avaliando como pode atingir os EUA se as sanções interferirem nos cortes de tarifas de seus produtos negociados pelo ex-presidente Donald Trump.
A retaliação mais à mão que o país asiático possui é contra as importações de produtos agropecuários americanos, acordados na fase 1, no início de 2020, e que ainda não atingiram o potencial, apesar da explosão dos embarques de soja, milho, trigo e carnes.
Mas as necessidades de abastecimento vão além da oferta brasileira, por exemplo, daí que os próximos eventos serão importantes para os operadores da Bolsa de Chicago.
Em 2020, a China comprou 60 milhões de toneladas de soja dos produtores americanos, quase 150% a mais sobre 2019.
Outro exemplo, pequeno se comparado aos embarques brasileiros, mas significativo em termos de crescimento, foi a carne bovina. Foram 30,9 mil toneladas, um avanço de 290%.
Dos US$ 200 bilhões em compras dos Estados Unidos, que agora o presidente Joe Biden coloca em xeque, US$ 12,5 bilhões seriam de compras chinesas do agronegócio no primeiro ano do acordo. Mais US$ 19,5 bilhões neste 2021.
Mesmo com as aquisições crescentes da China no mercado americano, o comércio com o Brasil também explodiu, a ponto de faltar soja até para as indústrias locais, que importaram mais.
E os preços subiram junto e chegaram à inflação.
Um pequeno corte que venha a ser retaliado por Jinping pode oferecer um suporte para as cotações acima das expectativas.
E ainda há as pendências sobre negociações envolvendo tecnologias e propriedade intelectual que o governo Biden faz coro ao seu antecessor, que se forem alvo de novas ações americanas incendiará mais o tabuleiro geopolítico com repercussões na economia.