Possibilidade de Fed mais agressivo impõe cautela; Brasília não ajuda Ibovespa
Os mercados entram em modo de proteção antes da reunião de política monetária do Fed na quarta-feira (26), que deve confirmar um aperto monetário, iniciando com uma elevação de juros em março, destacam as corretoras nesta segunda (24).
Há ainda quem fale em uma agressividade maior da autoridade monetária dos Estados Unidos, fator que se soma a uma pressão em Brasília por mais gastos em ano eleitoral.
O Ibovespa futuro caía 0,33% no início da manhã, seguindo os futuros das bolsas internacionais (EUA -0,3% e Europa -2%). Na China, o índice de Hang Seng recuou 1,2%, refletindo preocupações com o aumento no volume de casos diários de Covid-19.
Segundo o BB Investimentos, a perspectiva de um Fomc mais agressivo na retórica contra a inflação no curto prazo deve continuar pressionando as bolsas e as yields dos treasuries de mais longo prazo ao longo do dia, juntamente com o fortalecimento do dólar frente a maioria das divisas.
O banco ainda cita a busca por defesa diante das tensões geopolíticas (Rússia x Ucrânia) como fator de aversão ao risco.
A XP Investimentos diz que, com a decisão do Fed, os mercados estariam precificando quatro altas de juros nos EUA neste ano, mas a corretora comenta que alguns analistas já discutem uma normalização monetária ainda mais rápida.
“Vale lembrar que uma política monetária mais restritiva está normalmente associada a queda nos preços de ações e alta nos juros de títulos públicos”, afirma. “Além disso, outros bancos centrais se reúnem nesta semana para decidir sobre política monetária, inclusive no Canadá, Chile e Colômbia”.
Balanços no radar
A XP também destaca que, nesta semana, importantes empresas americanas devem divulgar seus resultados, incluindo IBM, Apple, Tesla e Microsoft.
Até o momento, das 64 empresas presentes no S&P 500 que reportaram, 77% vieram com lucros acima das expectativas do consenso, diz.
Orçamento e funcionalismo
O BB ainda chama a atenção para a sanção do Orçamento de 2022, publicada hoje, com questões relativas ao reajuste salarial para policiais.
“No mais, seguem no radar a pressão do funcionalismo público federal por reajustes salariais, a intenção do governo de enviar ao Congresso uma PEC para reduzir os preços dos combustíveis e de energia, a possível ampliação do programa Auxílio Brasil, afirma o banco.
A Rico destaca que o presidente Jair Bolsonaro vetou R$ 3,2 bilhões de gastos discricionários para recompor orçamento de gastos obrigatórios (principalmente folha de pagamento).
“Pelos cálculos do nosso time de economia, as despesas obrigatórias ficaram R$16 bilhões abaixo do necessário no orçamento aprovado, então o veto deveria ter sido maior”, diz. “De qualquer forma, isso é algo que o Poder Executivo poderia ajustar facilmente durante a execução orçamentária ao longo do ano”.